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No bairro do Morumbi, na zona Sul de São Paulo, operários e máquinas trabalham a todo vapor para entregar, ainda em 2024, as primeiras torres do Parque Global, complexo imobiliário do Grupo Bueno Netto que está sendo erguido em uma área de mais de 200 mil metros quadrados. O projeto, lançado em 2013, ficou embargado por mais de cinco anos por questões ambientais e sua construção foi retomada em 2020. No ano passado, o empreendimento de alto padrão atingiu R$ 2 bilhões em vendas, impulsionando o faturamento da Benx — a incorporadora da Bueno Netto desenvolve o projeto junto com o Related Group, de Jorge Pérez, o “rei dos condomínios de Miami”.
Em 2023, a Benx registrou R$ 1,5 bilhão em vendas, impulsionadas pelo Parque Global. A expectativa é que a cifra ultrapasse os R$ 2 bilhões este ano.
O mega empreendimento é um investimento pessoal de Adalberto Bueno Netto, que adiou sua “aposentadoria” em função do atraso na execução da empreitada. O empresário, fundador do conglomerado que leva o seu sobrenome, é presidente do conselho de administração das empresas do Grupo Bueno Netto: Benx, BN Engenharia, responsável pela construção do Parque Global, e a BN Infraestrutura.
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“Eu já tinha a intenção de me afastar do dia a dia das empresas, com a meta de sair aos 70 anos. Recentemente fiz 74 e ainda não saí porque tivemos esse grande contratempo no Parque Global, que foi a paralisação do projeto em 2014, uma ‘fatalidade’ jurídica”, disse o empresário em entrevista ao podcast Do Zero Ao Topo. “Eu estou saindo dessas empresas provavelmente até o final do ano, da participação acionária”. O empresário deve continuar com assento no conselho do grupo e vai se dedicar a um family office, que vai gerenciar os bens da família, e à filantropia.
Filho de um advogado que era dono de cartório, Adalberto, nascido na capital paulista, se interessou por arquitetura aos oito anos, quando voltou à megalópole após morar por um período em Catanduva, no interior de São Paulo. Ficou fascinado pela obra do arquiteto Artacho Jurado, presente em edifícios icônicos de Higienópolis, bairro onde viveu após regressar à cidade natal. Decidiu cursar engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e fez mestrado em Stanford, nos Estados Unidos. Ainda quando morava no exterior, trabalhou na elaboração do projeto de construção da usina de Itaipu.
Adalberto diz que sempre teve vocação para ser empresário e aos 24 anos abriu a própria empresa. Começou o negócio em 1974, e chegou a vender um apartamento que ganhou da família como presente de casamento para investir o dinheiro em um terreno e erguer o primeiro edifício da construtora. Junto a dois sócios — Fernando Reis e Amâncio Gaioli — fundaram a RGB, empresa que mais tarde se tornaria a construtora do Grupo Bueno Netto.
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Em cinco décadas, a empresa enfrentou impactos de diferentes planos econômicos, uma pandemia e outros riscos típicos do negócio em si. “O risco as vezes vem de onde você não vê. Quando não é de política econômica, é da insegurança jurídica, que nos colocou em problemas que deveriam ser existentes”, afirma, se referindo às perdas financeiras que o grupo sofreu com a paralisação das obras do Parque Global. Em 2012, o Grupo Bueno Netto pagou R$ 110 milhões em direitos de construção e o projeto foi embargado logo em seguida.
“Não só tivemos que devolver o que recebemos de todos os compradores do empreendimento, que na época eram uns R$ 150 milhões, como tivemos que ficar pagando o empréstimo de R$ 110 milhões [que a empresa tomou com bancos]”, conta o empresário.
Adalberto Bueno Netto também é conhecido pelos investimentos pioneiros que fez no desenvolvimento da Vila Olímpia, centro financeiro de São Paulo e um dos bairros mais valorizados da capital. O empresário, junto a um grupo de incorporadores, desenvolveu dezenas de novos projetos na região ao longo das últimas duas décadas. Foi interlocutor ativo com o poder público na defesa da urbanização da região e, há 15 anos, é presidente da associação do bairro.
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Hoje, os filhos de Adalberto tocam os negócios do conglomerado imobiliário junto a profissionais de mercado. Carlos Bueno Netto é sócio-diretor da Benx e divide o comando da incorporadora com Luciano Amaral, diretor-geral da empresa. Ele também toca a parte operacional das outras duas empresas do grupo. Já o filho mais novo, Guilherme, é sócio-fundador da RBR Asset, gestora que também teve sua origem no Grupo Bueno Netto e hoje é totalmente independente.
Adalberto afirma que os negócios estão nos trilhos e diz que há bastante serviço para as empresas do grupo pelos próximos três anos. E acrescenta que, mesmo se preparando para se afastar do dia a dia do grupo que fundou, descarta a hipótese de deixar de trabalhar.
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