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A 3R Petroleum colocou em modo de espera a avaliação que fazia sobre uma possível combinação de negócios com a PetroRecôncavo após receber uma nova oferta de fusão com outra petroleira independente, a Enauta. Mas a proposta inicial, feita pela sueca Maha Energy, acionista da 3R, tem grandes chances de ser retomada em um segundo momento – ao menos é o que afirma Décio Oddone, CEO da Enauta.
“A gente vê potencial para continuar as discussões com a PetroRecôncavo logo em seguida [ a uma eventual fusão com a 3R], para capturar essas sinergias operacionais que estavam sendo buscadas na transação proposta pela Maha”, afirmou Oddone ao IM Business. “E a gente vê oportunidade de fazer outras transações com outros ativos de outras companhias também”.
Em janeiro, a Maha Energy passou a deter 5% da 3R e sugeriu ao conselho de administração da petroleira um desmembramento de suas operações onshore (campos terrestres) para a incorporação pela PetroRecôncavo.
“A possibilidade de consolidação onshore é interessante e está contemplada nos planos futuros da companhia”, afirmou Oddone.
Questionada pelo IM Business sobre a continuidade de negociações com a PetroRecôncavo após uma possível fusão com a Enauta, a 3R preferiu não comentar.
A oferta da Enauta chegou ao conhecimento do mercado na noite de ontem (1) e é baseada em uma troca de ações. Na combinação dos negócios, a 3R ficaria com 53% da nova empresa e a Enauta, com 47%. A proponente calcula que a união resultaria em produção potencial de mais de 100 mil barris de óleo equivalente por dia, “com oportunidade de crescimento composto nos próximos cinco anos”. As reservas somariam mais de 770 milhões de barris.
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Diversificação e consolidação
A proposta de fusão com a 3R faz parte da estratégia de diversificação e consolidação da Enauta. A empresa, que abriu capital 2011, se apresenta como única petrolífera independente a tocar um projeto greenfield no país, o Campo de Atlanta, na Bacia de Santos. “Tínhamos um portfólio muito concentrado, no qual avançamos com sucesso. Vimos oportunidade de começar a diversificar”.
Em dezembro passado, a Enauta comprou a participação da Qatar Energy em campos de petróleo do Parque das Conchas, na Bacia de Campos. Dias antes, anunciou a aquisição de100% das concessões da Petrobras nos campos de Uruguá e Tambaú, na Bacia de Santos. A Enauta ainda não assumiu a propriedade dos ativos, já que ambos os negócios estão em fase de closing.
Oddone explicou que empresas que operam somente campos maduros têm dificuldades de crescer além do curto e médio prazos. “Por mais que se invista no aumento de produção desses campos, há declínio. Para entregar resultado e rentabilidade de forma sustentável no tempo, é preciso ter um portfólio balanceado. Nenhuma das empresas independentes tem essa característica, pois a grande maioria comprou campos maduros da Petrobras”.
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De acordo com o CEO, a Enauta identificou que a combinação com a 3R trazia a melhor combinação de portfólio entre as opções que estavam sendo estudadas. “O portfólio da Enauta complementa o da 3R e vice-versa. Além disso é equilibrado entre petróleo e gás, entre onshore e offshore“, afirma o executivo. “A importância disso está na resiliência aos ciclos de petróleo”.
Offshore x onshore
Nos projetos offshore, que têm longo prazo de maturação, o risco da oscilação do preço de petróleo é maior. No onshore, onde a Enauta inda não atua, a produtividade é menor, mas os projetos são de menor duração. “Os poços são mais baratos e produzem logo. A flexibilidade do onshore é muito maior. Essa combinação torna uma companhia muito mais resiliente”, diz Oddone.
Caso a combinação das empresas se confirme, o próximo passo vai ser selecionar os melhores projetos dos portfólios de cada uma para direcionar investimentos e capturar valor ao acionista da maneira mais rápida possível.
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A Enauta não dá números, mas afirma que a fusão tem sinergias relevantes que podem ser capturadas, sobretudo no que se refere a ponto de alocação e custo de capital. “A gente cria uma companhia com potencial consolidador muito grande”, diz o executivo.
Oddone também destaca a complementaridade do corpo técnico das empresas, a proximidade entre os ativos de ambas e os possíveis ganhos em estratégias comerciais.
“A nova companhia vai ter uma produção muito relevante de petróleo e pode se beneficiar de uma estratégia de comercialização conjunta”, explica.