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Após uma bateria de notícias negativas nos últimos dias, a Gerdau (GGBR4) realizou nessa quinta-feira (29) seu encontro com stakeholders e passou algumas visões mais positivas – ao menos na visão de analistas.
Greve de montadoras e incertezas econômicas nos Estados Unidos, onde a companhia tem quase metade do seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), “invasão” do aço chinês no Brasil e falas do atual presidente do seu conselho foram algumas das manchetes que minguaram os ânimos de investidores com a empresa.
De favorita do setor no último trimestre, a Gerdau passou a ser, para alguns, uma incógnita. No entanto, também há motivos para ânimo.
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O Itaú BBA, por exemplo, diminuiu sua expectativa de Ebitda de 2023 em 6%, para R$ 13,9 bilhões, mas ao mesmo tempo manteve sua recomendação de compra, reduziu o preço-alvo de R$ 31 para R$ 30, mas ainda com potencial de alta de 23% frente ao fechamento da véspera.
“A mudança [nas estimativas] se dá principalmente devido a resultados mais fracos do que o esperado no Brasil e na divisão de Aço Especial. Dito isso, nossa previsão de Ebitda consolidado para 2024, contudo, permanece praticamente inalterada, pois resultados mais fracos do que o esperado no Brasil são compensados por uma normalização mais suave dos resultados na América do Norte”, fala o time do banco brasileiro, liderado por Daniel Sasson.
Para 2024, eles projetam um Ebitda de R$ 5,1 bilhões na América do Norte e de R$ 4 bilhões no Brasil.
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“Apreciamos também a divulgação da administração do plano estratégico de despesas de capital de R$ 11,9 bilhões para 2021-2026, dos quais R$ 3,3 bilhões já foram desembolsados, pois a alocação de capital tem sido um tema-chave de discussão entre os investidores”, diz a equipe. “A média anual de R$ 2,5 bilhões está dentro da nossa estimativa de total de despesas de capital”.
O time de analistas do banco destaca que a Gerdau defendeu que os investimentos tendem a gerar Ebitda adicional nos próximos anos, o que poderia ser um upside frente às estimativas do mercado. Do total, R$ 2,5 bilhões serão destinados às operações nos Estados Unidos e R$ 7,4 bilhões, para o Brasil.
Dentro dos investimentos mencionados, parcela significativa inclui expansão em mineração (R$ 3,20 bilhões), expansão de laminadores de perfis no Brasil (R$ 1,75 bilhão) e roadmap em Midlothian (R$ 1,5 bilhão), onde os investimentos ainda estão em fase inicial. Em relação à reforma em Ouro Branco, a expectativa é de um investimento de R$ 1 bilhão em 2025 para estender a vida útil por mais 20 anos.
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“Segundo a Gerdau, esses projetos resultarão em uma capacidade adicional de 700 mil toneladas por ano de aço bruto e 1,4 milhão de toneladas por ano de produtos laminados, contribuindo com até R$ 4 bilhões em Ebitda incremental em 2021-31 (R$ 600 milhões dos quais já foram capturados). Se bem-sucedidos, a eficiência aumentada gerada por esses projetos poderia ser uma fonte importante de upside para as estimativas de mercado atuais.
Fora isso, o banco endereçou que a siderúrgica continua defendendo que tarifas de importações maiores são necessárias no Brasil. Hoje a carga tributária padrão para importação de produtos siderúrgicos fica entre 9% até 14,4% sendo que, para os diretores, seria mais justo algo próximo a 25% para coibir a venda de aço chinês, que seria subsidiado pelo governo asiático, no país.
“Ainda esperamos um ambiente doméstico desafiador. Com o Brasil representando aproximadamente 25% das receitas da Gerdau, as incertezas em relação a uma desaceleração econômica permanecem um risco. Com a demanda de setores baseados em investimentos ainda prejudicada neste ano e o desempenho do setor imobiliário em níveis fracos, acreditamos que a redução das taxas de juros é fundamental para uma retomada econômica e uma melhora nas operações domésticas”, explica a equipe da XP, encabeçada por Lucas Laghi.
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Já nos Estados Unidos, apesar da paralisação das montadores e do cenário macroeconômico mais fraco nos EUA, a Gerdau observou que a demanda por aço no país permanece resiliente, com sólidos backlogs de pedidos.
“A gestão está otimista com os ventos favoráveis provenientes do Infrastructure Investment and Jobs Act (IIJA), Inflation Reduction Act (IRA) e Reshoring”, fala o BBA, em relação a projetos dos EUA.
“Em relação à greve nas montadoras, a empresa não viu impactos significativos nos volumes de setembro. Além disso, mencionaram que se a greve continuar, poderá haver um impacto nas vendas futuras, embora a normalização dos estoques de veículos (os estoques de veículos nos EUA permanecem baixos) possa gerar volume adicional de aço para 2024”, comenta a XP.
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A equipe do JPMorgan, liderada por Rodolfo Angele, contextualiza que a demanda por produtos da Gerdau na América do Norte distribui-se da seguinte maneira: aproximadamente 25% é destinada à construção, 50% à distribuição e 25% à indústria.
“Apesar de a gestão antecipar um ambiente econômico mais desafiador nos EUA para o segundo semestre de 2023 e o ano de 2024, a demanda por aço deve se manter robusta. Os investimentos em infraestrutura devem gerar uma demanda adicional de 250 a 500 mil toneladas por ano em perfis estruturais e barras comerciais”, afirma.
“Adicionalmente, projeta-se um crescimento na demanda por vergalhões de 500 mil toneladas por ano ao longo dos próximos cinco anos. No setor de energia limpa, a empresa antecipa um aumento na demanda de 500 mil toneladas por ano, impulsionado principalmente por iniciativas solares até 2032. Além disso, a Gerdau espera um impacto positivo proveniente dos programas de reshoring no país”, acrescenta.
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O Bank of America, por fim, aponta que a gestão da companhia, apesar das dificuldades, vê a empresa bem posicionada para navegar em mercados desafiadores por conta da sua diversificação geográfica, seu portfólio de alto valor agregado e sua disciplina de alocação de capital.
“Mantemos nossa recomendação de compra para a Gerdau, particularmente devido à sua alavancagem para maiores gastos em infraestrutura nos EUA no futuro e devido ao valuation atrativo”, diz o BofA, que tem preço-alvo de R$ 30, mesmo do BBA.
A XP, atualmente, tem uma recomendação de compra para as ações preferenciais da Gerdau, com preço-alvo em R$ 32,80, upside de 35,8%. O JPMorgan está neutro com o papel, com preço-alvo em R$ 28,50, potencial de alta de 17,2%.