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No rebote dos resultados financeiros de 2023, anunciados no início do mês, o Grupo Boticário atualizou nesta quinta-feira (16) seus compromissos com a pauta ESG. A empresa já tem anotado avanços nas metas de sustentabilidade, cujos prazos vão até 2030, em alguns casos. Alguns dos resultados da meta, no entanto, lançam luz a uma dificuldade de empresas engajadas no tema: conciliar crescimento e compromisso ambiental.
Em 2023, o Grupo Boticário viu suas vendas totais baterem um recorde histórico de R$ 30,8 bilhões crescimento de 30,5% frente a 2022 e quase o dobro do registrado em 2021. O lucro líquido atribuído aos controladores foi de R$ 533,2 milhões. Três linhas das metas ambientais no grupo, no entanto, acabaram com uma queda nominal frente a esse cenário.
Houve um aumento das emissões totais de gases em 8%, nos compromissos para redução de 42% nas operações diretas e do uso de energia renovável em fábricas, centros de distribuição e varejo próprio até 2030. No escopo de redução de 17% em emissões por ações coordenadas com parceiros, o que adiciona complexidade em função da cadeia, houve na verdade um aumento de 29% nas emissões. O consumo de água aumentou em 10%, contra uma meta de redução de 25% do volume total.
O aumento no número de vendas acaba refletindo nos dados. Uma demanda maior exige mais gastos energéticos e de água na produção, além de aumento na distribuição, por exemplo. “Significa que meu negócio também cresce. A intensidade para se impor nas iniciativas a partir de agora vai ser muito maior”, diz Luis Meyer, diretor de ESG da companhia. Soma-se ainda uma espécie de crescimento inorgânico no escopo das iniciativas com a aquisição da Truss, pelo Grupo Boticário, em 2923. “Acaba que colocamos para dentro de um número base de 2022 todo um novo negócio, com distribuidores, fábricas.”
O Grupo Boticário faz uma revisão trienal dos seus compromissos sustentáveis. Boa parte das metas definidas, que envolvem também governança e social (o “s” e o “g” na sigla ESG) já foi parcialmente atingido, ainda que tenham prazo para 2030. As parciais contam de 2023 para as novas metas adicionadas e do prazo da sua criação, quando ela foi estabelecida anteriormente à última atualização. Os compromissos datam de 2020.
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ESG chegando ao cliente
O Grupo Boticário tem a pauta ESG como um esforço central da sua marca. O grupo foi o primeiro a emitir um título de dívida vinculado a metas sustentáveis, chamados sustainable-linked bond, em 2020, para uma captação de R$ 1 bilhão – valor equivalente a 25% do total de capital tomado à época. Em 2023, o grupo emitiu uma nova debênture do tipo, para captar R$ 2 bilhões. No Brasil, apenas 2% do mercado de crédito é atrelado a metas de sustentabilidade.
Mas para além do mercado de crédito, o terreno para levar as pautas ao consumidor ainda é árido. “ESG ainda não é um tema dominado por muitos, nós seguimos aprendendo. Sabemos que o mercado de consumo sofre para entender. As pessoas ainda não tomam decisões, em sua maioria, em função desses atributos”, diz Fabiana de Freitas, vice-presidente de Assuntos Corporativos do Grupo Boticário. Por se tratar de um assunto com tendência de ser muito fácil, ela avalia que um dos caminhos para ganhar espaço e engajamento é simplificar a forma de tratá-lo.