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Caros leitores, digníssimas leitoras,
Eis que o glorioso mercado automotivo veio com uma clássica luva de pelica para dar na cara do governo!
Há uns três meses, o glorioso (des)governo federal decidiu voltar (gradativamente) com o singelo imposto de importação – 35% – sobre os veículos híbridos/elétricos importados.
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Na verdade, segundo o (des)governo, a ideia era estimular o desenvolvimento de veículos eletrificados, como se a concorrência não fosse um dos principais meios para fazer a indústria crescer.
Enfim, apesar de a medida (claramente) ser uma grande barreira de entrada para novas marcas, parece que o mercado deu de ombros para ela!
No ano passado, a participação do mercado de carros eletrificados teve um aumento de 65%. Encerramos o ano de 2023 com participação de 4,16%. No ano de 2022, esse percentual era de 2,51%.
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A previsão para este ano é que o mercado de carros eletrificados represente mais de 9% do total de carros vendidos. Já neste primeiro mês do ano, esse número chegou próximo dos 8%.
A projeção para a venda de carros elétricos/híbridos neste ano ficou em 225 mil veículos, um aumento de 148% sobre o ano de 2022, quando vendemos quase 91 mil veículos.
O grande ponto é que as marcas chinesas gigantescas dobraram a aposta. E aqui estamos falando claramente do desempenho que a BYD e a GMW apresentaram no ano passado e já estão realizando neste ano (fora as outras que estão “ciscando” para chegar).
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As duas marcas combinadas já possuem 4,1% do mercado de veículos.
Hoje, a BYD já é a décima marca mais vendida no Brasil, com uma probabilidade imensa de se tornar a nona marca mais vendida – ultrapassando a Honda, ainda mais quando o carro de entrada da marca chegar no preço “arrasa quarteirão”, como eles vem anunciando.
Mas temos que fazer uma ressalva… quando falamos de carros eletrificados (como no ano de 2023, por exemplo), mais de 80% são de veículos híbridos. O carro 100% elétrico correspondeu no ano passado por 0,8% das vendas.
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O mercado de carros elétricos, na visão deste vil estagiário, ainda deve demorar mais alguns ciclos até deslanchar.
No mercado automotivo americano e europeu, existe um movimento pelos elos da cadeia (indústria-concessionária-infraestrutura) para tirar um pouco o pé do acelerador na demanda de carros 100% elétricos. Lá, eles estão debatendo se existe a necessidade de eliminar o carro com motor à combustão de vez no pequeno prazo exigido.
O conceito a que se chega (principalmente no mercado americano) é que “um bom veículo híbrido” é melhor que um 100% elétrico.
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Quem acompanha as mídias sociais já deve ter visto inúmeros vídeos nos quais os consumidores fazem filas homéricas para carregar o seu veículo; brigas para acessar o terminal; geradores a diesel para gerar energia de carregamento; e algumas cidades da Europa já estão proibindo residências (prédios) mais antigos de instalarem pontos de carregamento, devido à dificuldade (segurança) de colocar a infraestrutura correta.
Mas, voltando à nossa epopeia.
O mercado de carros eletrificados no Brasil mudou e já virou realidade. Estamos vivendo uma terceira onda/ciclo no mercado automotivo.
A primeira foi quando tivemos a chegada das “newcomers”, que entraram no mercado no início dos anos 1990. Antes, tínhamos apenas quatro marcas (VW-Fiat-Ford-GM) e, com a “abertura dos portos” pelo presidente Collor, tivemos a entrada de diversas marcas como Renault, Peugeot, Toyota (não, não consideramos a operação do Toyota Bandeirantes como válida), por exemplo.
Já em meados do ano 2000, tivemos a nossa segunda onda, com a entrada de outras marcas como, por exemplo, Hyundai e diversas importadoras que se consolidaram no mercado brasileiro.
Esta terceira onda (mesmo com o tarifaço do governo) não tem mais volta. O estrago está sendo feito nas montadoras que aqui já estavam instaladas.
Exemplos?
Devido ao efeito BYD/GWM, diversas montadoras derrubaram o preço dos seus veículos.
O Renault Kwid elétrico foi lançado ao preço de R$ 143 mil. Hoje, está em quase R$ 100 mil. O Peugeot 2008 elétrico foi lançado em novembro de 2022 por quase R$ 260 mil – hoje, ele é vendido com desconto de R$ 100 mil sobre o preço de lançamento. E assim ocorreu com diversos modelos elétricos/híbridos.
A concorrência fez o preço ser derrubado… imagine se o governo não tivesse elevado o imposto para ajudar as montadoras daqui.
Você pode apontar para mim e dizer que as montadoras já anunciaram a intenção de investir no setor mais de R$ 40 bilhões. O que é uma quantia considerável de investimento.
Do montante anunciado, somente BYD e GWM estão com investimentos para o surgimento de novos polos fabris (ou seja, dinheiro novo entrado no país). As demais irão adequar o seu atual parque para manter a competitividade de seus produtos e o nível de emprego (?). Elas trabalharão com recursos próprios (??) ou então socorrerão a empréstimos bancários. Ou vai rolar aquele “paitronicinio” via BNDES. Por fim, ainda temos o programa MOVER do (des)governo federal, no qual poderão se creditar de parte do IPI (pago agora e depois devolvo lá na frente).
Todo investimento é bem-vindo! Mas anunciar sem detalhar efetivamente o projeto e/ou dizer efetivamente o que vai fazer, ou anunciar usando dinheiro do governo e/ou crédito tributário… aí já é outra história.
É anúncio “para inglês ver”!
Fazendo uma analogia com o nosso esporte bretão, aqui em terras tupiniquins já tivemos: o anúncio do Drogba para jogar no Corinthians; do Anelka no Galo mineiro; o Balotelli ia parar no Flamengo; o Yayá Touré no Botafogo; e poderíamos listar mais uma meia dúzia de anúncios feitos. E vimos o que aconteceu, não vimos?
Enfim, prevejo para o setor alguns Drogbas, Anelkas e Balotellis aparecendo…
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