A Revolta de Atlas no Brasil

Ariel Mehler é graduado em engenharia de produção pelo Instituto Mauá de Tecnologia, pós-graduado pela FGV MBA com foco em finanças e diretor industrial da Adatex S.A.

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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O Romance ficção da escritora Ayn Rand, A revolta de Atlas, mostra o esforço de poucos para sustentar muitos. Meritocracia, esforço e a libertação pelo trabalho árduo e honesto são algumas qualidades apresentadas pela autora.

A história se passa em um Estados Unidos onde uma grande quantidade de industriais bem sucedidos resolve abandonar suas fortunas e a própria nação em resposta às agressivas regulações do Governo, taxando cidadãos produtivos, empresas e realizações individuais.

Dagny Tagart, principal personagem do livro, é um desses industriais que lutam contra essa postura pregada pelos que regem o país e, consequentemente, condenam a maioria da sociedade a agir da mesma maneira.

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Enquanto aplica todo o seu talento e trabalho árduo para manter a sua empresa funcionando, o governo muda constantemente as regras de maneira a dificultar a sua operação tentando impor, cada vez mais controles sobre a sociedade por meio de medidas populistas.

Constantemente questionada, Dagny não tem vergonha de mostrar que é melhor do que os outros e quer trabalhar independentemente das adversidades: ela é uma exceção. A maioria dos criadores de valor e empregos se rebela, desaparece sem deixar pistas e abandonam seus negócios e trabalhos.

O país, ao perder seus talentos, é levado à beira do abismo. Paralelamente a inveja sobre os meritocráticos aumenta vertiginosamente até o ponto em que a economia colapsa e cai em um caos sem solução.

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Dagny então empreende uma jornada até encontrar uma sociedade secreta na qual os talentos (empresários e industriais), supostamente desaparecidos,  se organizaram para viver tranquilamente e sem medo da inveja. Um lugar onde a meritocracia é mandatória e o sucesso obtido pelo trabalho é louvado (e não invejado).

Talvez a frase mais famosa da autora e que resume a sua obra, A revolta de Atlas, seja:

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”

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O Brasil contemporâneo se encaixa perfeitamente nessa frase. São pontos fortemente presentes na vida dos brasileiros: o aparelhamento dos órgãos públicos nos três poderes, a criação de grandes grupos econômicos “campeões” do governo, corrupção sistêmica, a visão do lucro como algo pecaminoso e a percepção de que o empresário honesto, criador de empregos, é um vilão explorador

A legislação tributária complicada incentiva um mercado de autuações e a legislação trabalhista desatualizada, datada da década de 30 que criou um país com o maior número de causas trabalhistas do mundo, são algumas das barreiras enfrentadas pelos reais heróis desse país, os empresários honestos.

Enquanto esses heróis lutam para manter os seus negócios, outros se valem do sucesso por meio da corrupção, distorcendo o mercado. Grandes monopólios foram formados com troca de “favores” e muitos ficaram ricos por suas relações

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Atualmente o país se encontra imobilizado e, por isso, muitas empresas não conseguiram sobreviver a esse ambiente hostil e fecharam, a taxa de desemprego continua crescendo e, quando aparentemente as coisas começam a melhorar, percebe-se que a tempestade ainda não passou. Aqueles que podem migram para outros países os quais não possuem essas características insalubres.

Ao contrário do que acontece no livro o país parece reagir aos corruptos e corruptores porém, esses, por sua vez, começam a se movimentar para se proteger.

Os que legislam deverão aprovar leis que possam punir os criminosos que levaram o país a essa condição mas muitos dos legisladores são os próprios criminosos.

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Em paralelo a população percebeu a queda nos postos de trabalho e a alta do desemprego. Esse choque os fez entender que o criminoso não é o empresário pois ele cria empregos e condições que faz a roda girar.

Ainda teremos um grande caminho pela frente e não se sabe quando será o fim e como estaremos quando tudo terminar. Enquanto isso nos resta perguntar se esse é o ponto de inflexão. O nosso atlas finalmente se revoltará e se levantará de seu berço esplêndido?

Ariel Mehler é graduado em engenharia de produção pelo Instituto Mauá de Tecnologia, pós-graduado pela FGV MBA com foco em finanças e diretor industrial da Adatex S.A.

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