Ibovespa cai 0,54% e fecha abaixo dos 116 mil pontos, com dados dos EUA e tensão geopolítica

Mercado hoje foi movimentado por dados econômicos dos EUA e, perto do fim da sessão, por tensões crescentes no Oriente Médio

Camille Bocanegra

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O Ibovespa fechou com queda de 0,54%, nesta terça-feira (17), aos 115.908 pontos, acompanhando os ânimos dos índices de NY, que encerraram o dia mistos.

No final da sessão, notícia de ataque aéreo israelense em um hospital deixou 500 mortos na Faixa de Gaza e deu possíveis novos contornos para o conflito. Durante o dia, os ânimos em relação ao conflito pareciam mais calmos, em especial considerando a visita de Joe Biden amanhã à Israel.

Os dados de vendas no varejo nos EUA e da produção industrial mostraram o que os investidores temiam: que a economia dos EUA segue mais resiliente do que o desejável para mudar o curso da política monetária do Federal Reserve, o que pode levar a um aperto monetária mais prolongado. Ainda assim, o sentimento positivo que vem dos balanços trimestrais ajudou a segurar os principais índices de Nova York.

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O petróleo encerrou a sessão em leve alta e ainda acompanha as notícias do Oriente Médio. De acordo com analistas, a expectativa é que o choque seja temporário, se o conflito continuar com a amplitude atual, restrito a Israel e o Hamas.

O sentimento de aversão ao risco chegou, mais uma vez, aos Treasuries yields, que passam por novo dia de alta. O rendimento do título de dez anos, por exemplo, cresceu 13 pontos-base, a 4,83%, enquanto o yield do título com vencimento de 2 anos teve avanço de 12 pontos-base em seus rendimentos, a 5,22%.

O dólar encerrou o dia com queda de 0,04% frente ao real, a R$ 5,035 na compra e na venda. A moeda norte-americana também ficou em queda na comparação com as principais moedas do mundo, com o DXY com menos 0,07%.

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“Enquanto isso, nos Estados Unidos, dados de venda no varejo e produção industrial de setembro mostraram que a maior economia do mundo segue resiliente, com ambos resultados acima do esperado”, entende Vanessa Naissinger, especialista de investimentos da Rico.

“Temos a percepção de que está começando a haver uma organização geopolítica para evitar uma deterioração na guerra, que poderia ocorrer com o envolvimento de outros países. Isso está aliviando os mercados hoje (segunda-feira)”, pontuou à Reuters Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM.

No Brasil, a curva de juros fechou em alta, puxadas principalmente pelo avanço da curva de juros nos EUA. O dado, lá fora, refletiu o avanço das vendas do varejo no país.

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“Mais cedo, os juros caíram por aqui após divulgação de dados do setor de serviços com uma queda de 0,9% em agosto, sendo que o esperado era uma alta de 0,4%. De toda forma, na minha visão, é um dado que dê certo modo acalma o Banco Central, que se mostrava preocupado com a inflação de serviços”, explica Fabio Louzada, economista e fundador da Eu me banco.

No fim da tarde, contudo, o movimento se alterou e os juros apresentaram alta (com exceção do vencimento mais curto). A taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,18%, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,06%, ante 10,94% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,91%, ante 10,71%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,09%, ante 10,90%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,33%, ante 11,11%.

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O movimento positivo da Vale (VALE3) visto hoje, com alta de 0,82% dos ativos, foi puxada pela alta do minério, de acordo com Lourenço. Em sua visão, isso se deu “muito por conta dos estímulos que foram anunciados pelo governo chinês, um dos maiores desde 2020 e isso tende a gerar expectativa no mercado que haja um aquecimento, principalmente no setor de infraestrutura”, destaca.

Mesmo com altas da Petrobras (PETR4) com dados recordes de produção, e da Vale (VALE3), que teve ganhos com a valorização do minério, o Ibovespa foi derrubado por bancos e varejistas.

“Alta nos juros futuros contribui para a queda no setor de varejo e consumo como MGLU3 e CRFB3 e setor de educação, que também cai com Yduqs e Cogna entre as maiores quedas”, considera Louzada.

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Entre as maiores altas do Ibovespa, ficou ações preferenciais da Gol (GOLL4), com alta de 4,28% e Petrobras, tanto nas ações preferenciais (PETR4), com alta de 2,70% quanto nas ordinárias (PETR3), em 2,27%.

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