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O barril de petróleo do tipo Brent, referência para a Petrobras (PETR4), opera próximo a US$ 76,30 nesta sexta-feira (8), uma alta de quase 3%, por volta das 12h45. No entanto, apesar da recuperação, a commodity continua longe de ser negociada perto das máximas do ano, quando chegou a tocar mais de US$ 95 – e, para analistas, o produto deve ficar mais próximo dos níveis atuais, caso não exista nenhum choque de oferta.
Marcelo de Assis, analista do setor da Wood Mackenzie, explica que o que derrubou o preço do petróleo recentemente foi, majoritariamente, os sinais de que grandes economias do mundo estão mais fracas.
“A queda de preços é esperada em um cenário de juros com patamares elevados por mais tempo, o que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos”, diz o especialista. “Além disso, temos ainda uma economia chinesa que não engrenou.
Na China, Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets, menciona que o país está comprando mais petróleo do que aquilo que está sendo colocado nas refinarias – provavelmente aumentando estoques.
Por lá, o sentimento quanto à economia também foi, ao longo do ano, de frustração, com o país crescendo menos do que o esperado.
“Além disso, a Europa está prestes a entrar em uma recessão. Com uma recessão, a atividade econômica cai, bem como o consumo de petróleo”, expõe Arduin.
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Preço do petróleo: temor por oferta
O petróleo, quando bateu suas máximas neste ano, foi impulsionado, principalmente, pelo temor de choques de oferta.
Em outubro, época que a commodity alcançou o seu maior preço em 2023, foi quando estourou a guerra na Faixa de Gaza e o temor era de que o conflito se expandisse para o resto do Oriente Médio – a principal região quando o assunto é produção do produto.
“Em 2024, o quadro do lado da demanda continua o mesmo. Os bancos centrais devem manter os juros em patamares elevados, sem quedas bruscas. Não devemos ter uma recuperação de preço tão rápida, a não ser que tenhamos um novo choque de oferta”, fala de Assis.
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Victor Arduin chega a mencionar que há alguns eventos “circulando” em torno do petróleo. Caso, por exemplo, das ameaças feitas pela Venezuela à Guiana, com o temor da invasão da região de Equissibo, que poderia gerar sanções ao país governado por Nícolas Maduro, que produz petróleo; ou o ataque no Iêmen a um navio americano e as guerras da Ucrânia e de Gaza.
“Poucas vezes na história tivemos tantos fatores de risco altistas orbitando. Mesmo assim temos o petróleo com o viés baixista”, debate.
“Quanto à Venezuela, o país deixou de ser um player relevante no passado. É um ator bem secundário. A Guiana, por enquanto, ainda está aumentando sua produção, que não é muito significativa. O pior cenário, por lá, seria uma guerra envolvendo os Estados Unidos, o que mudaria um pouco de figura”, acrescenta de Assis.
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Equilíbrio
Para ele, o nível de US$ 70 tem sido um ponto de resistência, de equilíbrio entre a oferta e a demanda.
“Do lado da oferta, os países da Opep+ [Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados] também estão ali se posicionando. Quando o barril vai abaixo de US$ 70, a receita dos países que compõem o grupo cai muito. Recentemente, vimos movimentos nessas frentes. Vladimir Putin visitou os países árabes, por exemplo”, explica.
Nos últimos dias, houve toda uma discussão envolvendo os países produtores de petróleo. Segundo notícias, a Arábia Saudita vinha pressionando os países por mais cortes, mas encontrou resistências.
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Além do recuo do preço da commodity, os governantes também enxergam que um corte de produção impactaria suas receitas pelo lado da quantidade de barris vendidos.
“A ata da última reunião trouxe a opção de cortes voluntários. Nesse cenário, fica difícil falar que os cortes estão sendo feitos”, debate Marcelo, da Wood Mac.