Preços ao produtor têm sexta queda seguida em julho, puxados por alimentos

Em 12 meses, o indicador acumula retração de 14,07%, renovando a marca mais baixa da série histórica; índice acumulado no ano caiu 7,23%

Roberto de Lira

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O Índice de Preços ao Produtor (IPP) acumulou o sexto mês seguido de variação negativa em julho, após queda de 0,82% em relação a junho, informou nesta quarta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o indicador acumula retração de 14,07%, renovando a marca mais baixa da série histórica. O índice acumulado no ano atingiu retração de 7,23%.

O indicador veio abaixo da mediana dos analistas que esperavam uma queda de 2,99% no mês.

Segundo o IBGE, em julho, 16x das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações negativas de preços quando comparadas ao mês anterior. Em junho 19 das atividades tinham mostrado deflação em relação a maio.

Segundo Murilo Alvim, analista da pesquisa, o resultado de julho mostrou a manutenção da tendência recente: nos últimos 12 meses, em 11 os preços na indústria recuaram na comparação mensal. “Uma das explicações é a queda do dólar. Só este ano, o dólar registra desvalorização de 8,4%. Com isso, o preço em real do produto exportado diminui e, ao mesmo tempo, o custo das matérias-primas que são importadas também fica menor”, explicou em nota.

Das atividades em queda, o setor de maior influência em julho foi o de alimentos, que caiu 1,36% e colaborou com -0,33 ponto percentual no resultado geral da indústria.

“Além do dólar, há uma tendência de queda em diversas commodities. Com isso, o setor de alimentos apresentou maiores reduções nos grupos de carnes e laticínios, explicadas pela diminuição do custo de aquisição de commodities como o milho e soja, que são os principais componentes da ração para os animais”, detalhou Alvim.

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Outras commodities

Além das agrícolas, outras duas commodities que têm apresentado quedas ao longo do ano são os óleos brutos de petróleo e os minérios de ferro. “Esses produtos impactam diversos setores da indústria nacional, como o de refino de petróleo e biocombustíveis e o de metalurgia, que têm apresentado quedas correntes e acumuladas na pesquisa”, destacou o analista do IBGE

Essas commodities, porém, apresentaram alta na passagem de junho para julho, o que ajuda a explicar o aumento observado nas indústrias extrativas. Os preços de julho desse setor subiram 5,08% ante junho, registrando a maior variação do mês e a terceira maior contribuição (0,22 p.p.).

Porém, o acumulado no ano permanece negativo (-1,43%). “O aumento observado nos preços do petróleo em julho está ligado à expectativa do mercado por uma redução global da oferta do produto, após a diminuição de estoque nos EUA e corte na produção de países como Arábia Saudita e Rússia”, afirmou Alvim.

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Os minérios de ferro também tiveram alta no mês, embora ainda apresentem queda acumulada na comparação com julho de 2022. Segundo o analista, em julho o mercado reagiu com expectativa de aumento de demanda após o lançamento de um plano de incentivo econômico da China voltado à construção.

Ainda assim, aproveitando a redução nos custos de aquisição da commodity nos últimos meses, o setor de metalurgia teve queda de 2,59% em relação ao mês anterior, marcando o terceiro resultado negativo consecutivo. Foi a quarta variação mais intensa entre as atividades, assim como a quarta principal influência no resultado geral da indústria (-0,17 p.p. em -0,82%).

Não duráveis têm maior queda

Todas as grandes categorias econômicas apresentaram queda na passagem de junho para julho. A de bens de consumo caiu 1,19%, sendo que a variação dos duráveis foi de -0,22%, ao passo que nos semiduráveis e não duráveis foi de -1,39%. Já os bens intermediários caíram 0,63%, enquanto os bens de capital tiveram redução de 0,42%.

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No acumulado no ano, a variação das grandes categorias econômicas chegou a -10,84% em bens intermediários, a maior no período. No caso de bens de capital, ficou em -1,69% enquanto em bens de consumo foi de -2,51%. Os bens de consumo duráveis acumularam variação de 1,54%, enquanto em bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi de -3,30%.

No acumulado em 12 meses, a variação de preços de bens de capital foi de 0,81% enquanto os preços dos bens intermediários variaram -19,80% neste intervalo. Já a variação em bens de consumo foi de -7,08%, sendo que bens de consumo duráveis apresentou variação de 3,51% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de -9,01%.