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A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (sem partido) pediu demissão, nesta terça-feira (9), do cargo de secretária das Relações Internacionais da capital paulista. Com isso, abandonou a gestão do prefeito — e até então aliado — Ricardo Nunes (MDB).
Ela entregou uma carta pedindo a saída do cargo em reunião realizada com o prefeito nesta tarde. No texto, ela agradeceu a oportunidade de ter participado da atual gestão, exaltou feitos da sua pasta e indicou novos rumos para sua vida política.
“Neste momento em que o cenário político de nossa cidade prenuncia uma nova conjuntura, diferente daquela em que, em janeiro de 2021, tive a honra de ser convidada por Bruno Covas para assumir a Secretaria Municipal de Relações Internacionais, encaminho, nesta data, de comum acordo, meu pedido de demissão deste cargo”, disse.
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“Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui”, pontuou.
Em nota à imprensa, a prefeitura de São Paulo comunicou que Nunes chamou a secretária “para esclarecer as informações veiculadas pela imprensa”. No encontro, o texto diz que “ficou decidido, em comum acordo”, que ela deixaria suas funções na Secretaria Municipal de Relações Internacionais.
O movimento ocorre em meio a uma reaproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tratativas com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para ser candidata a vice na chapa encabeçada pelo parlamentar para o Executivo municipal. Contra o próprio Nunes, que se prepara para disputar a reeleição.
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A expectativa é que Marta retorne ao Partido dos Trabalhadores, legenda de esquerda à qual foi filiada durante grande parte de sua carreira política, e enfrente nas urnas a gestão da qual participou por 3 anos. Já Nunes deve ser apoiado pelo governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nos bastidores, a construção de uma chapa Boulos-Marta é vista com grande potencial eleitoral por unir o parlamentar que ficou na segunda posição na última disputa municipal e uma ex-prefeita com boa reputação nas periferias. A costura também coloca o parlamentar em uma posição mais próxima ao “centro” — o que pode ajudá-lo a quebrar resistências entre eleitores fora do campo da esquerda.
Marta governou a cidade de São Paulo entre 2001 e 2004 e não conseguiu se reeleger. Ela também foi ministra do Turismo nos governos Lula 2 (entre 2007 e 2008) e Dilma 1 (entre 2012 e 2014), mas deixou o PT no auge da Lava Jato para se filiar ao MDB.
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O afastamento se consolidou no impeachment de Dilma Rousseff (PT), que Marta, à época senadora, votou favoravelmente. Depois disso, apoiou o governo do então presidente Michel Temer (MDB) e concorreu à prefeitura de São Paulo em 2016 pelo MDB. Apesar de ser bem avaliada na periferia da cidade, pela construção de corredores de ônibus e dos CEUs, acabou derrotada por João Doria (PSDB).
Na eleição de 2020, ela endossou a candidatura do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que derrotou Boulos e se reelegeu, após ter assumido o posto com a renúncia de Doria para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes (e vencer). Vice-prefeito na chapa, Nunes assumiu o cargo após Covas morrer, aos 41 anos, em decorrência de um câncer no sistema digestivo.