Ela não está esquecida: estrela da bolsa nos anos de crise deve confirmar razão do sucesso no 3º trimestre

Mesmo com desafios para manter margens e após "crônica da morte anunciada" no segundo trimestre, RD deve continuar mostrando resiliência em seus números em balanço 

Lara Rizério

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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SÃO PAULO – Até onde vai a RD (RADL3) na bolsa? Essa é a pergunta que todos se faziam nos anos de crise da bolsa brasileira, quando a ação da então Raia Drogasil teve forte avanço na bolsa (principalmente entre 2014 e 2016, acima de 300%), em anos de crise econômica no País. O modelo de resiliência da companhia, a sua estratégia de expansão bem-sucedida e a demografia da população, com tendência maior de envelhecimento no Brasil, guiaram os anos positivos para a rede de farmácias mesmo nos períodos difíceis para a crise brasileira.

Mesmo a ritmo fraco, a economia está conseguindo sair da considerada maior recessão da história nacional e, com a retomada do consumo, outras varejistas entraram no radar dos acionistas. Enquanto isso, a RD passou a ver as suas margens sofrerem com os reajustes de preços menores. 

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Porém, engana-se quem pensa que a ação foi deixada de lado. Mesmo não sendo mais vista como uma barganha, os números mostram a qualidade da empresa apesar dos obstáculos e, apesar de alguns meses de reveses na bolsa (entre outubro do ano passado e março deste ano, as ações caíram 20% do seu topo histórico até então de R$ 71), a ação tem um bom desempenho na bolsa. Com isso, desde 14 de março, quando chegou aos R$ 56,11, até o último dia 10, quando beirou os R$ 79,00, os papéis subiram 41%. Mesmo com a baixa observada nos últimos dias, os ativos avançam quase 27% e cerca de 3% em outubro e voltou para a Carteira InfoMoney no mês, com participação de 6,4% (para conferir o portfólio completo, clique aqui).

O próximo grande evento da companhia fica para a noite do próximo dia 26 de outubro, quinta-feira, quando a empresa divulgará os seus números do terceiro trimestre deste ano. Após a “crônica de uma morte anunciada” no segundo trimestre, como o diretor Eugênio de Zagottis resumiu o período após a queda nas margens do período, a expectativa fica para o que a empresa conseguirá entregar em meio à continuidade do cenário desafiador.

A expectativa é de que a execução superior da companhia e o seu plano de crescimento arrojado guie números positivos para a rede farmacêutica, apesar da difícil base de comparação e o reajuste menor de preços dos remédios, que seguem diminuindo o impacto dos números da companhia. 

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A expectativa, para os analistas do BTG Pactual, é de que as vendas nas mesmas lojas registrem um aumento de 8% na base de comparação anual, com as lojas maduras crescendo perto da inflação, enquanto o agressivo plano de expansão de lojas (cerca de 200 nos últimos doze meses) deve levar a um aumento na receita bruta, para R$ 3,4 bilhões, uma alta de 17% na base de comparação anual. O Bank of America Merrill Lynch também aponta para uma recuperação nas vendas nas mesmas lojas, mostrando aceleração frente o segundo trimestre uma vez que abril foi um mês difícil. 

Já as margens devem seguir em queda, mas menos acentuada, com a margem Ebitda (Ebitda sobre a receita líquida) em retração de 10 pontos-base na base de comparação anual, enquanto a margem bruta deve ter baixa de 80 pontos-base, em grande parte pela mesma questão do trimestre passado, segundo números do BTG. Isso porque, no ano anterior, a companhia teve uma alta margem por conta da alta de 12,5% do preço dos medicamentos. Já para o BBInvestimentos, a margem Ebitda deve se manter em 8,3%,  beneficiada por uma menor pressão inflacionária sobre os custos fixos e a racionalização de despesas (principalmente relacionadas ao pessoal e à eletricidade). 

Confira os números esperados para a RD no terceiro trimestre de 2017:

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em R$ milhões 3T17E* 3T16 3T17E/3T16
Receita líquida 3.421 2.901 +17,92%
Ebitda 294 254 +15,75%
Margem Ebitda 8,6% 8,75% -0,15 p.p.
Lucro líquido 137 117 +17,09%

*Estimativas segundo compilação da Bloomberg

Otimismo continua

Mesmo entre aqueles que veem a ação com um potencial de valorização limitado no curto prazo dada a forte alta nos últimos anos seguem com a empresa no radar. Esse foi o caso do Bank of America Merrill Lynch que, no início de outubro, elevou o preço-alvo dos ativos de R$ 80 para R$ 85, mantendo recomendação neutra.

Os analistas ressaltam que a companhia segue com seus esforços (bem-sucedidos) de se expandir, melhorar a experiência do consumidor e enriquecer o seru portfólio de produtos, ressaltando: “nós continuamos a ver a RD como um player doméstico de muita qualidade que deve ser monitorada de perto pelos investidores”. 

Assim, apesar dos ventos contrários de curto prazo esperados, que devem seguir no balanço a ser revelado esta semana, pelo menos com relação as margens, a expectativa segue positiva com a RD. O BTG segue com recomendação de compra, destacando a execução superior para a companhia, além das fortes perspectivas de crescimento que devem permitir um desempenho acima da média no próximos anos, consolidando sua liderança no setor na maioria das regiões em que atua.

Assim, a questão segue no radar: até onde a RD vai na bolsa? As recomendações de analistas de mercado vão bem em linha com essa dúvida: das 17 casas de análise consultadas pela Bloomberg, 9 recomendam manutenção e 8 recomendam compra. Apesar da dúvida ainda permanecer, algo parece ser quase um consenso para o mercado: não se pode negar a qualidade da gestão da companhia, que está conseguindo (e muito) minimizar o impacto dos desafios que vêm enfrentando. O quanto ela conseguiu superá-los nesse último trimestre será visto com atenção nessa semana. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.