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Um crescimento rentável e seletivo: esse foi o primeiro pilar estratégico apresentado pelo Grupo CCR em evento para investidores realizado na manhã desta quinta-feira (28). Com este foco, mais ‘pé no chão’, Miguel Setas, CEO da empresa, explicou a ausência de participação da CCR nos leilões dos lotes 1 e 2 do Paraná. “Temos um pipeline extenso, mas seremos seletivos nas nossas escolhas”, afirma. Isso, explica Setas, tem relação com uma rigorosa alocação de capital, foco na criação de valor de otimização de portfólio.
A alocação de capital inclui uma execução de capex de forma rigorosa. Hoje, a companhia possui um saldo de investimentos com R$ 33 bilhões a serem executados. Desse valor, R$ 28 bilhões estão no modal rodoviário, R$ 3 bilhões em mobilidade urbana e R$ 2 bilhões em aeroportos. “Temos um estudo de plataformas por modal que visam gerar valor, otimizar capital, acelerar crescimento e simplificar gestão e estamos estudando cada uma delas”, afirma Setas.
Oportunidades de reciclagem de capital também serão avaliadas principalmente nos ativos que se enquadram em uma classificação de ‘desafiadores’ que não agregam ao portfólio, e os maduros ‘não-âncoras’, que são bons geradores de caixa mas não têm potencial de agregação de valor. O executivo disse que a diretoria já tem ideia de que ativos podem ser desinvestidos, mas que nenhuma decisão foi tomada pelo conselho.
Um setor que parece estar mais próximo de uma cristalização de valor na companhia é o aeroportuário. Para esse modal, o termo mais repetido foi ‘de-risking’, uma redução de risco de investimento. “Estamos muito atentos a movimentos de consolidação que podem trazer criação de valor”, afirma Setas, que não deixou claro se a CCR será compradora ou vendedora neste modal, embora reconheça que irá prezar por um limite de exposição. “Temos uma agenda de cristalização de valor no modal aeroportuário (…). A CCR vai cumprir suas obrigações e fazer um de-risking”, prossegue o CEO. Questionado também sobre uma possível oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) da vertical de aeroportos, Miguel Setas diz que a empresa não definiu o tema, mas que estuda todas formas de financiamento.
Embora a companhia esteja priorizando uma otimização de seu portfólio, a CCR mostrou aos investidores algumas concessões que estão sendo monitoradas pelo grupo. No modal rodoviário, destaque para os lotes 3 e 6 das estradas federais do Paraná e as BRs 341 e 040. No transporte coletivo, as oportunidades no radar estão no Trem Intercidades (TIC), que pretende conectar a capital paulista a Campinas e Sorocaba, além de assumir outras linhas de trens e metrôs da cidade — a empresa já opera as linhas 4, 5, 8 e 9 no Estado.
Em outra frente, com uma área estruturada apenas para avaliar a acompanhar a agenda regulatória, a empresa realizou, desde 2020, 17 ‘reequilíbrios’ contratuais. “Os contratos de concessão são os principais ativos da companhia. A gente espera que eles sejam seguidos até o fim. Mas eles são de 20, 30 anos, então é natural que haja mudanças”, afirma Roberto Penna, Vice-Presidente Jurídico. Algumas dessas negociações incluíram o encerramento de brigas na justiça que se arrastavam há mais de 10 anos.
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Novos negócios
A empresa também vai buscar negócios adjacentes. Um dos focos será em energia. “É quase inevitável”, diz o executivo que já comandou a EDP. Isso porque a CCR é a 40ª maior consumidora de energia do Brasil. Outro ponto de diversificação é a busca de receitas complementares no entorno dos ativos, como rodovias e mobilidade urbana. “Do lado de receitas complementares, estamos falando de uma projeção potencial de quadruplicar [de R$ 50 milhões para R$ 200 milhões] em receitas complementares”, afirma.
Em outra frente, uma parceria com a Secretaria da Fazenda ajudou no combate à fraude no transporte rodoviário com uso de eixos suspensos pelos caminhões. “Conseguimos aumentar nossa receita em uma média de 3,5%. Essa foi a primeira alavanca de valor que já estamos capturando”, diz Eduardo Camargo, vice-presidente do negócio de rodovias.
Ainda segundo Camargo, a empresa está trabalhando para não ter mais arrecadação em dinheiro em pedágios até 2026. Hoje, 70,4% dos pagamentos pedagiados são em forma de tag. Dos realizados em cabines, 30,5% são feitos com cartão. “Até 2026 vamos migrar para uma praça totalmente automática. No sandbox que estamos fazendo com a ANTT na Rio-Santos, conseguimos uma inadimplência de 13% – é um valor alto, mas bem menor do que esperávamos”, afirma. O ‘free flow’ que não depende de cabines para pagamento de pedágios também deve começar a funcionar na região metropolitana de São Paulo em 2025.
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De acordo com Setas, o investimento em infraestrutura, no Brasil, segue uma tendência abaixo do necessário. “Deveria estar em torno de 4% do PIB brasileiro e está em 2%”, resume Setas. Isso, segundo o executivo, dá um gap de US$ 80 bilhões em investimento nos próximos 10 anos. “Esse é um contexto muito construtivo para o nosso futuro e está beneficiado pelo cenário macro: em um momento de inflação controlada, regressão de taxa de juros e PIB consolidado. Nosso plano [de crescimento] alavanca esta realidade”, afirma.
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