Problemas na Gestão do Tempo

É quase uma unanimidade a queixa de que o tempo está passando cada vez mais rapidamente e de que, por causa disso, estamos perdendo ou diminuindo o usufruto daqueles momentos mais prazerosos e obrigatórios, como o convívio com a família, o lazer individual ou compartilhado com os filhos e o cultivo das boas amizades.

Rubens Menin

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É quase uma unanimidade a queixa de que o tempo está passando cada vez mais rapidamente e de que, por causa disso, estamos perdendo ou diminuindo o usufruto daqueles momentos mais prazerosos e obrigatórios, como o convívio com a família, o lazer individual ou compartilhado com os filhos e o cultivo das boas amizades.
Muitas causas são apontadas junto com essa queixa, incluindo, por exemplo, o número exagerado de mensagens eletrônicas a ler ou a responder (com pouca ou nenhuma utilidade), a quantidade de telefonemas que nos assolam (especialmente com ofertas de telemarketing), a quantidade de pedidos de reunião ou de consulta (a maior parte das quais, absolutamente desnecessária), etc.  Essas são coisas que podem, realmente, roubar muito do nosso tempo, se deixarmos. Mas, com alguma disciplina e método, podemos domar esses vilões e gerenciarmos o nosso tempo pessoal em favor do nosso próprio benefício. Algumas ferramentas simples de planejamento podem ser muito eficientes nesse aspecto, produzindo grandes resultados e colaborando para a conquista do objetivo maior: aplicar o nosso tempo nas várias funções que estabelecemos como necessárias, úteis, prioritárias ou prazerosas e alcançar um nível saudável de equilíbrio nas parcelas dedicadas ao trabalho, ao lazer, ao divertimento e ao convívio com a família e com os amigos. Tudo isso, sem que sejamos dominados pelo sentimento de culpa quando, segundo o nosso planejamento, deixamos de nos matar no trabalho ou em outras atividades dispensáveis, improdutivas ou desconfortáveis. 
No entanto, existe um monte de outros vilões que roubam o nosso tempo e que não conseguimos domar ou controlar individualmente. São coisas que escapam do nosso controle pessoal e que só podem ser alteradas em ações coletivas, coordenadas e amplas. Refiro-me, por exemplo, à questão da mobilidade urbana, principalmente nas grandes cidades. Quanto tempo passamos no trânsito difícil, quando nos deslocamos de casa para o trabalho? O tempo a mais gasto nesse sofrido percurso, acaba sendo roubado dos nossos momentos de lazer, diversão ou convívio familiar. Mas, ninguém, isoladamente, consegue melhorar a nossa infraestrutura viária ou de transporte. Isso é, antes de mais nada, um dever do Estado, para cuja viabilização seria necessária uma mudança de prioridades na gestão pública.
 
Quanto tempo perdemos em filas intermináveis, muitas vezes formadas para que cada cidadão cumpra uma exigência ou formalidade descabida? Mais uma vez, é um tempo que não conseguimos administrar pessoalmente e que acaba sendo roubado das atividades que, de fato, seriam importantes para nós mesmos. Também no caso deste exemplo, nenhum cidadão consegue, isoladamente, modificar o ambiente extremamente burocrático que se instalou no país e que é a causa direta, não só da formação das filas imensas e desconfortáveis, como também, e principalmente, da obrigação do atendimento de formalidades e exigências desnecessárias ou descabidas. Para tanto, seria necessária uma mobilização coletiva em favor da adoção de um modelo mais racional e eficiente de gestão pública.
 
Quero encerrar esse tópico com a abordagem de outro fator importante: a relação entre eficiência e tempo de trabalho. Em geral, os brasileiros trabalham muito, gerando estresse e comprometimento de muitas das suas horas diárias. Mas, infelizmente, apesar de trabalharmos muito, produzimos pouco. A nossa eficiência geral é muito baixa em quase todos os setores econômicos. Para mudarmos a nossa produtividade (fazendo mais em menos tempo) precisamos de muito investimento em tecnologia (processos mais avançados,  mais e melhores equipamentos, etc.) e em facilidades (transporte, energia, comunicações, etc.). Essa também é uma questão que exige mudanças de prioridades e de diretrizes da estrutura pública de comando. Mas, se quisermos alcançar um estilo de vida mais saudável, com mais prosperidade, segurança e conforto – e com muito mais resultado – é nessa direção que temos que concentrar os nossos esforços coletivos. E ganharmos tempo!