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SÃO PAULO – Em uma semana majoritariamente negativa para o mercado acionário em meio às dúvidas com a reforma da previdência, a ação de uma blue chip da bolsa, a Vale (VALE3), tem mostrado resiliência, com queda de 0,5% na semana, enquanto o Ibovespa cai 2,80% em igual período.
E esse movimento ocorre não somente em meio ao desempenho do minério de ferro na China; afinal mesmo aqueles que não estão tão otimistas com a commodity veem os progressos claros para a companhia, evidenciados ainda mais após a reestruturação societária da mineradora.
Um sinal claro disso foi que, nesta semana, o BTG Pactual e o Morgan Stanley revisaram as suas perspectivas para a mineradora e elevaram a recomendação para as ações de neutra para compra, destacando a melhora do fluxo de caixa e a perspectiva de que a companhia se torne uma grande pagadora de dividendos.
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Claro, as perspectivas para o minério de ferro são sempre bastante importantes para definir as recomendações de uma empresa tão ligada à commodity, como é o caso da Vale. Esse foi um dos guias para a revisão nas expectativas dos analistas do BTG, Leonardo Correa e Gerard Roure, que avaliam ter elevado a recomendação de forma “tardia, mas merecida”, com o novo preço-alvo do ADR (American Depositary Receipt) passando de US$ 9 para US$ 14.
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“Estamos mudando a visão, pois a nossa tese de preço de minério para baixo (de US$ 50 a tonelada) está mais distante e recebemos bem a evolução recente da história da companhia”, avaliam os analistas do BTG.
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Agora, o BTG avalia que, com a cadeia saudável do aço e a disciplina do crescimento da oferta do minério de ferro, há condição para uma perspectiva mais positiva para a commodity, com a nova curva de preços passando de um valor entre US$ 50 a US$ 55 a tonelada da commodity para US$ 60 em 2018. Soma-se a isso a percepção melhor para a dinâmica da dívida da China, o que deve trazer mais conforto para a tese de investimento da mineradora. Assim, a combinação de um cenário mais positivo para o minério de ferro e uma gestão bastante forte leva o BTG a mostrar otimismo com o papel.
O Morgan Stanley, por sua vez, compara o desempenho da Vale com a Rio Tinto, apontando que o desempenho da companhia anglo-australiana em bolsa tem sido muito superior por conta da desalavancagem e dos dividendos. “Porém, acreditamos que isso esteja mudando de uma forma mais rápida do que o mercado espera devido à melhoria de fluxo de caixa livre da Vale”, aponta a equipe de analistas.
A expectativa dos analistas do Morgan é de que a Vale gerará US$ 31 bilhões em fluxo de caixa livre entre 2018 e 2022 versus US$ 26 bilhões da Rio Tinto. Tinto. “Esperamos que a Rio Tinto retorne mais dinheiro aos acionistas durante esse período (US$ 26 bilhões em dividendos mais recompra) devido ao seu balanço mais forte; No entanto, pensamos que a capacidade da Vale de reduzir rapidamente a alavancagem e/ou aumentar os dividendos surpreenderá o mercado”, apontam.
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O “dilema” da mineradora
Tal percepção leva a uma avaliação quase unânime de que a companhia poderá ser uma grande pagadora de dividendos: “esperamos que os dividendos aumentem substancialmente a partir de 2019”, avalia o Bradesco BBI em relatório prevendo que, entre 2019 e 2024, o caixa será de US$ 35 bilhões. “Considerando que a empresa direcione cerca de 30% – US$ 10 bilhões – para projetos de crescimento ou aquisições, o dividendo acumulado implícito seria de US$ 25 bilhões no período. Isso ainda resultaria em dividendos de US$ 5 bilhões e um dividend yield de 9 a 10% (parcela que a remuneração representa do valor atual do ativo)”, aponta a equipe de análise do banco. Os analistas reiteram a recomendação neutra para os papéis VALE3 ao apontar que o FCF yield não compensa os riscos com a volatilidade do preço do minério (eles preveem que os preços permanecerão entre US$ 65 e US$ 70 a tonelada ao longo do primeiro trimestre de 2018, mas reduzindo para US$ 55 a US$ 60 depois disso). Contudo, saúdam as iniciativas da companhia. A Vale está se tornando mais enxuta, mais eficiente e menos alavancada. Qual o próximo passo?, questionam os analistas. “Para os próximos dois anos, a estratégia da mineradora é muito clara: tornar-se uma empresa eficiente, quer em termos de custos, sob a ótica comercial e de alocação de capital, bem como pela meta de atingir uma dívida líquida de US$ 10 bilhões”, apontam. Assim, o “dilema” mais importante será como alocar o excesso de caixa a partir de 2019. Enquanto a diversificação ou o crescimento orgânico possam ser considerados, os analistas do Bradesco BBI acreditam que a mineradora está “aprendendo com os próprios erros” e não se apressará em retomar a diversificação rapidamente. Após ter tomado diversas decisões no passado que transformaram a empresa em um “investidor de vários negócios diferentes”, passando de fertilizantes, energia até biocombustíveis, a Vale agora é mais simples, focada em minério de ferro, metais comuns e carvão. Essa percepção de que movimentos grandes, estruturais e arriscados podem ser evitados embasa a tese de que a companhia, em breve, aumenta a percepção de que a mineradora pagará bons proventos. Levando em conta todos esses fatores, os ventos para a ação VALE3 parecem mais positivos, o que leva a ação da companhia a caminhar para fechar novembro, mês em que o papel entrou na Carteira InfoMoney (para ver o portfólio completo, clique aqui). com ganhos superiores a 10%, enquanto o Ibovespa cai 3% no mesmo período. Enquanto as recomendações podem variar dependendo da perspectiva para o minério de ferro, uma coisa parece certa: a companhia está no caminho certo e no rumo para se tornar uma “vaca leiteira” em termos de dividendos a partir de 2019. Gostou desta análise? Clique aqui e receba-as direto em seu e-mail!