“Liberado” por Bolsonaro, prefeito de São Paulo diz que deve ir a ato na Paulista

Ex-presidente disse a Ricardo Nunes (MDB) que ele não precisa ir; aliados temem que o pré-candidato à reeleição seja vaiado

Fábio Matos

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição (Foto: Reprodução/Facebook)
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição (Foto: Reprodução/Facebook)

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Em busca do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições municipais deste ano, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), indicou que deve participar do ato em apoio ao ex-presidente, programado para o dia 25, na Avenida Paulista.

Pré-candidato à reeleição, Nunes ainda não havia se manifestado sobre sua eventual presença no evento. Durante cerimônia de entrega de moradias na zona sul da capital nesta sexta-feira (16), o prefeito disse que tem uma dívida de “gratidão” com Bolsonaro. “Devo comparecer. A gente tem uma gratidão muito grande ao presidente Jair Bolsonaro”, afirmou Nunes, citando as negociações entre a prefeitura e o governo do ex-presidente envolvendo a disputa pelo aeroporto do Campo de Marte.

O prefeito também destacou o provável apoio de Bolsonaro à sua candidatura, pois seu principal adversário deve ser o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e hoje aparece na liderança das pesquisas de intenção de voto. “[Bolsonaro] deve me apoiar. Portanto, evidentemente, eu preciso ser solidário e parceiro”.

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Nunes também citou sua proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – que foi o primeiro a confirmar presença na manifestação. “A minha amizade com Tarcísio é importante. A tendência é que eu vá. Inclusive, se ele me der carona no carro…”, brincou o prefeito.

“A praça é do povo e o céu é do condor. Tem gente que defende a democracia, mas só se gostar do que ele gosta, se defender o que ele defende. A verdadeira democracia é ampla. Algumas pessoas parecem querer transformar um ato que é da democracia em algo que não seja”, filosofou Nunes.

Nesta semana, em conversa por telefone, Bolsonaro “liberou” o prefeito de São Paulo de comparecer à manifestação. Aliados de Nunes o aconselharam a não ir ao ato, para evitar o risco de ele ser vaiado por apoiadores do ex-presidente.

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Além de Nunes e Tarcísio, outras lideranças políticas devem comparecer no dia 25, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e alguns alvos de recentes operações da Polícia Federal (PF), como os deputados federais Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, anunciou o aluguel de um trio elétrico para o ato.

Manifestação pró-Bolsonaro

Bolsonaro divulgou um vídeo nas redes sociais convocando a manifestação na Paulista. A intenção do ex-presidente é usar o ato para se defender das suspeitas de que teria orquestrado uma tentativa de golpe de Estado, em 2022, antes e depois ser derrotado nas eleições presidenciais. O ex-presidente foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF na semana passada.

“Olá, amigos de todo o Brasil, em especial em São Paulo. No último domingo de fevereiro, dia 25, às três da tarde, estarei na Paulista, realizando um ato pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito”, afirma Bolsonaro no vídeo publicado em suas redes sociais. “Peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo e, mais que isso, que não compareçam com qualquer faixa e cartaz contra quem quer que seja”.

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O ex-presidente diz que pretende se defender “de todas as acusações que têm sido imputadas [a mim]”. “Mais do que discursos, uma fotografia de todos vocês, pois vocês são as pessoas mais importantes desse evento. Para mostrar para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações, o que nós queremos”.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”