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Um dia depois de visitar o estado do Rio Grande do Sul, severamente castigado por enchentes e inundações que vêm deixando um rastro de destruição e dezenas de mortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a se solidarizar, nesta sexta-feira (3), com a população gaúcha.
Em uma cerimônia no Palácio do Planalto, ao lado do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, que cumpre agenda oficial no Brasil, Lula se referiu ao desastre climático no Rio Grande do Sul como “uma das maiores enchentes” de todos os tempos.
“As primeiras palavras do ministro Kishida na reunião que fizemos foi de solidariedade ao povo do estado do Rio Grande do Sul, que está sendo vítima de uma das maiores enchentes de que nós temos conhecimento. Nunca antes na história do Brasil tinha havido uma quantidade de chuva tão grande em um único local”, disse Lula.
“Eu estive em Porto Alegre ontem. A gente não conseguia enxergar um palmo à frente do nariz. Nós fomos prestar solidariedade e assumir o compromisso público de que o governo federal não deixará faltar nenhum apoio para recuperarmos o estrago que essa chuva está causando no estado”, reiterou o presidente da República.
Em sua fala inicial, Lula afirmou, ainda, que os governos de todo o mundo precisam tratar com seriedade o problema das mudanças climáticas. “O mundo está se dando conta de que ou a gente cuida do planeta, ou ele não cuida mais de nós. A discussão sobre aquecimento global é mais séria do que algo teórico.”
Tragédia no Rio Grande do Sul
Até a manhã desta sexta, de acordo com o boletim mais recente divulgado pelas autoridades gaúchas, 32 pessoas morreram no estado, 74 estão desaparecidas e outras 56 ficaram feridas. Segundo a Defesa Civil, 24,2 mil pessoas estão fora de suas casas: 7.165 pessoas em abrigos e 17.087 desalojados (na casa de familiares ou amigos).
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Até o momento, 235 dos 496 municípios do Rio Grande do Sul foram atingidos, de alguma forma, por impactos causados pelas chuvas, afetando 351,6 mil pessoas.
O transbordamento das águas do rio Guaíba já provoca alagamento em dezenas de vias, incluindo trechos da orla, na zona sul, e as avenidas Mauá e Conceição, no acesso à capital. A estação rodoviária de Porto Alegre está completamente alagada, e 95% das viagens foram canceladas.
Na manhã desta sexta-feira (3), o nível do Guaíba, na capital Porto Alegre (RS), superou a marca de 4,5 metros – e continua em elevação. Com isso, o Guaíba já se aproxima da marca histórica registrada na enchente de 1941 (4,75 metros). O rio vem subindo, em média, 8 centímetros por hora. A expectativa é a de que o nível de água alcance os 5 metros até o fim desta tarde, sacramentando o recorde histórico.
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Parceria Brasil-Japão
Além de prestar solidariedade ao povo gaúcho, Lula saudou a visita do premiê japonês ao Brasil e defendeu o incremento das parcerias comerciais entre os dois países.
“Os empresários japoneses, sobretudo aqueles que querem fazer investimento em novas tecnologias, devem saber que o Brasil é um país que oferece todas as possibilidades na construção dessas parcerias”, disse Lula.
“O Brasil não quer que o Japão veja o nosso país como menor, como um país pobre. O Japão tem de enxergar o Brasil do tamanho que ele tem: o Brasil é um país grande porque tem um povo extremamente trabalhador e generoso. É importante o Japão adotar o Brasil como parceiro preferencial e estratégico”, defendeu o presidente brasileiro.
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Em seu discurso, que antecedeu à fala de Lula, Fumio Kishida agradeceu pela hospitalidade dos brasileiros e afirmou que, “ao levar em consideração o potencial da cooperação entre os dois países, muitas iniciativas em várias áreas ainda podem ser esperadas”.
“Nossos países compartilham valores e princípios e são parceiros estratégicos globais não apenas para a cooperação econômica, mas em vários campos”, observou o primeiro-ministro japonês.
Na reunião privada entre Lula e Kishida, segundo informações do Palácio do Planalto, foram discutidos temas como a elevação dos fluxos de comércio de carne bovina e investimentos; a cooperação em iniciativas ambientais; parceria em transição energética; e iniciativas de combate à fome e à pobreza.
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Atualmente, o fluxo comercial entre Brasil e Japão é estimado em US$ 11 bilhões. Quarta maior economia do mundo, o Japão é um dos maiores investidores no país, com US$ 28,5 bilhões em estoque.
No ano passado, o Japão foi o segundo parceiro comercial do Brasil na Ásia e o 9º no mundo, com intercâmbio comercial de US$ 11,7 bilhões e superávit brasileiro de US$ 1,491 bilhão.
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