Fazenda trabalha com ‘PIB potencial’ entre 2% e 2,5%, diz secretário de política econômica

Diagnóstico aponta para um cenário de crescimento econômico e fortalecimento do mercado de trabalho sem que isso possa travar ciclo de corte de juros

Equipe InfoMoney

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello (Foto: EDU ANDRADE/Ascom/MF)
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello (Foto: EDU ANDRADE/Ascom/MF)

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O Ministério da Fazenda avalia que o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil — a capacidade de o país crescer sem gerar desequilíbrios, como inflação — oscila na faixa entre 2% e 2,5%.

O diagnóstico da Fazenda é, portanto, de um cenário com espaço para crescimento econômico e fortalecimento do mercado de trabalho sem que isso possa representar uma trava no ciclo de corte de juros conduzido atualmente pelo Banco Central (desde agosto, a autoridade monetária já reduziu a Selic de 13,75% para 11,25% ao ano).

“A gente já provou nos últimos anos que pode crescer acima de 2%, 2,5%, sem gerar pressão inflacionária”, afirma Guilherme Mello, secretário de política econômica da pasta. “Você ainda vê muita ociosidade, seja no mercado de trabalho, seja na estrutura produtiva. Tem possibilidade de ocupar isso e crescer sem gerar pressão inflacionária”.

Mas essa visão da Fazenda não é consenso. Um grupo de analistas, mais preocupado com números recentes da inflação, avalia que a alta de preços do setor de serviços deve começar a refletir a situação de baixo desemprego — o que pode, no limite, colocar um freio no ciclo de afrouxamento monetário do BC. Atualmente, a expectativa do mercado é que a Selic deve cair até chegar perto dos 9%´ao ano.

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PIB e inflação

Para 2024, a Secretaria de Política Econômica (SPE) projeta um crescimento do PIB de 2,2%. O número está acima da mediana do mercado, que está em 1,6% segundo o último relatório Focus, do BC. Alguns economistas, no entanto, já estão elevando essa previsão para a casa de 2%. Para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão da SPE também é mais benigna (3,55%, contra 3,82% do Focys).

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Mello minimizou o IPCA de janeiro, que subiu 0,42% no mês passado e ficou acima do esperado. “Do ponto de vista dos serviços, janeiro teve uma leitura [do IPCA] um pouco acima da expectativa”, diz Mello. “Mas tem a ver com reajuste de contratos, algumas outras inércias inflacionárias. Claro que a gente acompanha, assim como o Banco Central, mas tem de ter uma visão mais abrangente.”

Com o crescimento econômico surpreendendo nos últimos anos, o debate sobre o tamanho do PIB potencial do Brasil passou a fazer parte entre os economistas do setor privado. Uma parte diz que o país conseguiu ampliar a sua capacidade de crescimento sem gerar desequilíbrios por causa das reformas que foram feitas nos últimos anos.

“Eu trabalho com a hipótese de que a taxa de crescimento do PIB potencial nunca foi tão baixa como o mercado achou que era, de 1% ou 1,5%”, afirma Mello. Ele também ressalta a mudança enfrentada pela estrutura do setor de serviços com a pandemia de Covid-19. “É um setor que mudou muito. Há uma oferta diferente. São vários os fatores que podem explicar porquê o Brasil pode crescer mais sem gerar pressão inflacionária”.

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(Com Estadão Conteúdo)