Nome completo: | Catherine Duddy Wood |
Data de nascimento: | 26 de novembro de 1955 |
Local de nascimento: | Los Angeles, EUA |
Formação: | Bacharel em Finanças e Economia pela University of Southern California |
Ocupação: | Fundadora, CEO e CIO da Ark Invest |
Quem procura somente a segurança dos benchmarks nas estratégias passivas não está investindo de fato. Foi com essa convicção que Cathie Wood – a “guru da inovação” – criou a Ark Invest, gestora focada em ETFs que seguem tendências ligadas aos mais variados tipos de inovações tecnológicas, como robótica, Inteligência Artificial (IA), exploração espacial e criptoativos.
Mas somente romper padrões não basta. Segundo Cathie, para o investimento valer mesmo a pena, o ideal é que a aposta seja também uma pouco conhecida, fora do radar. Foi com essa busca constante por ações de crescimento e de baixa capitalização que ela antecipou a explosão da Tesla na bolsa, em 2018.
Apesar de sua capacidade visionária, ela é também alvo de duras críticas por parte de muitos gestores e investidores que seguem uma estratégia de valor. O foco exclusivo em empresas “prontas para mudar o mundo”, nas palavras de Cathie, fez os rendimentos do Ark Innovation, principal ETF da gestora, despencarem em 2022 quando os juros nos EUA começaram a subir.
“As empresas nas quais investimos estão sacrificando lucros de curto prazo para capitalizar o crescimento exponencial e as oportunidades altamente lucrativas que várias plataformas de inovação estão criando”, disse Wood em comunicado público feito no final de 2022.
Quem é Cathie Wood?
Catherine Duddy Wood nasceu em 26 de novembro de 1955 em Los Angeles, Califórnia. Primogênita de quatro filhos de um casal de imigrantes irlandeses, Cathie viu o pai atuar na Força Aérea dos EUA como um bem-sucedido engenheiro de sistemas de radar.
As frequentes mudanças da família para diferentes regiões do país fizeram com que ela se tornasse adaptável e despertaram sua curiosidade por inovações. Tanto é que, antes de optar pela carreira no mundo dos negócios, Cathie cogitou seguir os passos do pai na engenharia ou em alguma outra área voltada à ciência.
Suas boas notas lhe permitiram ingressar na University of Southern California, para cursar Finanças e Economia. Na faculdade, ela foi aluna do economista Arthur Laffer, famoso pela teoria de que a redução de impostos aumentaria a arrecadação. Cathie se refere a Laffer como seu mentor na universidade, e é forte defensora de que cortes de impostos beneficiam a inovação e, por sua vez, trazem crescimento econômico.
Trajetória profissional
Desde cedo, Wood se destacou na faculdade, e seu desempenho chamou a atenção de Laffer, que a indicou para a Capital Group, em 1981. Recém-formada, então com 22 anos, Cathie começou a trabalhar como economista-assistente em uma das maiores empresas de investimento da época.
Três anos depois, mudou-se para Nova York, onde foi contratada pela Jennison Associates. Enquanto a economia do país se recuperava após a desastrosa década de 1970, a carreira de Cathie ascendia. Em 18 anos de atuação na Jennison, ocupou os cargos de economista-chefe, gestora de portfólio e chegou a ser diretora administrativa da instituição.
Em 1998, seus objetivos profissionais a aproximaram de Lulu C. Wang, vice-presidente da Jannison que desejava começar o seu próprio fundo. Dessa forma, as duas criaram o Tupelo Capital Management, fundo multimercado que chegou a acumular US$ 800 bilhões em ativos sob gestão no ano de 2000.
A parceria com Lulu Wang durou três anos. Em 2001, Cathie se desligou da Tupelo para ingressar na Alliance Bernstein como diretora de investimentos. O mercado estava ainda se recuperando da bolha das “pontocom”, que iniciou em meados dos anos 1990 e chegou ao seu ápice em 2000. Na ocasião, Cathie recebeu da Bernstein US$ 5 bilhões para administrar e, contrariando a aversão ao risco da época, investiu em empresas inovadoras e com potencial de crescimento.
Até 2007, seu fundo superava os benchmarks (referências de mercado) com facilidade, mas, com a crise do subprime, em 2008, a volatilidade fez os rendimentos despencarem. Momentos como esses afetam diretamente a liquidez dos mercados, e as ações de crescimento – justamente o foco de Cathie – são as que mais sofrem, pois há menos compradores para esses ativos.
Preocupados com a perda de clientes e com os altos volumes de saques, executivos da Bernstein pediram à gestora que incluísse alguns fundos de índice no portfólio. Esses fundos atenuavam a volatilidade, mas também reduziam o desempenho da carteira, o que contrariava os princípios de investimento de Cathie.
Ark Invest e o início da fama
Para dar continuidade ao seu projeto de gestão ativa, ela deixou a Bernstein e fundou a Ark Invest em 2014. A partir daí, finalmente passaria a trabalhar exclusivamente com foco na “inovação disruptiva” nos investimentos. Ark é a abreviação para Active Research Knowledge, gestora de investimentos de atuação global e com mais de US$ 10 bilhões de patrimônio líquido.
O pontapé inicial veio com o auxílio de Bill Hwang, fundador da Archegos Capital, que forneceu o capital-semente para Cathie criar os primeiros quatro ETFs do portfólio da Ark. Em 2021, Hwang viria a ser acusado de fraude pela Securities and Exchange Comission (SEC, a “CVM americana”). Na ocasião, Cathie reconheceu publicamente o auxílio de Hwang:
“Ele forneceu o aporte inicial para nossos primeiros quatro ETFs, pelo que ficamos muito gratos. Foi em um momento em que a confiança na gestão ativa tinha simplesmente desaparecido, e o mercado estava cansado de incentivar novas estratégias”, disse em entrevista à CNBC.
Mesmo sendo uma gestora bastante requisitada há anos, Cathie não era tão conhecida no mundo dos investimentos até 2018. Isso começou a mudar depois de suas previsões em relação à Tesla, quando disse que as ações da companhia teriam valorização de mais de 1.000% em cinco anos. Na época, chegou a ser ridicularizada pelo comentário, mas os papéis da Tesla, de fato, subiram 1.100% entre março de 2020 e novembro de 2021, prognóstico que se concretizou antes do prazo.
Em 2020, finalmente veio a fama, quando seu principal fundo rendeu quase 150% em plena crise da Covid. Em suas declarações, Cathie reitera sempre que pode a filosofia disruptiva nos investimentos.
“Com o tempo, a inovação deve substituir as atuais tecnologias da indústria, aumentar a sua eficácia e ganhar participação majoritária no mercado”, disse há algum tempo.
Próximas apostas
Os ganhos de Cathie com a Tesla já ficaram para a história, e agora a gestora tem as atenções voltadas para os próximos ganhadores. Não coincidentemente, vem apostando em outro ativo “fora do radar” do investidor mais conservador: segundo ela, o Bitcoin (BTC) é a bola da vez, junto com inovações no campo da Inteligência Artificial.
A Ark Investment tem uma visão otimista para a criptomoeda, baseada em diferentes níveis de adoção da tecnologia, seja como um ativo global para diversificação de portfólio, ou até como moeda alternativa por países de economia em declínio: no pior caso, vê a moeda digital negociada a US$ 258.500 em 2030; e, no melhor caso, em US$ 1,48 milhão no mesmo prazo.
Sobre IA, Cathie disse que vê uma junção entre as duas coisas no futuro.
“A convergência entre Bitcoin e IA poderá transformar a forma como as empresas se organizam, causando um colapso nos custos e uma explosão na produtividade. Fiquei impressionada com as possibilidades que esses empreendedores brilhantes estão criando”, afirmou em publicação nas redes sociais em setembro de 2023.