Será que um bitcoin pode valer US$ 1.000.000?

Não, não se trata de uma previsão. Em realidade, essa é uma análise interessante entre a base monetária de diversas moedas nacionais, a base monetária do ouro e a base monetária do bitcoin.

Fernando Ulrich

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Não, não se trata de uma previsão. Em realidade, essa é uma análise interessante entre a base monetária de diversas moedas nacionais, a base monetária do ouro e a base monetária do bitcoin.

O estudo foi feito por Matthew Mezinskis, meu colega de podcast no CryptoVoices, que buscou compilar os dados de base monetária das 31 maiores economias do planeta, as quais correspondem a mais de 90% do PIB mundial.

Por que a comparação entre base monetária e não outro agregado monetário como o M1? Simplesmente porque M1 considera não apenas parte da base monetária, como papel-moeda emitido, mas também depósitos à vista dos bancos comerciais.

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Depósitos são passivos, promessas de pagamento, obrigações de entregar ao cliente o papel-moeda (a base monetária), o qual é o ativo final de liquidação nas economias modernas.

Nesse sentido, a comparação mais apropriada com ouro e bitcoin é justamente a base monetária das moedas fiduciárias. Tanto o metal precioso quanto à criptomoeda são ativos finais, não são promessa de pagamento de nada, são o bem em si mesmos.

Feito esse intróito, quais são os principais insights do estudo realizado por Mezinskis?

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Começando a análise a partir de 1969 — ano próximo ao colapso de Bretton Woods e do início da era de papel-moeda inconversível –, Mezinskis mostra que a inflação da base monetária das moedas nacionais é incrivelmente superior que a do ouro e a (futura) do bitcoin.

Para deixar claro, a inflação abordada aqui se refere ao aumento da quantidade da base monetária e não às oscilações de índices de preços.

Como pode ser visto nos gráficos abaixo, enquanto a oferta do ouro aumenta a uma taxa anual de menos de 1,8%, a inflação das moedas nacionais se situa ao redor de 13%.

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Sem dúvida alguma, quanto mais aumenta a quantidade de moeda na economia, menor tende a ser o seu poder de compra. Dito de outra forma, os preços dos bens e serviços tendem a aumentar. Mas não há uma relação nem matemática nem constante entre a inflação de oferta de moeda e o seu impacto do poder de compra.

Por fim, uma análise interessante do estudo realizado é o preço do ouro e do bitcoin se toda a base monetária fosse dividida pela oferta de ouro e de bitcoin. Considerando o total de quase US$ 20 trilhões e um total de 5,9 bilhões de onças troy de ouro circulando na terra, isso daria um preço “potencial” de US$ 4,6 mil por onça de ouro.

Aplicando o mesmo cálculo ao bitcoin, US$ 20 trilhões de base monetária mundial divididos pelos mais de 17 milhões da criptomoeda em circulação, chegaríamos a um preço de US$ 1,2 milhão.

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Reforço o alerta inicial: essa análise não se trata de nenhuma espécie de previsão. Primeiro porque usamos uma premissa altamente questionável de que, se toda a base monetária mundial “migrasse” para esses ativos, ou pensando de outra forma, se as moedas nacionais, por exemplo, retornassem a ser lastreadas pelo ouro (ou bitcoin), o câmbio do metal (ou do bitcoin) “deveria” situar-se nesse patamar.

Segundo, por mais que essa teoria se verificasse na prática, os impactos nos preços não guardam uma relação matemática. A economia real é muito mais complexa do que simples modelos ou fórmulas.

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Enfim, apesar das ressalvas, o estudo é deveras interessante e útil.

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Fernando Ulrich

Fernando Ulrich é Analista-chefe da XDEX, mestre em Economia pela URJC de Madri, com passagem por multinacionais, como o grupo ThyssenKrupp, e instituições financeiras, como o Banco Indusval & Partners. É autor do livro “Bitcoin – a Moeda na Era Digital” e Conselheiro do Instituto Mises Brasil