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A Azul (AZUL4) divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2023 nesta quinta-feira (28), reportando um prejuízo líquido ajustado de R$ 270,6 milhões, explicado, sobretudo, pelo aumento de custo operacional dividido pelo CASK (assentos por km oferecidos pela companhia). Os papéis da companhia, por volta das 16h, caem mais de 7%, cotados a R$ 13,02.
O relatório da empresa apresentou também as orientações (guidance) para 2024, com projeção de crescimento de 11% para o CASK em 2024 e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA, na sigla em inglês) de R$ 6,5 bilhões.
Na teleconferência para comentar os resultados, a administração explicou que a companhia tem por hábito “prometer pouco e apresentar muito”.
“Nos estamos aumentando significantemente nossa capacidade. E devemos ter quedas no preço dos combustíveis em 2024. Isso deverá trazer melhoras na margem”, afirmou Alexandre Malfitani, CFO da Azul Linhas Aéreas.
Sobre o aumento de custo operacional, Malfitani destacou que o uso de pessoal próprio para alguns serviços, como manutenção, permite que mais aeronaves possam voar. A dinâmica positiva compensa o aumento na linha de salários.
Conversas com Governo Federal
“Estamos com conversas com o Governo, que tem citado entre R$ 6 a 8 bilhões em linha de crédito”, afirmou o CEO, John Rodgerson.
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A linha de crédito deve ser dividida entre as companhias áreas e ser fixa, de acordo com o executivo. Na teleconferência de resultados, Rodgerson afirmou que nunca houve esse tipo de incentivo para o setor aéreo e trata-se de uma oportunidade para que o Governo ajude o setor a crescer.
“As negociações estão indo na direção certa”, disse Rodgerson, sobre conversas com Governo. “Temos mantido um bom diálogo com o governo brasileiro. Eles foram muito receptivos com nossas preocupações. O governo tem trabalhado muito com as companhias aéreas”, afirmou.
O executivo ressaltou que ainda não há definição se a linha de crédito viria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou de bancos privados. “Estamos procurando alternativas para ter um ganha-ganha, até hoje foi só perde-perde”, disse o executivo.
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O CEO afirmou que as companhias aéreas foram chamadas individualmente para negociações e que, na semana que vem, estará em Brasília para reuniões sobre financiamento.
Dentre os pontos debatidos, estão o desenvolvimento do programa Voa Brasil, a eventual linha de crédito fixa e alguns questionamentos, como o preço dos combustíveis.
“Estamos fazendo questionamentos que nunca foram feitos. Por que o Brasil tem o querosene mais caro do mundo? É esse tipo de coisa que estamos questionando junto ao governo”, afirma Malfitani.
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Voa Brasil
“Estamos trabalhando a quatro mãos para ampliar a indústria”, afirmou o CEO. Na visão do executivo, o brasileiro ainda voa muito pouco quando comparado a outros países, como Chile e México.
Rodgerson considera que o brasileiro pode ser educado em relação à compra de passagens com antecedência, flexibilidade de datas para aquisição e escolha de destinos.
“Brasileiro voa muito pouco comparado com outros países, o Voa Brasil é uma coisa que pode ser feita para o Brasil crescer mais”, afirmou o CEO.
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Um dos pontos destacados pelo executivo é que soluções estão sendo estudadas para que outros brasileiros não “banquem” o programa.
“Estamos trabalhando em um projeto para o Brasil crescer de fato e mudar de patamar. Precisa ter mais capacidade e, para isso, são necessários endereçar novos fatores, como mais aeronaves”, diz.
Cenário do setor
Questionado sobre o mercado, CFO da companhia, Alexandre Malfitani afirmou que está vendo todas as empresas focadas em “maximizar resultados” e que é possível esperar um indicador de receita por passageiro (Rask) “positivo” na comparação anual e “mais alto” no segundo trimestre.
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“A indústria está fazendo as coisas certas do lado das tarifas, em minha opinião. Estou muito confortável com o cenário do setor no momento. Eu vejo a indústria focando onde cada um é mais forte e acredito que podemos ficar muito satisfeitos”, disse Malfitani.
Segundo ele, o segundo trimestre, sazonalmente o mais fraco para o setor no país, deste ano deve apresentar uma demanda mais forte que a esperada, em parte por efeitos de calendário, no mercado doméstico. No internacional, a expectativa é de estabilidade.
Compras da Embraer
A companhia aérea considera a Embraer (EMBR3) como a fornecedora melhor posicionada para entrega de aviões sem atrasos este ano, afirmou Malfitani. “Acreditamos que a Embraer está mais bem posicionada que outras fornecedoras para entregar aeronaves no prazo”, disse o executivo. “Estamos confortáveis com a Embraer, por enquanto, as entregas parecem em ordem.”, afirmou.
Segundo ele, a maior parte das entregas deve ocorrer a partir do segundo semestre, embora a empresa tenha colocado em operação três aviões da Embraer em janeiro. Na visão do executivo, as novas compras deverão impulsionar o crescimento em hubs que a Azul quer investir, como em Recife.
(Com Reuters)