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Em junho de 2018, em plena campanha eleitoral, a Ethos Asset Management (Ethos), empresa global de Project Finance com sede nos EUA, fez seu primeiro movimento para desembarcar no Brasil, de olho em promessas de retomada do crescimento, especialmente no setor de infraestrutura. Nove meses depois, a gestora deu um passo atrás: interrompeu o processo de instalação em terras brasileiras e optou por alocar recursos em empresas globais que tivessem negócios por aqui, via Estados Unidos.
“Percebemos que o ambiente era complexo demais para nós”, afirma Carlos Santos, CEO da Ethos. Dois anos depois, com um entendimento melhor sobre as idiossincrasias brasileiras e com o apoio de associados brasileiros, que conhecem melhor o ambiente local, a Ethos voltou. E com força: a gestora, que já tem US$ 105,7 milhões investidos em projetos no Brasil, conta hoje com um cheque adicional de cerca de US$ 1,9 bilhão, que devem ser alocados até o fim de 2024 em projetos de agronegócio, moradia, construção civil e energia.
“O Brasil tem muito potencial, mas foi preciso entender melhor esse mercado e passar por um período de adaptação”, afirma Santos. “Mesmo no tumulto político, há bons negócios.” Um ponto de desafio é que, em meio a tanta incerteza econômica e política, a cultura do curto prazo acaba se impondo – o que vai na contramão da atuação de uma gestora de project finance, relata o executivo.
Um dos setores em que a Ethos está investindo é o de construção de moradias. A gestora já alocou cerca de US$ 4 milhões na construtora Pafil, sediada em Ribeirão Preto, e mais recentemente US$ 10 milhões na Cemag Construções, ambas com foco em empreendimentos que atendam ao programa Minha Casa Minha Vida. A gestora também tem alguns projetos de energia solar no pipeline e vê boas oportunidades em mineração, agropecuária e empresas manufatureiras.
O perfil das empresas com quem a Ethos trabalha é de pequeno porte e, portanto, o ticket do investimento é baixo. Em 2021, a gestora alocou US$ 4 milhões na Deinve para a construção de uma fábrica de pellets de madeira na cidade de São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul. Não à toa, regiões fora do Sudeste estão sendo analisadas com atenção, já que a ampla carência de infraestrutura pode ser entendida como boas oportunidades, afirma Santos.
Nessas operações, a Ethos financia projetos específicos a uma taxa de juros competitiva – ao redor de 5,5% -, sem ter qualquer interferência na gestão da empresa. A diferença da operação, segundo Santos, é a estrutura do colateral, que precisa ser líquida – diferentemente do que acontece em operações bancárias, em que se aceita como garantias ações ou imóveis. Em operações com valor entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões, a empresa precisa dispor de 25% do valor do empréstimo em “cash” e para operações com valores superiores a essa cifra, 20%.
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A Ethos planeja fechar 2023 com um total de US$ 840 milhões investidos no Brasil, e elevar esse volume para US$ 1,2 bilhão em 2024. Com essa aceleração, a ideia é que o país passe a ser seu segundo maior mercado. Ela tem hoje um patrimônio de US$ 7,1 bilhões, atua em 72 países e investe em 90 projetos. No mundo emergente, tem operações na África do Sul, Turquia e começou a olhar também para o Sudeste Asiático.
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