Maior expectativa sobre decisão de juros nos EUA está nas projeções, diz economista

Mediana dos dirigentes do Fed para a queda dos juros ainda em 2024 está no centro das atenções

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Dentro do comunicado do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) nesta quarta-feira (12) – com a decisão de juros nos Estados Unidos, que deverá trazer a manutenção da taxa no intervalo de 5,25% a 5,5% –, investidores ao redor do mundo estarão com seus olhares totalmente voltados a como seus 12 membros irão se posicionar com relação à taxa até o final do ano.

É que a cada três meses, os dirigentes do comitê apresentam suas projeções sobre inflação, atividade econômica, juros, entre outros índices. Na última vez isso que isso foi feito, em março, os membros de Federal Reserve (Fed) apostavam em três cortes na taxa ainda esse ano, algo já completamente descartado pelo mercado.

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Juros nos EUA: métricas com alívio

Alexandre Maluf, economista da XP, participou nesta quarta do Morning Call da XP e avalia que no último mês e meio nos Estados Unidos os dados deram certo alívio ao mercado, com revisão para baixo do PIB, com algumas métricas da indústria e comércio mostrando reversão ou arrefecimento.

“Porém, o mercado de trabalho tem vindo muito forte”, ressalta um ponto de preocupação, principalmente a partir do payroll, relatório de dados de emprego no país cuja última edição foi divulgada na sexta-feira (7).

Projeções ainda para 2024

Para o economista, o mais importante, no entanto, com relação à reunião do Fomc nesta quarta são as projeções de seus dirigentes.

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“Destacaria a mediana dos membros do Fed para as taxas de juros esse ano”, aponta ele, como o principal dado a ser divulgada após o encontro. “Existe uma expectativa do mercado se eles vão reduzir de 3 para 2 cortes esse ano ou de 3 para 1. Nosso cenário base prevê só um corte em dezembro”, afirmou.

IPCA de maio

Maluf também comentou sobre o IPCA divulgado nesta terça-feira (11), que teve variação mensal positiva de 0,46%.

“A leitura trouxe dois elementos bastante importantes. O primeiro é o efeito do Rio Grande do Sul”, aponta ele, sobre o resultado do IPCA do mês passado. Segundo o economista, os aumentos de preços registrados em alimentos no Estado, atingido pela tragédia climática. poderão ter efeito nacional em junho.

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Efeitos menores do RS

“Para o ano, os efeitos, porém, são menores do que os esperados quando a tragédia surgiu. O curto prazo vai ser pressionado por alimentação, mas boa parte dessas altas serão revertidas ao longo do ano”, avalia.

“A gente espera principalmente a partir de julho já alguma devolução em preços, principalmente no caso do arroz, por causa da produção bastante relevante no Rio Grande do Sul”, ressaltou.

Núcleo da inflação reverteu tendência

O economista mostrou mais preocupação com as expectativas de inflação, principalmente em 2025 e 2026, que, segundo ele, tem “subindo consistentemente” no Boletim Focus.

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“A gente vê incertezas fiscais se acumulando, desempenho do real bastante ruim. Todos esses elementos trazem incertezas para a condução da política monetária”, disse.

“Havia um argumento de alívio, que a inflação corrente se comportava de maneira benigna. No IPCA (de maio), não teve uma mudança estrutural que a gente enxerga para a dinâmica de inflação, porém algumas tendências se reverteram, principalmente quando se olha os núcleos de inflação, que é a métrica que exclui os itens mais voláteis”, explicou.

Selic mantida

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Por fim, ele trouxe a visão sobre os próximos passos da política monetária, só que aqui no Brasil.

“A gente registrou meses e meses de queda dessa métrica, mas voltou a acelerar. E serviços seguem naquele patamar próximo a 5%. Tudo isso reforça que para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na próxima semana, ele deve parar o ciclo de corte (de juros)”, complementou.