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Os títulos indianos, a rúpia e algumas ações deverão registrar grandes ganhos depois que o JP Morgan disse que adicionará a Índia ao seu índice de referência de títulos de mercados emergentes.
O título de referência de dez anos cai quatro pontos base, para 7,13% ao ano, enquanto a rúpia ganha 0,2%, para 82,9 por dólar.
O tão aguardado anúncio é o primeiro feito por qualquer compilador de índices globais e deverá trazer bilhões de dólares de entradas para o mercado de dívida pública do país, que ronda o US$ 1 trilhão, a partir do próximo ano. É provável que os fluxos de capital aumentem nos próximos meses, mesmo antes dos fluxos reais do índice, à medida que os investidores procuram antecipar os eventuais movimentos.
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O índice FTSE Russell anuncia revisões de seus índices de renda fixa ainda este mês.
Min Dai, chefe de estratégia macro para Ásia no Morgan Stanley, escreveu que a inclusão do índice “terá um impacto profundo no mercado de títulos da Índia no curto e no longo prazo”.
“Apenas 30% dos investidores do GBI-EM (índice de títulos soberanos de países emergentes) têm exposição real à Índia nas suas carteiras, de acordo com a nossa base de dados. Portanto, o momento do anúncio é uma boa surpresa”, falou.
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A inclusão no índice também pode levar a novas reformas por parte das autoridades indianas nos próximos meses.
“Gostamos de títulos longos de dez anos sem hedge cambial e também adicionamos um título à nossa negociação de swaps indexados de 5 anos, pois esperamos que o swap de ativos fique mais restrito”, complementou.
Após a inclusão, os fluxos adicionais para o mercado G-sec (instrumentos de débito do governo) poderiam ser de US$ 18,5 bilhões por ano. Já a “internacionalização da rúpia” e a reforma do mercado de capitais da Índia poderiam levar à inclusão da moeda indiana no SDR (sigla que define uma cesta de moedas internacionais).
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Samiran Chakraborty, economista do Citi, espera que os rendimentos de dez anos caiam para 6,80% nos próximos meses. As taxas de OIS (overnight index swap) da Índia provavelmente cairão mais rapidamente no curto prazo, à medida que os hedges para posições de títulos forem anulados em meio à decisão do JPMorgan em adicionar o país ao seu principal índice.
Nagaraj Kulkarni, responsável pelas pesquisas sobre juros para Ásia (exceto China) do Standard Chartered, afirma que “os investidores estrangeiros terão acesso a um mercado grande e impulsionado por fatores idiossincráticos, enquanto os investidores nacionais darão as boas-vindas a investidores com diferentes preferências de risco-retorno”.
Efeito cascata
Gaura Sen Gupta, economista do DFC First, diz que a dinâmica da oferta de títulos para a segunda metade do ano já era favorável e que os rendimentos poderiam cair abaixo de 7% até março se o Bloomberg Global Aggregate Index também adicionar a Índia.
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Em sua avaliação, a demanda conjunta de bancos, investidores e os fluxos relacionados aos índices provavelmente representarão mais de 90% da oferta líquida do ano fiscal de 2025, o que significa que a demanda por bonds poderá exceder a oferta em 900 bilhões de rúpias no próximo ano.
Reduzimos a projeção da cotação da rúpia para a faixa de 81,50 a 81,50 por dólar para o resto do ano, ante 82 a 84 rúpias por dólar
Gaura Sen Gupta, economista do DFC First
Rajat Agarwal, estrategista do Societe Generale para a Ásia, afirma que “no momento em que os rendimentos dos bonds globais estão subindo e a taxa de desconto na bolsa está aumentando, o mesmo ocorrerá para as ações indianas após a inclusão no índice”.
“Os investidores que se queixam do custo das ações indianas verão agora as avaliações tornarem-se mais acessíveis à medida que a taxa de desconto diminui. Todos os setores sensíveis às taxas se beneficiarão da inclusão do índice e da subsequente redução do custo de capital”, avalia Agarwal.