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O mercado de trabalho mostrou melhora ao longo de 2022, mas persistiram desigualdades estruturais, como as raciais. O rendimento-hora dos trabalhadores ocupados brancos foi de R$ 20,10 — 61,4% maior que o da população ocupada preta ou parda, de R$ 12,40. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (6).
A desigualdade de renda persistia qualquer que seja o nível de instrução. Entre os trabalhadores que não completaram o ensino fundamental, o rendimento-hora foi de R$ 10,90 para os brancos e de R$ 8,40 para os negros.
Na faixa com fundamental completo e ensino médio incompleto, os brancos recebiam, em média, R$ 11,60 por hora, e os negros, R$ 9,30.
No grupo com ensino médio completo e sem superior completo, os brancos ganharam R$ 14,10 por hora, e os negros, R$ 11,10.
A maior diferença ocorreu no grupo de ocupados com ensino superior completo: os brancos receberam, em média, R$ 35,30 por hora, 37% a mais que os R$ 25,70 auferidos por pretos ou pardos.
Na população ocupada em 2022, 54,2% eram pretos e pardos (52,6 milhões) e 44,75% eram brancos (43,4 milhões).
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As atividades com menor remuneração e mais informalidade tinham maior proporção de trabalhadores negros, como a Agropecuária (62,0%), a Construção (65,1%) e os Serviços domésticos (66,4%), lembrou o IBGE.
Desigualdade
A questão racial se revelou também marcante na dificuldade de acesso de jovens ao mercado de trabalho e aos estudos. No ano de 2022, o Brasil ainda tinha 10,9 milhões de jovens de 15 a 29 anos que nem estudavam nem tinham um trabalho, o equivalente a 22,3% da população nessa idade, sendo 7,4 milhões deles negros e 3,4 milhões brancos.
“É um grupo com dificuldade de ingresso e estabilidade no mercado de trabalho”, lembrou o pesquisador do IBGE João Hallak.
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Dos quase 11 milhões de jovens que não estudavam nem estavam ocupados em 2022, 43,3% eram mulheres pretas ou pardas (4,723 milhões), 24,3% eram homens pretos ou pardos (2,657 milhões), 20,1% eram mulheres brancas (2,195 milhões) e 11,4% eram homens brancos (1,241 milhão).
O IBGE frisa que não é correto dizer que essas pessoas não trabalhavam, porque esse grupo inclui parcela significativa de jovens que não conseguem ou não podem buscar uma ocupação no mercado de trabalho por estarem se dedicando a afazeres domésticos e cuidados de pessoas, que podem ser considerados como trabalho não remunerado.
“Há muita crítica em relação a esse termo (jovens nem-nem, que não estudam nem trabalham), porque, como a gente viu aqui, em especial as mulheres, elas não estão não fazendo nada. Muitas vezes estão trabalhando no cuidado de pessoas e afazeres domésticos. Então a gente diz que não estudam e não estão ocupadas”, explicou a técnica do IBGE Denise Guichard Freire.
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No ano de 2022, havia 4,7 milhões de jovens que não procuraram trabalho nem gostariam de trabalhar, mas 2,0 milhões deles eram mulheres cuidando de parentes e dos afazeres domésticos.
A proporção de jovens que nem estudam nem trabalham entre as mulheres foi de 28,9%, quase o dobro da parcela registrada entre os homens, 15,9%.
“Quanto menor o rendimento domiciliar, maior a taxa de jovens que não estudam e não trabalham”, apontou o IBGE. “Em 2022, 1 a cada 2 jovens dos domicílios do primeiro décimo de rendimentos estava nesta condição.”
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Do total de jovens que não estudam e não estão ocupados, 61,2% viviam em situação de pobreza e 14,8% sobreviviam em situação de extrema pobreza.
Educação
O IBGE divulgou ainda que a frequência escolar das crianças com 4 e 5 anos de idade, quando começa a obrigatoriedade da educação básica, recuou 1,2 ponto porcentual entre 2019 e 2022, passando de 92,7% para 91,5%.
“Entre 2019 e 2022, o Brasil não avançou na meta de universalização da educação infantil”, resumiu o instituto.
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Ao mesmo tempo, a frequência escolar na etapa adequada das crianças de 6 anos de idade, que deveriam ter ingressado no ensino fundamental, caiu de 81,8% em 2019 para 69,0% em 2022.