Multimercados sofrem com retornos e amargam pior captação anual da série histórica

Das 11 subclasses, apenas duas apresentaram retorno médio acima do CDI no acumulado de 2023

Bruna Furlani

Ações e Bolsa em queda (Shutterstock)
Ações e Bolsa em queda (Shutterstock)

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A falta de uma tendência mais clara de alocação no cenário e a entrada mais tardia em algumas classes de ativos afetaram em cheio o retorno de multimercados ao longo de 2023.

Das 11 subclasses de fundos multimercados, apenas duas apresentaram retorno médio acima do CDI (taxa de referência da classe): multimercados capital protegido, com ganhos de 18,35% e multimercados long and short direcional, com rentabilidade de 13,81%. Ambas acima dos 13,04% do CDI no período.

Ao longo de 2023, a subclasse mais afetada foi a multimercado investimentos no exterior, com um avanço de apenas 9,14%, em média. Incertezas quanto a uma possível recessão nos Estados Unidos no primeiro semestre do ano passado e em relação ao nível do juro terminal na maior economia do mundo acabaram afetando os resultados dos produtos.

O resultado foi acompanhado por um saque massivo em fundos multimercados, que alcançou R$ 134,3 bilhões no acumulado do ano — o pior volume de resgates líquidos (entradas menos saídas) para um ano desde o começo da série histórica da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), iniciada em 2002.

Embora o patrimônio líquido dos fundos multimercados fosse bem menor na época, ainda assim é possível verificar que o impacto em termos de fluxo foi grande para a classe.

Da mesma forma que nos tradicionais fundos multimercados, fundos de previdência com estratégia multimercado livre sofreram ao longo de 2023, com os saques líquidos chegando a R$ 7,8 bilhões.

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O ano, porém, não foi desafiador apenas para a indústria de multimercados. Fundos de ações e de renda fixa também acumularam mais saques do que entradas em 2023, no valor de R$ 17,0 bilhões e de 59,8 bilhões, respectivamente.

Fundos cambiais e ETFs (fundos de índice) também não conseguiram escapar e obtiveram R$ 1,9 bilhão e R$ 318,6 milhões, nessa ordem, em perdas líquidas ao longo do ano.

2023 também foi de sangria para a indústria de fundos doméstica como um todo, que viu os saques líquidos chegarem a R$ 127,9 bilhões, um pouco abaixo dos R$ 129,2 bilhões registrados durante 2022.

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Captações no azul

Por outro lado, as captações líquidas de fundos de previdência chamaram a atenção ao ultrapassar marcas vistas dois anos antes, ao somar R$ 19,3 bilhões ao longo de 2023.

O destaque ficou por conta dos fundos Previdência Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento, com depósitos líquidos de R$ 18,5 bilhões no ano.

Fundos que alocam em direitos creditórios, caso dos FIDCs, também conseguiram terminar o ano com as captações no azul, no valor de R$ 24,1 bilhões, montante que foi menor do que os R$ 26,4 bilhões registrados em 2022.

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Fundos que investem em participações (FIPs), por sua vez, finalizaram 2023 com entradas líquidas de R$ 42,1 bilhões, percentual bem acima dos R$ 11,7 bilhões de saídas líquidas vistas em 2022.