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Primeiro ano de alívio pós-pandemia, 2023 foi morno para o mercado de trabalho no mercado financeiro e no setor de finanças, com poucas vagas disponíveis, segundo especialistas de recrutamento e seleção consultados pelo InfoMoney.
“A empregabilidade andou de lado para esses segmentos. Houve um foco em contratações estratégicas para alguma parte do negócio, como no caso de cadeiras C-level e diretoria. A busca das empresas foi por resultados mais imediatos e menos volume de movimentações, especialmente na base da pirâmide”, avalia Lucas Oggiam, diretor da consultoria Michael Page. “Em 2023, as empresas já queriam pessoas prontas para chegar e resolver gaps“, complementa.
O cenário macro também freou o ânimo dos empregadores, com mudança de governo no Brasil, guerras entre Rússia e Ucrânia e, depois, outro conflito entre Hamas e Israel, além dos juros elevados. Mas como será 2024?
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O Guia Salarial Robert Half 2024, estudo com 500 executivos C-level entrevistados e 1.500 trabalhadores, aponta que 55% das empresas brasileiras estão mais confiantes para o próximo ano, o que incentiva a abertura de novos postos de trabalho. Outros dados chamam atenção: 56% dos CFOs pretendem abrir novas vagas, 34% planejam preencher posições já abertas, 8% indicam congelamento de vagas e somente 2% dos executivos brasileiros indicam redução do quadro.
Onde encontrar vagas em 2024?
No setor de finanças, as profissões em destaque concentram-se nas áreas de:
- planejamento financeiro e controladoria
- tesouraria
- contabilidade e fiscal
- relações com investidor
“As empresas sinalizam que vão continuar reforçando a parte estratégica, com posições de finanças mais ligadas ao negócio. Profissionais dessas áreas vão apoiar a estrutura comercial para procurar formas de trazer mais receita”, diz Danielle Nakaya, gerente na Robert Half.
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No mercado financeiro, os especialistas sinalizam um bom momento para posições nas áreas de:
- crédito, fusões e aquisições (M&A)
- private banking, que conta com os assessores de investimentos do público mais endinheirado
- gestão de risco e áreas regulatórias
“Com alta inadimplência, as empresas querem priorizar as áreas de análise de crédito para serem mais ágeis na aprovação”, explica Sara Santos, gerente da área de mercado financeiro na Robert Half.
Diante de um mercado mais volátil, a busca pela diversificação de investimentos aumentou e, no rastro dela, a necessidade de private bankers, profissionais especialistas e com experiência no relacionamento com o cliente. “Ainda falta profissional qualificado dentro das assessorias e investir nessa área é uma aposta para atrair mais clientes”, afirma Santos.
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Depois de um período mais fraco no setor de fusões e aquisições (M&A), a expectativa é que em 2024 os movimentos sejam retomados. “Analistas de M&A e profissionais modelagem financeira [sistema que faz projeções sobre um investimento] serão mais demandados no próximo ano”, prevê Rebeca Toyama, especialista em carreira e porta-voz do programa Liderança de Impacto da ONU. “Depois de um IPO, fusão ou aquisição há muito trabalho para fazer as adaptações necessárias e responder às expectativas”, complementa.
Thiago Silva, líder de remuneração digital da consultoria Korn Ferry, destaca as áreas de gestão de risco operacional,que também devem receber atenção extra em 2024, considerando os desafios que as empresas tiveram que enfrentar nos últimos anos — especialmente em decorrência da pandemia. “A demanda também é reflexo da concorrência por esses profissionais”, enfatiza.
Salários para 2024
O InfoMoney buscou informações de três consultorias de carreira (Robert Half, Michael Page e Korn Ferry) e ouviu especialistas sobre as profissões de finanças e do mercado financeiro que estarão em alta em 2024 considerando o contexto atual do mercado de trabalho.
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A partir disso, compilou informações de guias salariais das empresas para compartilhar as remunerações das profissões mencionadas pelos especialistas.
Foram utilizados o Guia Salarial da Robert Half 2024 e o Guia Salarial da Michael Page 2024. As tabelas abaixo mostram os salários fixos mensais com o intervalo entre o piso (salários iniciais em empresas pequenas) e o teto (salários de profissionais ‘seniores’ em empresas de grande porte) de cada vaga.
Segundo o estudo da Michael Page, que ouviu cerca de 10 mil profissionais, 71% dos candidatos indicam que salário é o elemento mais importante no emprego atual.
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Finanças*
Perspectivas de remuneração para 2024:
Profissão | Salário mensal para 2024 (piso – teto) |
Gerente de Tesouraria | R$ 13.650 – R$ 29.200 |
Analista de Tesouraria | R$ 3.700 – R$ 9.700 |
Controller (liderança executiva de Planejamento Financeiro/Controladoria ) | R$ 17.500 – R$ 41.000 |
Gerente de Planejamento Financeiro/Controladoria | R$ 15.750 – R$ 36.500 |
Analista Planejamento Financeiro/Controladoria | R$ 4.200 – R$ 11.500 |
Coordenador de Modelagem Financeira | R$ 14.700 – R$ 25.000 |
Analista de Modelagem Financeira | R$ 5.500 – R$ 12.340 |
Analista Contábil ou Fiscal | R$ 5.400 – R$ 8.200 |
Gerente de RI (relações com investidores) | R$ 19.800 – R$ 43.150 |
Analista de RI | R$ R$ 5.500 – R$ 12.340 |
*Mais abrangente, os profissionais do segmento de finanças são contratados por empresas de segmentos variados como bancos, varejo, saúde, agronegócio, infraestrutura, entre outras.
Mercado financeiro**
Perspectivas de remuneração para 2024:
Profissão | Salário mensal para 2024 (piso – teto) |
Diretor de Crédito e Risco | R$ 37.200 – R$ 56.850 |
Especialista de Crédito e Risco | R$ 18.100 – R$ 27.700 |
Analista de Crédito e Risco | R$ 5.200 – R$ 13.100 |
Private banker (relacionamento com o cliente) | R$ 18.000 – R$ 45.000 |
Gerente de Gestão de Risco | R$ 15.500 – R$ 28.000 |
Analista de Gestão de Risco | R$ 5.100 – R$ 10.900 |
Gerente de Fusões e Aquisições (M&A) | R$ 23.000 – R$ 40.000 |
Associado de M&A (profissional PJ) | R$ 11.000 – R$ 16.000 |
Analista de M&A | R$ 5.000 – R$ 13.500 |
Analista de Auditoria (área regulatória) | R$ 5.200 – R$ 12.900 |
**No mercado financeiro, as contratações são feitas por empresas como bancos de investimentos, meios de pagamentos, fintechs, fundos de private equity e assets.
Falta mão de obra qualificada
Apesar da perspectiva positiva para o ano que vem, os recrutadores apontam que as empresas ainda se deparam com dificuldades para atrair talentos, visto que o volume de mão de obra qualificada não supre a demanda das companhias.
A pesquisa da Robert Half mostra que grande parte das empresas (71%) acredita que encontrar profissionais qualificados será mais desafiador no próximo ano. Entre os problemas, dois destaques: tecnologia e dificuldade de profissionais com domínio do inglês.
- Hype na área de tecnologia segue
Segundo Thiago Silva, da Korn Ferry, quando o recorte de demanda e posições se volta para o setor da tecnologia, os profissionais seguem muito demandados. “Posições de desenvolvedores e programadores de softwares são destaque”, diz.
Rebeca Toyama lembra que 2023 ficará marcado pela inteligência artificial, após a liberação do ChatGPT. “Habilidades relacionadas com o tema já foram citadas pelo relatório do futuro do trabalho de 2023 do Fórum Econômico Mundial. Espera-se que a inteligência artificial seja adotada por quase 75% das empresas até 2027. A demanda vai aumentar”, indica Toyama.
Segundo os recrutadores consultados, as empresas ainda não procuram preencher vagas que exijam habilidades em inteligência artificial, mas muitas companhias estão olhando a tendência e estudando opções de implementação. “Mas o movimento deve perdurar no ano que vem”, complementa o especialista da Korn Ferry.
- Inglês é gargalo
Pode parecer que o assunto já é ultrapassado, mas o inglês como segundo idioma é um gargalo para as contratações no mercado financeiro e de finanças.
“Se a vaga precisa de inglês, ainda é muito difícil encontrar profissionais. Em parte pela formação, já que muitos têm um inglês intermediário; e em parte pela tecnicidade. Tem muitos termos dos setores que são específicos, o que dificulta a fluência na maioria dos casos”, explica Sara Santos, gerente da área de mercado financeiro na Robert Half.
O especialista da Michael Page engrossa o coro. “Cerca de 3% a 5% dos brasileiros se comunicam em inglês. As empresas demandam mais que isso em volume de profissionais e muitas vezes em fluência. É um problema histórico por aqui e ainda é chave para a contratação”.