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A Qualicorp (QUAL3) divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2023 na noite de ontem (21). Os números, de acordo com alguns analistas, vieram em linha com as expectativas. Para outros, os dados demonstram fraqueza e reforçam a ideia que, apesar de muitas mudanças, poucas melhorias aconteceram.
As ações da companhia, que apresentam perda de mais de 34% só em 2024, derrapam na sessão desta sexta-feira e fecharam o pregão com queda de 10,48%, a R$ 2,22. Apesar das expectativas para a companhia, que segue em processo de reestruturação, não serem muito otimistas, a falta de perspectiva de melhor momento (em especial, considerando o cenário do setor) pode ter desanimado investidores.
Dentre as análises que consideraram os dados como aquém do esperado, o Bradesco BBI liderou as impressões negativas. A análise considerou os números como fracos e abaixo das expectativas, destacando principalmente a redução da receita em 6% e a redução de 7% no trimestre anterior de vidas de afiliados. As principais métricas de desempenho, como adições brutas de clientes, caíram 15% em relação ao trimestre anterior (-38% em relação ao ano anterior), para 16 mil por mês. O banco mantém a classificação neutra para o nome, baseado na queda na linha superior e na visibilidade ainda baixa sobre a reversão do crescimento.
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O BTG Pactual, por sua vez, considerou os dados como fracos e comprometidos, ainda que tenham ficado pouco abaixo das estimativas. O destaque negativo ficou pela redução na base de membros do segmento de Afinidade (que encolheu 21% em 2023), de acordo com o banco. O dado impactou a receita líquida em 8,5% na comparação anual, para R$ 414 milhões. O balanço também foi poluído pela venda da QSaude, por R$ 16 milhões, que se somaram à R$ 31 milhões relacionados a Provisão de Despesas Administrativas (PDA) único. As melhorias ressaltadas pelo BTG foram a melhoria das margens Ebitda ajustado (na comparação anual) e a leve queda no endividamento líquido trimestral. O BTG recomenda o nome como neutro, com preço alvo em R$ 5,00.
A Genial destacou a redução de novas contratações, que não foram compensadas pela redução no nível de cancelamentos, e trouxeram adições líquidas negativas para a carteira de vidas da companhia. Com isso, a receita líquida foi impactada tanto na comparação anual quanto trimestral. A última linha do balanço foi diretamente impactada, como mencionado pelo BTG, pelos efeitos não recorrentes causados pela renegociação da QSaúde, aumento no provisionamento e perdas pontuais de migração de processos de faturamento. “Esses efeitos impactam diretamente a última linha do balanço, gerando um prejuízo líquido de R$ 57 milhões, um aumento do prejuízo em 8,6% na comparação trimestral”, explicou a Genial, que mantém cautela para o nome e o recomenda como neutro, com preço alvo de R$ 5,00.
O Itaú BBA não reagiu com surpresa em relação aos dados, os considerando “amplamente alinhados com o 4T23”. A receita líquida diminuiu 9% na comparação anual por trimestre de perdas líquidas e marcadas por menores adições brutas, segundo o banco. O cancelamento (churn) ser menor não foi o suficiente para equilibrar as reduções de adições. O BBA destaca, como positivo, que a companhia reportou um bom fluxo de caixa livre operacional de R$ 109 milhões no trimestre. O nome é classificado como market perform (performance de mercado, similar à neutro), com preço alvo estimado em R$ 7,00 pelo BBA.
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Menos PME, mais planos por adesão
Na teleconferência, o CEO da companhia, Maurício Lopes, destacou que o processo de reestruturação, enfrentado há mais de um ano, tem caminhado da forma esperada. “Todas as alavancas que temos que mexer para o turnaround estão sendo feitas”, afirmou. O executivo considera que o caixa cheio, dívida equacionada e melhores margens podem garantir que, na virada positiva do setor, a Qualicorp assuma o papel de protagonista.
A administração antecipa crescimento de produtos no portfólio que prevejam a co-participação e menores níveis de reembolso. Além disso, o executivo afirmou que tendência do mercado é de cancelamento de planos PME (pequena e média empresas) com 1 e 2 usuários, como já realizado por grande operadora do setor (não citada na teleconferência). Lopes mencionou expectativas de que outras operadoras também realizem esse tipo de movimento, destacando, contudo, a importância da existência de planos por adesão.
De acordo com o executivo, as conversas com operadoras para mudanças nesse sentido tem caminhado de forma positiva e que a tentativa é de garantir a melhor opção para o beneficiário. Mesmo com cenário complexo e incerto no varejo, o CEO garantiu que a demanda nesse segmento sempre existirá e que deverá ser suprida.
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“O que temos que avaliar é que os players mais tradicionais está mais restritivos e os players mais novos estão mais agressivos”, pondera, citando, por exemplo, a oferta de planos para idosos. Para a manutenção da saúde do setor como um todo, Lopes destacou a necessidade de proteção da mutualidade, exemplificando com a importância da carência para usuários com questões de saúde que façam jus à sua aplicação.
O executivo mencionou, também, que o pagamento de dividendos deve acontecer apenas em 2025, em razão do prejuízo atualmente observado. “Para 2023, a gente vê uma companhia que gerou um prejuízo contábil e não teremos provisão de dividendos para 2024”, afirma o CEO. A partir de 2025, empresa deve retomar o pagamento de dividendos. “Acontecerá quando entendermos que a companhia está em um patamar de estrutura sustentável para médio e longo prazo”, acrescenta.
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