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Só consultas e exames: serviços alternativos de saúde crescem no Brasil e disputam consumidor

Há diferenças entre plano de saúde e serviços alternativos: veja recomendações de Procon-SP e ANS

Gilmara Santos

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Pouco mais de 50 milhões de pessoas têm cobertura de algum plano de saúde no Brasil, segundo radiografia mais recente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Esse contingente poderia ser ainda maior se não fosse o peso gerado pelos serviços privados de saúde no orçamento das famílias, já impactado por dívidas e inadimplência.

De acordo com pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), nos últimos cinco anos, as mensalidades dos planos individuais cresceram 35,41%, enquanto as de planos coletivos apresentaram valores bem superiores. Veja:

Levantamento realizado pelo Instituto Datafolha, a pedido da Abramge (Associação Brasileira dos Planos de Saúde), mostra que 94% dos entrevistados que não contam com plano de saúde afirmaram que pagariam pelo benefício se pudessem.

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Sem recursos para arcar com planos tradicionais de saúde, o consumidor tem buscado customizar as coberturas que cabem em seu bolso para a garantia dos atendimentos. Com 7 milhões de usuários atendidos, a Tem Saúde, empresa que presta serviços de saúde no mercado de afinidades, diz registrar alta procura por essa modalidade.

“Influenciados pelos efeitos da pandemia de Covid-19 e pelo crescimento dos modelos de trabalho híbrido e remoto, profissionais de RH têm buscado soluções de baixo custo que promovam saúde mental e qualidade de vida para compor a suas cestas de benefícios”, afirma Mariana Esteves, vice-presidente comercial da Tem Saúde.

Um dos produtos da empresa é o Programa Tem Saúde, que oferece acesso à rede médica para consultas presenciais ou por telemedicina com valor fixo de R$ 50, exames com preços reduzidos e pronto atendimento virtual 24h.

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“Não viemos para substituir o plano de saúde, mas para atender a população que está há meses na fila do SUS [Sistema Único de Saúde] e para ser um complemento para quem tem plano”, afirma a executiva. O produto é vendido às empresas, que oferecem aos seus clientes, ou em parcerias com marcas do varejo.

A Clínica Cidade é outra que presta apenas serviços de consultas e exames, com valores médios na casa dos R$ 100. “É uma opção para o público que não tem condições de pagar por um plano de saúde, mas que também não pode esperar pelo ritmo de atendimento do SUS, que por mais que cumpra um papel social importante, está sobrecarregado”, diz Rafael Teixeira, CEO da companhia.

Quem também atua com clínica online é a Hero Teleconsulta. Com mais de 70 mil profissionais de saúde e mais de 3 mil psicólogos, contempla mais de 30 especialidades médicas, com planos que variam de R$ 24 a R$ 59 por mês.

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“O Hero Teleconsulta é contratado, em sua maioria, por pessoas que trabalham por conta própria como PJs, autônomos, profissionais liberais e sócios de pequenas empresas. Esses profissionais atuam como consultores, programadores, analistas de marketing, designers, arquitetos, advogados, vendedores e demais prestadores de serviço que não têm suporte e benefícios oferecidos pelo RH de uma empresa”, diz Miklos Grof, CEO da Company Hero, responsável pela gestão do negócio.

Grof explica que o consumidor recebe a guia digital durante a teleconsulta para procurar uma clínica e realizar o exame. Em casos mais delicados, o médico já envia o encaminhamento para um hospital no intuito de aprofundar o tratamento.

“Diferentemente do plano de saúde tradicional, o Hero Teleconsulta não dá cobertura para exames: a pessoa precisa pagar à parte. Porém, estamos desenvolvendo novos benefícios para a saúde dos profissionais independentes para disponibilizar, sem custo adicional, acesso a uma rede credenciada para fazer exames e adquirir medicamentos com descontos e preços mais acessíveis”, afirma o executivo.

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Cuidados

Especialistas alertam que os consumidores devem ficar atentos aos serviços oferecidos. “É importante destacar que os planos de saúde têm várias regras para seguir, o que dá segurança ao usuário. É preciso que o consumidor avalie bem o produto que está adquirindo e pesquise a empresa para não cair em cilada”, alerta Marcos Novais, superintendente executivo da Abramge.

O Procon-SP destaca, por meio de nota, que os tipos de planos de saúde regulamentados pela ANS e pela legislação e suas respectivas coberturas são os seguintes:

“Com relação às ofertas de serviços alternativos é preciso verificar como são apresentados ao consumidor, para que não haja uma falsa percepção de contratação de um plano de saúde”, complementa nota do Procon-SP.

Procurada, a ANS informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os planos de saúde no Brasil são regulados e não podem ter limitação de consultas e exames, conforme legislação vigente do setor.

A agência salientou que não possui dados sobre os produtos citados nesta reportagem. “Tratam-se, muito provavelmente, de cartão-desconto. Os sistemas de descontos não são planos de assistência à saúde. As operadoras de planos privados de assistência à saúde são proibidas de participarem da operação de produtos que não sejam planos de saúde. Sendo assim, as modalidades “cartão-desconto” e “cartão pré-pago” não podem ser oferecidas por essas empresas ou estar vinculadas às mesmas”, finaliza a nota da ANS.

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC