“Minha missão foi precocemente abreviada”, disse Prates sobre saída da Petrobras

Em mensagem a amigos obtida pela Reuters, Prates afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu seu cargo, acrescentando que deveria "nomear Magda"

Reuters

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RIO DE JANEIRO (Reuters) – O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, pediu nesta terça-feira para deixar a companhia, de acordo um comunicado da estatal, derrubando os papéis da petroleira no pós-mercado da bolsa de Nova York, em meio a riscos para a governança citados por analistas.

Em fato relevante posterior, a empresa afirmou que o Ministério de Minas e Energia manifestou a intenção de indicar Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), como substituta de Prates.

“A saída de Prates é uma deterioração da governança da Petrobras e um risco negativo para a tese de investimento”, afirmou o Citi em relatório, acrescentando que a nova presidente chega “pressionada para cumprir o plano de investimentos e acelerar a expansão do capex, o que pode impactar negativamente no pagamento de dividendos da empresa”.

O anúncio da mudança na presidência da empresa acontece um dia após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da Petrobras, cujo lucro caiu 38% na comparação anual, para 23,7 bilhões de reais. Antes, no entanto, já havia no governo descontentamento com os rumos da companhia e com a própria gestão de Prates.

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As notícias vieram após o presidente da Petrobras ter ficado ameaçado de demissão em algumas oportunidades, na mais recente delas depois de um embate público com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre os dividendos extraordinários, cuja proposta de pagamento referendada em assembleia de acionistas acabou ficando como o sugerido pela diretoria comandada por Prates.

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Prates, cuja gestão ainda não mexeu nos preços da gasolina e diesel neste ano — um tema sempre sensível –, também sofreu críticas e pressões públicas para que a Petrobras investisse mais em gás natural e acelerasse investimentos de interesse do governo, como o setor de fertilizantes e indústria naval.

Em mensagem a amigos obtida pela Reuters, Prates afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu seu cargo, acrescentando que deveria “nomear Magda”. Ele citou ainda que os ministros de Minas e Energia e da Casa Civil, Rui Costa, estavam satisfeitos com sua saída.

“Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração”, comentou.

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Além de Prates, fontes com conhecimento do assunto disseram mais cedo à Reuters que Lula planejava nomear Chambriard, ligada ao PT e ex-diretora-geral da ANP na gestão de Dilma Rousseff, para o cargo de presidente da estatal.

Os recibos de ações da Petrobras negociados em Nova York (ADRs) caíram mais de 6% nas negociações pós-mercado, diante das notícias da saída de Prates do comando da estatal.

A Petrobras informou ontem mais cedo que havia recebido na terça-feira solicitação de Prates para que o conselho de administração da estatal se reunisse para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como CEO. A reunião, que pode aprovar sua saída, está marcada para quarta-feira.

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Segundo comunicado da companhia, Prates informou que, se aprovado o encerramento do mandato no conselho, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do conselho de administração da Petrobras.

O Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia não comentaram o assunto imediatamente.