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Dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) mostram que o índice de sinistralidade (que é relação entre o valor pago pelos usuários com as mensalidades e o gasto com procedimentos médicos) está em uma crescente, com índices de 87,3% em 2022.
Além disso, nos últimos três anos, o custo do sinistro por vida cresceu a uma velocidade maior que o dos prêmios por vida, 6,4% ano após ano (o crescimento anterior era de 5,9%), o que resulta em um cenário de compressão de margens e busca por redução do custo unitário, como negociações com prestadores e necessidade de melhor gestão do uso dos benefícios.
Uma iniciativa encontrada pelas operadoras para minimizar gastos é o investimento em medicina preventiva e em programas de gestão de saúde. Tais ações têm como foco tanto o aumento da qualidade de vida dos beneficiários quanto a redução da demanda por procedimentos médicos de maior custo.
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Entre as razões que fazem os usuários aderiram aos programas estão:
- Preocupação com uma doença impossibilitar o usuário de trabalhar e gerar renda para o sustento da família;
- Avanço das tecnologias digitais derrubou barreiras e gerou mais conveniência para o usuário, como as consultas por telemedicina e o acompanhamento médico via aplicativos, por exemplo.
Contudo, nem sempre os usuários percebem a oferta desses programas como um benefício. Pesquisa da consultoria Bain & Company, realizada no primeiro semestre do ano com cerca de 12,5 mil usuários de planos de saúde no Brasil e obtida com exclusividade pelo InfoMoney, mostra que mesmo que a maioria dos usuários dos planos de saúde tenha conhecimento da existência dos programas, eles ainda apresentam baixa adesão.
Em todas as faixas etárias e de renda, 76% dos beneficiários sabem que têm à disposição iniciativas de prevenção. De acordo com Luiza Mattos, sócia da Bain e especialista em healthcare, as duas grandes razões que justificam o interesse nos programas é que a temática de saúde preventiva vem ganhando força no país – até mesmo antes da pandemia de Covid-19. “O envelhecimento da população, o maior acesso à informação, a própria educação da população e conscientização com relação a isso, já vinham tornando esse tema de prevenção algo mais presente na vida das pessoas”, diz. No entanto, a utilização varia de acordo com o perfil do consumidor.
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Luiza conta que a utilização entre homens e mulheres é muito similar. Já do ponto de vista da idade, é levemente maior pelos mais jovens. “Se a nossa média estava ali nos 24% de utilização, a gente vê em torno de 27% para 18 a 29 anos e depois, para mais de 50 anos, isso é 19%”, relata a especialista.
Os programas preventivos voltados para a saúde mental lideram a proporção de uso (45%), seguido por programas de check-up de rotina (43%) e bem-estar e hábitos saudáveis (40%).
Segundo a especialista, a pandemia contribuiu para o interesse e a utilização de programas de saúde mental, uma vez que o confinamento fez crescer o número de casos reportados. Contudo, Luiza observa que a adoção de tecnologias para atendimento digital – como a telemedicina – contribuiu para a utilização e o contato com o psicólogo digitalmente.
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Essa facilidade, inclusive, faz com que o índice de utilização se mantenha estável. “Mesmo depois da pandemia, quando se começou a ver a retomada de consultas presenciais, esse foi um campo onde não diminuiu. Houve aumento e migração para o digital e a gente não está vendo uma migração de volta, para o físico. [O espaço digital] é um lugar onde esse tipo de programa consegue entregar uma proposta de valor para o beneficiário e uma resolutividade muito maior”, explica.
O que ainda falta?
Na avaliação de Luiza, apesar dos benefícios que os programas com foco em prevenção podem trazer aos usuários, é preciso que as operadoras de planos de saúde os promovam “de uma maneira coordenada e organizada”. Do contrário, podem gerar mais custos do que economia.
Falta ainda para as operadoras explicarem com mais clareza para o usuário como funcionam esses programas. “Nossa pesquisa mostrou que o awareness [conhecimento] é relativamente alto. Temos aí quase 76% das pessoas que sabem que existe um programa, mas de saber até elas entenderem, é uma outra coisa”, observa a especialista.
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Segundo ela, para avançar nesse entendimento é essencial “engajar os próprios médicos nesse papel”. Afinal, é com os profissionais de saúde que o usuário tem a sua maior relação de confiança. “Esse papel está ainda um pouco solto nesse processo. Como é que isso pode ser uma alavanca que inclusive ajude o médico, seja um clínico ou profissional da medicina da família que faz aquele acompanhamento?”, sugere Luiza.
Em terceiro lugar, a especialista acredita que é essencial que as operadoras de saúde criem jornadas de uma maneira que considerem o usuário no centro, comprovando a ele os reais benefícios e contribuindo para aumentar a aderência aos programas de medicina preventiva e gestão da saúde.
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