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Após meses de espera e um ataque hacker que pegou o mercado de surpresa, a Securities and Exchange Comission (SEC) aprovou nesta quarta-feira (10) um lote de 11 ETFs (fundos de índice) à vista de Bitcoin (BTC) dos Estados Unidos. Entre eles estão os produtos das gestoras BlackRock, Ark Invest, Fidelity e da brasileira Hashdex.
A SEC havia negado até aqui todos os pedidos de aprovação de ETFs de Bitcoin, mas tudo mudou no começo de 2023, quando a BlackRock apresentou sua proposta. Desde então, agentes esperavam pelo aval dado o peso e influência da maior gestora de ativos do mundo. Os ETFs, inéditos no país, podem atrair até US$ 100 bilhões no primeiro ano, disse o Standard Chartered Bank em relatório.
“Mais que um grande avanço regulatório nos EUA, o lançamento do ETF spot de Bitcoin representa uma conquista para todo o ecossistema de ativos digitais. Estamos contentes em participar deste momento histórico e mais uma vez podemos afirmar que a Hashdex está na vanguarda global do mercado de fundos regulados de cripto”, disse Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex.
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“Hoje é um grande dia”, disse Cathie Wood, CEO da Ark Invest, via X (antigo Twitter) nesta noite. No início da semana, ela falou em entrevista para a CNBC que a aprovação do regulador é um sinal verde para os investidores institucionais. Conhecida pelos investimentos em inovação, Cathie Wood, é uma das convidadas do Onde Investir 2024, evento gratuito do InfoMoney que será realizado a partir da próxima segunda-feira (15).
Apesar da aprovação, o presidente da SEC, Gary Gensler, disse em comunicado que, embora a agência tenha aprovado os ETFs, não “endossa” o Bitcoin. “Os investidores devem permanecer cautelosos sobre a miríade de riscos associados ao Bitcoin e aos produtos cujo valor está vinculado à criptomoeda”.
Guerra de taxas
Para atrair investidores, emissores travam agora uma batalha feroz de taxas de administração, que chegam a zero em alguns casos. A BlackRock cobrará 0,12%. “Eles realmente vão para a jugular, para esmagar os outros [competidores] antes mesmo de nascerem, simplesmente brutal”, disse o analista de ETFs da Bloomberg, Eric Balchunas.
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A expectativa pela liberação dos ETFs foi um dos principais catalisadores do Bitcoin no último ano. No acumulado de 12 meses, a moeda digital disparou mais de 160%. Logo após o anúncio, o ativo digital caiu para US$ 45.500, segundo o agregador CoinMarketCap.
Parte do mercado acredita que, com esse sinal verde, o Bitcoin possa alcançar US$ 50 mil ainda em janeiro, e renovar a máxima histórica de US$ 69 mil ainda neste ano. Também joga a favor da criptomoeda o halving, evento que corta pela metade a taxa de inflação do criptoativo. No curtíssimo prazo, porém, analistas são mais cautelosos, e apontam possibilidade de realização de lucros assim que o patamar de US$ 50 mil for atingido.
“O impacto da aprovação do ETF spot de Bitcoin, pela SEC, vai além da nova liquidez imediata que entrará no mercado com os novos fundos em si. Isso certamente gera impacto direto, inclusive no preço, mas o potencial de impacto maior é exponencial, em razão de mudanças que o ETF pode proporcionar nos segmentos de mercado financeiro e de capitais”, disse Nicole Dyskant, advogada especialista em criptoativos e conselheira da Fireblocks.
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Ataque hacker
Os dias que antecederam o lançamento foram marcados por invasões virtuais e críticas ao mercado de criptomoedas. Ontem, o perfil do Twitter da SEC chegou a publicar que os ETFs haviam sido liberados, mas dez minutos depois o regulador negou a informação e disse que a conta havia sido “comprometida”.
Na madrugada desta quarta, o X (antigo Twitter) confirmou que um “indivíduo não identificado” invadiu a conta do xerife do mercado de capitais americano e publicou o comentário indevido. A SEC também divulgou que trabalhará com as autoridades para conduzir uma investigação sobre o ocorrido.
Já no início da semana, o presidente da agência federal, Gary Gensler, publicou uma série de alertas sobre o mercado de criptomoedas. Ele disse que “aqueles que oferecem investimentos/serviços em criptoativos podem não estar cumprindo a lei aplicável” e que os investidores devem compreender os riscos do setor antes de investir.