XP corta projeção do Ibovespa para 128 mil pontos ao fim de 2023 com juros globais em alta e destaca como se posicionar

Estrategistas da casa ainda destacaram três pontos de discussão do mercado: impacto do preço de commodities, agenda fiscal e como se posicionar

Lara Rizério

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Apesar da leve alta do Ibovespa em reais em setembro, o sentimento global de aversão ao risco continuou a pressionar os ativos brasileiros, conforme destaca a XP em relatório de estratégia.

Após os principais bancos centrais sinalizarem juros mais altas por mais tempo, as taxas dos títulos globais continuaram subindo e isso voltou a pesar sobre as ações globais, aponta a casa. As ações brasileiras também sofreram, caindo 0,7% em dólares.

“O tom recente do Federal Reserve foi mais duro do que o esperado, e agora temos o risco de que os preços mais altos de energia possam reacelerar a inflação. Nossa equipe de Economia XP revisou, recentemente, sua projeção para a taxa de juros dos EUA e agora está prevendo um aumento adicional de 25 pontos base”, apontou.

Confira abaixo o desempenho dos mercados em setembro e no acumulado do ano:

Conforme apontam os estrategistas Fernando Ferreira e Jennie Li, além de uma perspectiva macro global mais negativa, a política fiscal no Brasil continua sendo um tema chave.

Os estrategistas destacam algumas discussões principais que estão no radar do mercado e reduziram o valor justo para o Ibovespa para 128 mil pontos de 133 mil pontos para o final do ano, ou uma alta de 9,8% em relação ao fechamento de setembro, devido às taxas de longo prazo mais altas. Contudo, Ferreira e Jennie continuam vendo o múltiplo do Ibovespa como descontado, com o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) em 7,9 vezes, versus a média histórica de 11 vezes.

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Os pontos de discussão recente com o mercado são três: (i) o impacto dos preços mais altos de energia, (ii) a agenda fiscal do Brasil e (iii) como se posicionar.

Sobre o primeiro ponto, os estrategistas destacam que o principal desafio para a desinflação global é o recente aumento nos preços do petróleo. Contudo, a análise da casa mostra uma correlação positiva entre o petróleo e as ações globais.

Ao fazerem uma análise, os estrategistas apontam que, se os preços do petróleo continuarem subindo, as ações de energia brasileiras são melhores posicionadas para capturar essa tendência em comparação com seus pares nos EUA.

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Mas ponderam que a a extensão dessa reação também pode ser impactada pelo cenário macroeconômico, com preços mais altos de energia pressionando as taxas globais e, como resultado, os ativos globais.

Em segundo lugar, a XP aponta que a política fiscal voltou a pesar sobre os ativos brasileiros. Por um lado, existem riscos de aumento nos impostos corporativos, por outro lado, os riscos de o governo não atingir sua meta de resultado primário também são uma preocupação.

“O consenso do mercado é que alcançar a meta parece pouco provável, mas os investidores aguardam mais esclarecimentos. Nossa visão é que uma mudança na meta é negativa. Embora a não aprovação das medidas fiscais possa remover um uma grande incerteza para as empresas, poderíamos ver um efeito mais negativo no câmbio e nas taxas de juros, o que deve pressionar negativamente as ações”, avaliam os estrategistas.

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Por fim, em terceiro lugar, a XP destaca como se posicionar no atual cenário para o mercado. Os estrategistas apontam que setores e fatores mais defensivos têm desempenho mais positivo.

“No último mês, conversamos com vários investidores e uma das principais preocupações em relação aos setores sensíveis aos juros é que muitos já tiveram uma forte alta e parte dos ganhos está sendo revertida”, avaliam.

Fatores defensivos, como Alta Qualidade e Baixo Risco, também estão positivos, enquanto Crescimento tem desapontado. Da mesma forma, as Small Caps começaram a registrar perdas.

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“Ainda vemos espaço para setores que ficaram para trás performarem bem, apoiados pelo padrão histórico consistente de desempenho observado em ciclos de corte no passado. No entanto, é importante reconhecer que as atuais condições macro podem continuar a impactar os retornos desses setores/fatores”, apontam.

Com isso, na carteira Top 10 XP, os estrategistas reduziram sua exposição ao Varejo, retirando Grupo Soma (SOMA3) devido a preocupações com lucros fracos, mudanças tributárias e por ser um setor mais sensível aos juros.

Além disso, adicionaram outra ação do setor de Elétricas à carteira, Equatorial (EQTL3). Outra
mudança é a troca de Gerdau (GGBR4) por Vale (VALE3) com a expectativa de um
resultado do terceiro trimestre de 2023 mais forte do que o esperado (pelo consenso de mercado), embora a visão de longo prazo menos construtiva da casa não tenha mudado.

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Confira abaixo a carteira recomendada top 10 da XP para outubro:

Fonte: XP Investimentos

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.