WEG (WEGE3): há espaço para ânimo com as ações após o tombo depois do resultado?

Maior parte dos analistas segue cautelosa, mas alguns veem espaço para números melhores em 2024 e ressaltam múltiplos mais baixos desde 2018

Lara Rizério

WEG (Divulgação: Linkedin)
WEG (Divulgação: Linkedin)

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Desde a queda de cerca de 10% das ações na sessão do último dia 25 de outubro, na sessão pós-resultado (que acabou frustrando as estimativas do mercado), investidores têm se questionado se vale a pena seguir com as ações da WEG (WEGE3) na carteira, enquanto analistas seguem divididos.

O Itaú BBA cortou o preço-alvo das ações de R$ 46 para R$ 38,50 (potencial de valorização de 16% em relação ao fechamento de quarta-feira) e manteve recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) dias após o resultado da fabricante de motores elétricos e tintas industriais.

Os analistas ainda veem possíveis revisões para baixo nas estimativas do consenso para a companhia, cujas ações caem cerca de 13% no ano. Desde o resultado, em 25 de outubro, a baixa foi de 5,5%.

Para eles, a aquisição recente de parte dos negócios da Regal Rexnord, que geraram receitas de US$ 542 milhões em 2022, não deve gerar surpresas positivas em 2024.

“A consolidação desses novos negócios deve acontecer apenas em 2024 e apesar da receita consolidada da WEG aumentar após a combinação de negócios, a rentabilidade baixa da Regal combinada às despesas financeiras relacionadas à aquisição deveriam anular o efeito positivo do ganho de receita”, aponta.

O banco ainda vê espaço para os múltiplos caírem, destacando que o valor de mercado da WEG equivale a 28 vezes o lucro que espera para a companhia em 2024, um patamar abaixo da média dos últimos anos, porém com algum espaço para quedas adicionais.

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Isso também tendo em vista a relação entre o valor de mercado e os lucros respectivos de empresas similares à WEG listadas ao redor do mundo e de nomes vistos como “papéis de qualidade” na Bolsa de valores brasileira.

Porém, apesar de visão ainda conservadora para a companhia, os analistas reforçam que o momento desafiador de WEG é justificado por uma conjuntura pouco favorável (o Real tem se valorizado versus o dólar na comparação com trimestres anteriores, a rentabilidade e o crescimento da companhia subiram muito durante a pandemia e agora estão acomodando em um patamar mais baixo, dentre outros). “Dito isso, mantemos uma visão construtiva para o longo prazo, confiantes com o modelo de negócio e a estratégia da WEG”, apontam os analistas do BBA.

Já em pesquisas com investidores institucionais, o Bradesco BBI destaca a visão de que a WEG reporte uma margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações sobre receita) de 19,4% em 2024, uma queda anual de 2,3 pontos percentuais (p.p.) em relação à projeção do BBI para o ano de 2023.

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“Os investidores continuam preocupados com os ventos contrários do setor que podem reduzir a margem Ebitda”, avalia. Para o lucro líquido de 2024, o buyside reduziu suas estimativas para R$ 5,2 bilhões (-2% ano a ano), uma redução de 8% se comparado ao consenso de agosto. A nova estimativa está em linha com a do BBI, mas 6% abaixo do consenso dos analistas de mercado.

“Acreditamos que o lucro abaixo parece incorporar o impacto negativo da regra do preço de transferência [com uma nova regra para transações com controladas, que iguala o tratamento fiscal das transações com terceiros, gerando impacto nos resultados de exportadoras]. Em nossa opinião, esta estimativa não incorpora o fim dos juros sobre capital próprio no Brasil, o que poderia reduzir o lucro por ação em 6% em 2024″, avalia. Portanto, o BBI também segue com recomendação neutra para WEG e preço-alvo para o final de 2024 de R$ 37,00 (upside de 12%), apesar dos cerca de 6% de queda do preço das ações desde a divulgação dos resultados do 3T23.

O Goldman Sachs também tem recomendação neutra para os ativos, assim como BBI e BBA, com preço-alvo de R$ 38,40 (upside de 16%) e reforça a tendência de desaceleração, mas aponta reconhecer que o múltiplo atual está bem abaixo das máximas históricas, num contexto de retornos sobre o capital muito mais elevados numa empresa de alta qualidade/alavancagem zero.

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JPMorgan e BB Investimentos recomendam compra

Enquanto Goldman, BBI e BBA estão cautelosos, outras casas reafirmaram visão positiva para os ativos. Em relatório logo após o resultado, o JPMorgan reduziu o preço-alvo de R$ 50 para R$ 47 para os ativos (upside de 42%) devido ao menor crescimento orgânico no curto prazo, mas ainda manteve recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os papéis.

Os resultados mais fracos que o esperado no 3T23 resultaram em corte nas estimativas para 2023 em cerca de 4-5%. No entanto, a aquisição da Regal ajudou a compensar esta impacto, adicionando cerca de R$ 3,0 bilhões em receitas e por volta de R$ 300 milhões em Ebitda para 2024 – assumindo que o negócio será concluído no início do 1T24.

“Continuamos overweight na WEG refletindo: i) sua capacidade de crescimento a longo prazo; ii) perspectivas positivas para o mercado de Transmissão e Distribuição (T&D) na América do Norte, que deverá apoiar um crescimento plurianual de dois dígitos; e iii) valuation no nível mais baixo desde junho de 2018, já precificando o curto prazo da empresa desaceleração na receita”, aponta o banco.

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O modelo do JPMorgan já implementa um imposto mais elevado para 2024 e também reflete a mudança na política de preços de transferência, com projeção para reduzir pela metade o benefício que a WEG gera nas subsidiárias do exterior.

O banco ressalta que há gatilhos limitados no curto prazo, com desaceleração do crescimento das receitas, menor velocidade do crescimento do PIB global e valorização do real ante 2022.

“As perspectivas para 2024 são mais promissoras. Assim, apesar dos ventos contrários, continuamos positivos devido à contribuição positiva dos ativos da Regal nos EUA para o crescimento da empresa em 2024 (…), à capacidade de encontrar novos caminhos de crescimento, como T&D na América do Norte, mobilidade e automação, entre outros e valuation atrativo em 17,2 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda esperado para 2024, nível mais baixo desde junho de 2018”, aponta.

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O BB Investimentos também tem recomendação de compra para WEGE3, com preço-alvo de R$ 40,00 para o final de 2024 (upside de 21%).

“Apesar da visão prospectiva de curto prazo mais modesta, acreditamos que a tese de investimento em WEG para o longo prazo permanece sólida, edificada na capacidade operacional da companhia e no bom posicionamento para captura de futuras oportunidades no mercado de eficiência energética e sustentabilidade”, avalia.

Compilação da LSEG com analistas de mercado mostra maior cautela do mercado com relação às ações. De 13 casas consultadas, 9 têm recomendação neutra para os ativos e 3 de compra, mas com preço-alvo médio de R$ 42,80, ou potencial de alta de 29% em relação ao fechamento de quarta-feira. No curto prazo, o cenário deve seguir desafiador, mas a companhia segue bastante promissora olhando para os próximos anos.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.