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A Bolsa brasileira avançou nesta terça-feira (12) pelo segundo dia consecutivo. Se na véspera a alta foi puxada pelo cenário externo, principalmente pela China, hoje, o motivo do otimismo é mais interno: o IPCA de agosto veio abaixo do esperado.
O principal índice de inflação do Brasil teve leitura de 0,23% no oitavo mês do ano frente a julho, contra 0,28% do consenso do mercado. Na comparação anual, a alta foi de 4,61%. Entre os números da inflação, analistas destacam a nova queda de alimentos e a desaceleração de serviços.
O Ibovespa subiu 0,93%, aos 117.968 pontos – mas, na máxima da sessão, bateu nos 118.107 pontos, por volta do meio-dia.
Bolsa sobe puxada pelo IPCA
“O IPCA de agosto surpreendeu para baixo, apresentando boas notícias em serviços e nos núcleos. Em um primeiro olhar, o que realmente saltou aos olhos foram as baixas inflações registradas tanto nos serviços [como um todo] quanto nos serviços subjacentes [que desconsideram fatores temporários]”, diz Rafael Costa, analista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez.
“Como vínhamos mencionando recentemente, surpresas baixistas aqui seriam consideradas sinais que fortalecem um cenário de desinflação consistente”, completa.
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, afirma que a publicação foi uma boa notícia, apesar de atentar para a difusão e para o avanço dos núcleos.
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“Serviços e alimentação a domicílio foram destaque. A alta do IPCA foi causada por carros novos, com fim dos programas de incentivo, e combustíveis, com o repasse da Petrobras. Não muda o prognóstico de queda da Selic de 50 pontos-base em todas as reuniões do ano”, fala Gala.
Ibovespa: espaço para queda dos juros
A percepção de que a inflação está arrefecendo abre espaço para uma queda da curva de juros – uma vez que taxas maiores costumam ser aplicadas pelo Banco Central em tempos de alta dos preços para controlar a alta dos preços.
André Fernandes, head de renda variável da A7 Capital, vai um pouco mais longe, afirmando que o dado pode reforçar as apostas de um corte da Selic de 0,75 ponto percentual na reunião de dezembro.
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“Na nossa visão o resultado foi bom e já podemos ver isso sendo refletido principalmente na curva de juros que segue caindo”, diz o especialista.
Os DIs para 2024 perderam dois pontos-base, a 12,30%, e os para 2025, 5,5 pontos, a 10,44%. As taxas dos contratos para 2027 recuaram nove pontos, a 10,30%, e as dos para 2029, cinco pontos, a 10,86%. Os DIs para 2031 fecharam a 11,18%, com menos um ponto.
“Hoje tivemos um dia de forte apetite por risco na nossa bolsa, motivado principalmente pelo dado de inflação divulgado pela manhã que veio com números bem melhores do que a expectativa de mercado”, fala Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research. “Com isso, o juro futuro de longo prazo cedeu e abriu um espaço para um fluxo comprador relevante em ativos de beta mais alto, fortemente correlacionados com a economia brasileira e juro longo como construtoras e varejistas”.
Dólar
“O dólar, do outro lado, subiu refletindo a cautela em relação ao dado de inflação americana que será divulgado amanhã”, contextualiza Fernandes, da A7.
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A moeda americana ganhou 0,44% frente ao real, a R$ 4,953 na compra e na venda. Apesar da queda dos juros ser positiva para os ativos de risco, ela tende a desvalorizar o real, impactando o chamado carry trade – que consiste em investidores captando dinheiro no exterior através de empréstimos e trazendo para o Brasil.
Nos Estados Unidos, os treasuries operaram praticamente estáveis, com investidores cautelosos, aguardando a publicação do PCI (índice de preço aos consumidores, na sigla em inglês), um dos principais dados da inflação norte americana, de amanhã. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,05%, 0,57% e 1,04%, respectivamente.
Altas e baixas do Ibovespa
As maiores altas do Ibovespa ficaram para empresas que se beneficiam do recuo dos juros – como varejistas, empresas de crescimento e construtoras. As ações ordinárias da Petz (PETZ3) subiram quase 6% as da Magazine Luiza (MGLU3), quase 2,5%. Os papéis da Hapvida (HAPV3) e da CVC (CVCB3) ganharam, ambos, cerca de 4,3%.
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Mais cedo, as ações da Vale (VALE3) se destacavam no índice, ganhando quase 1,5%, mas desaceleraram a alta. Entretanto, em setembro, avançam cerca de 4%. Os papéis da mineradora, com peso importante no índice, repercutem a alta do minério de ferro na China, puxado pela demanda e por dados positivos.
Em relatório, o Bradesco BBI pontua o aumento de US$ 2 por tonelada durante a última semana, elevando a cotação da commodity para US$ 121 por tonelada.
“Esse aumento foi justificado pelo “sentimento de mercado mais forte em meio a uma demanda sazonalmente mais forte, restrições à produção abaixo do esperado e novos estímulos econômicos anunciados recentemente na China”, diz o banco.