Após ostracismo, Lojas Renner (LREN3) ganha espaço nas recomendações de analistas

Melhora do braço financeiro deve impulsionar resultados da companhia em duas frentes, tanto do faturamento quanto nas menores provisões

Vitor Azevedo

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Após um tempo no ostracismo, com a C&A (CEAB3) despontando como favorita do mercado entre as varejistas brasileiras de moda fast fashion, a Lojas Renner (LREN3) parece ter voltado aos holofotes nas últimas semanas. Nos últimos dias, a companhia recebeu upgrades de dois bancos e ainda ficou entre as ações mais recomendadas para abril.

Na terça-feira (2), o Bank of America recomendou a compra das ações da Lojas Renner, saindo da posição de neutralidade. Fora isso, os analistas da instituição americana também aumentaram o preço-alvo para o papel de R$ 16,50 para R$ 21. 

Como principal justificativa para a mudança, o BofA menciona que a varejista está com uma nova equipe de crédito e que ela “parece estar fazendo progresso sólido em termos de melhor uso de dados, algoritmos mais ativos e voltados para o futuro”. Fora isso, a empresa, para os analistas, parece estar reativando seu núcleo de clientela de crédito.

Durante 2023 e boa parte de 2022, as varejistas de moda sofreram por conta dos seus braços de crédito. A Realize, da Lojas Renner, por exemplo, registrou prejuízos durante boa parte do ano, o que só mudou no último trimestre, quando seu resultado foi positivo em R$ 3,2 milhões – o que foi visto como um “momento de inflexão”.

As varejistas de moda focadas nas classes média e baixa, em momentos de juros mais altos, sofrem em duas frentes. Primeiramente, é normal os resultados serem deteriorados por provisões para devedores duvidosos (PDDs). Mas a baixa oferta de crédito também impacta negativamente o lado da receita, já que os clientes precisam de empréstimos para consumirem. 

Lojas Renner vê 2024 melhor

Em entrevista recente ao InfoMoney, que acompanhou o resultado do quarto trimestre, o CFO da Lojas Renner mencionou que a empresa espera que, em 2024, a Realize contribua mais para o varejo. “Nós vemos 2024 ainda como um ano desafiador no que desrespeito a crédito. Temos milhões de brasileiros ainda inadimplentes. No entanto, fizemos um bom trabalho de gestão de risco e, ao longo de 2024, vemos a possibilidade de retomar a originação de forma gradativa”, disse.

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E é por esse caminho que os analistas vão. O BofA diz que a varejista, após as mudanças aplicadas em 2023 em seu braço de crédito, está colhendo frutos. Os usuários do cartão, por exemplo, estão com tickets maiores e apresentando maior frequência de compras.

 

“Estima-se que os usuários do cartão Renner tenham valores de transação de 30-50% acima das médias gerais com uma frequência de uso muito maior. Erros de crédito relativamente recentes parecem ser em grande parte responsáveis pela fraqueza nas vendas das mesmas lojas. E, embora esperemos que considerações competitivas provavelmente limitem a penetração geral de crédito e a rentabilidade, também vemos uma melhora acentuada das perdas do vale de 2023”, mencionaram.

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Fora isso, o banco também justifica sua visão falando que as preocupações com as concorrentes internacionais – principalmente as chinesas – estão diminuindo, uma vez que dados já mostram o comércio transfronteiriço perdendo força. Isso se dá, provavelmente, em decorrência das mudanças recentes, como a aplicação do Remessa Conforme. 

Visão construtiva

O Goldman Sachs hoje, também em relatório, definiu que está com visão construtiva para a Lojas Renner pelos mesmos motivos. Apesar de ter se mantido neutro, o banco americano aumentou seu preço-alvo para a Renner em R$ 1, para R$ 19.

Os analistas da instituição enxergam que, ao longo de 2024, a empresa deve colocar sua política de crédito em posição expansionista, o que deve fornecer um impulso adicional às vendas. A C&A, eles lembram, para fins de comparação, teve uma posição expansionista de crédito em 2023, apesar de todo o cenário macro, com o C&A Pay e com a parceria com o Bradesco. 

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“Embora o tom da gestão tenha sugerido uma postura cautelosa em relação ao risco incremental (focando em vez disso na base de consumidores existente), após melhorias nos modelos internos de crédito e cobrança, acreditamos que o período de pico de emissão restrita agora está para trás”, fala o GS. 

LREN3 recomendada por analistas

Por fim, a Lojas Renner, de acordo com levantamento feito pelo InfoMoney, também entrou na lista de 10 empresas mais indicadas em abril, aparecendo em quatro carteiras.  “Entre os nomes de varejo, Renner continua sendo nossa escolha preferida”, diz o BTG Pactual, em relatório. A instituição afirma que a companhia segue bem posicionada para ganhar participação de mercado no fragmentado setor de varejo de vestuário no Brasil, apesar da desaceleração nas vendas nos últimos trimestres.

“Além de uma melhoria gradual na rentabilidade e na posição de caixa líquido, vemos o negócio de financiamento ao consumidor da LREN como um beneficiário de potenciais cortes nas taxas de juro, justificando a nossa classificação de compra”, fala o banco.

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A C&A também continua bem quista entre os investidores, mas por conta da alta recente, com um avanço de mais de 400% desde o início de 2023, analistas já mantêm uma posição de maior cautela. A Lojas Renner, desde o começo do ano passado, tem queda de mais de 10%.