Petrobras: ações desabam e estatal perde R$ 35,5 bi de valor de mercado em uma sessão

Mudança repentina na gestão adiciona significativa incerteza ao caso de investimento da estatal e consequentemente aumenta seu risco

Equipe InfoMoney

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) registraram um dia de forte queda na Bolsa brasileira, já antecipada pelo movimento dos ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) após a repentina saída de Jean Paul Prates da presidência da estatal e a indicação da ex-ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) Magda Chambriard. A mudança em si não foi tão surpreendente, mas o momento da saída de Prates pegou os investidores de surpresa e levantou novamente os riscos de governança da estatal.

Na B3, após ficarem em leilão por mais de dez minutos, os papéis abriram em forte queda, chegando a uma baixa máxima de 9,57% para PETR3 e de 8,25% para PETR4. Com isso, a Petrobras chegou a perder mais de R$ 49,5 bilhões de valor de mercado, passando de R$ 548,5 bilhões do fechamento de ontem, para R$ 499 bilhões no pior momento da sessão desta quarta.

Os papéis amenizaram, mas ainda fecharam com perdas importantes, com as ações ON em queda de 6,78%, a R$ 40,02, enquanto PETR4 caiu 6,04%, a R$ 38,40. Assim, a perda de valor de mercado na sessão foi de R$ 35,5 bilhões, fechando o dia a R$ 512,96 bilhões.

A XP aponta que a mudança repentina na gestão adiciona significativa incerteza ao caso de investimento da estatal e consequentemente aumenta seu risco.

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Os analistas da casa lembram que vários veículos de comunicação noticiaram que o descontentamento político com a relativa independência da Petrobras do governo foi uma das principais motivações por trás da mudança de CEO.

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“Este contexto provavelmente levantará preocupações dos investidores minoritários sobre o possível risco de interferência do acionista majoritário (ou seja, o Governo) na gestão da empresa”, avalia a equipe de análise.

Os investidores estão particularmente preocupados com conflitos de interesse em temas como distribuição de dividendos, política de preços, planos de investimento, passivos fiscais contingentes e outros, citam os analistas.

“Embora não esperemos mudanças significativas nos dividendos e planos de capex a curto prazo, reconhecemos que a incerteza aumenta consideravelmente a percepção de risco”, apontaram em relatório antes da abertura do mercado, já prevendo assim reação negativa na sessão de negociação.

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O Bradesco BBI acredita que o mandato de Magda Chambriard será focado em usar a posição da Petrobras para desenvolver ainda mais a cadeia nacional de fornecimento de petróleo, possivelmente resultando em maiores investimentos para a Petrobras (potencialmente através da contratação de mais plataformas, navios de apoio, navios-tanque e navios de cabotagem), e fornecendo mais alívio de capital de giro para a indústria. O plano de investimentos da Petrobras poderia aumentar em tamanho e escopo, mas também é importante destacar que o investimento em navios de apoio não seria necessariamente feito pela Petrobras, e muito provavelmente será realizado por operadoras.

Em termos de política de preços e política de dividendos da Petrobras, o BBI não acredita que Magda Chambriard tentará alterá-las, pois geralmente são fontes de embate que podem potencialmente entrar em conflito com a Lei das Estatais do Brasil e/ou com acionistas minoritários e autoridades legais locais/internacionais (como a SEC).

O banco projetava já uma sessão de queda, mas avalia que, se o diagnóstico feito por eles estiver correto, as ações poderão se recuperar gradualmente, como em casos anteriores de momentos agitados para a Petrobras.