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Dasa vai do salto à derrocada após anunciar nova gigante de hospitais: o que explica?

"Compra no boato e venda no fato" e desafios no radar para desalavancagem foram vistos como fatores para diminuir o ímpeto das ações ao longo da sessão

Equipe InfoMoney

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Os investidores em ações da Dasa (DASA3) passaram por uma verdadeira montanha-russa de emoções na sessão desta sexta-feira (14), dia em que a companhia de saúde anunciou a assinatura do tão esperado acordo com a Amil para a fusão de seus hospitais.

As ações DASA3 iniciaram o dia com fortes ganhos, com os investidores animados com a notícia, que cria uma gigante no segmento de hospitais: na máxima do dia, os ativos chegaram a subir 12,55% (R$ 5,29). Contudo, os papéis foram progressivamente diminuindo os ganhos, chegaram a zerar a alta ainda durante a manhã, e fecharam com baixa de 10,21%, a R$ 4,22.

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Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, aponta alguns fatores para a virada das ações durante a sessão. Em primeiro lugar, está o tradicional movimento de “compra no boato, vende no fato”. As ações, desde o dia 23 de maio, quando surgiram os primeiros rumores da associação, até a sessão da véspera, saltaram 40%, o que levou os investidores a embolsarem os lucros com a notícia após um movimento de recuperação dos ativos. No mês, cabe ressaltar, as ações sobem mais de 20%, mas acumulam queda de 55% no acumulado do ano.

Em segundo lugar é a visão de que o processo de desalavancagem da Dasa, um dos principais trunfos da empresa com a operação, pode demorar para acontecer, ainda mais levando em conta o tamanho da transação. “A Dasa deve se beneficiar, mas essa redução de alavancagem não se dá do dia para noite, é bem demorada, e com a curva de juros lá em cima talvez a reestruturação demore um pouco mais. De qualquer forma, o movimento de mercado foi visto como positivo”, avalia.

A operação

Segundo fato relevante divulgado esta manhã pela empresa, Dasa e Amil terão, cada uma, 50% da Ímpar, joint venture que incluirá 11 hospitais da Amil e 14 hospitais da Dasa. A transação também inclui a transferência de R$ 3,85 bilhões em dívidas para a nova entidade. A Dasa não consolidará mais a Ímpar em cada linha de suas demonstrações financeiras, reconhecendo o investimento e o resultado pelo método de equivalência patrimonial.

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Além de estabelecer uma rede hospitalar maior em parceria com a Amil, a empresa também anunciou a intenção de potencialmente desinvestir nas atividades da Ímpar que estejam fora do escopo da operação. Essas atividades registraram um resultado operacional (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, ou Ebitda) estimado de R$ 310 milhões em 2023, o que deverá melhorar ainda mais a alavancagem financeira.

Após esta operação e a consequente redução da dívida líquida, a empresa iniciou um período de negociação de 60 dias para cálculo dos preços de emissão das ações para o aumento de capital através da capitalização do Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC).

“A entidade combinada irá operar 25 hospitais com 4,4 mil leitos, localizados principalmente na região Sudeste e no Distrito Federal do Brasil. A receita líquida combinada das operações envolvidas na transação totaliza R$ 9,9 bilhões em 2023 (R$ 5,7 bilhões dos ativos da Dasa e R$ 4,2 bilhões dos ativos da Amil), com Ebitda estimado de R$ 777 milhões (R$ 600 milhões dos ativos da Dasa e R$ 177 milhões de ativos da Amil). Isso posiciona a empresa como o segundo maior player do setor, embora ainda menor que a líder do setor, a Rede D’Or [RDOR3]”, destaca o Itaú BBA.

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A expectativa é que a Amil, com 3,2 milhões de beneficiários, tenha maior presença na rede hospitalar combinada, proporcionando maior volume ao novo player e maior poder de negociação com planos de saúde de terceiros, principalmente nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro.

O BBA também aponta que a transação é vista como um desenvolvimento positivo para o balanço da Dasa uma vez que, além de fortalecer o posicionamento da empresa no cenário da saúde, também vê que a lucratividade da Amil parece estar abaixo dos níveis ideais, deixando bastante espaço para a empresa melhorar suas margens e potencialmente aumentar os retornos no futuro.

Olhando para as concorrentes, o banco não vê esse movimento como algo que piore inicialmente o ambiente competitivo da Hapvida (HAPV3). “Observamos que a maioria dos hospitais sob esta nova joint venture tem um posicionamento mais premium e provavelmente uma estrutura de custos mais elevada do que uma rede hospitalar verticalmente integrada média. Em relação à Rede D’Or, vemos o seu alinhamento com a Bradesco Saúde e a integração natural com a SulAmérica como compensadores do risco potencial de distanciamento da Amil no seu relacionamento. Portanto, vemos este desenvolvimento como neutro tanto para a Hapvida quanto para Rede D’Or”, avalia o banco. A ação RDOR3 subiu 0,67% na sessão, enquanto HAPV3 teve alta de 0,27%.

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O BBA tem recomendação neutra para DASA3, com um valor justo para o ano de 2024 de R$ 8.