Inclusão, transparência e menos corrupção: como vai ser o Drex na prática, segundo 9 executivos de criptos

Especialistas enviaram para a reportagem suas avaliações e perspectivas sobre a moeda digital brasileira

Lucas Gabriel Marins

(Getty Images)
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O Drex, a moeda virtual do Banco Central (BC), não é uma criptomoeda. Apesar disso, os especialistas da indústria cripto nacional estão empolgados com a nova tecnologia, que funcionará como uma versão virtual do papel-moeda.

Nove executivos de empresas ligadas ao setor financeiro brasileiro enviaram para o InfoMoney suas avaliações e perspectivas sobre o Real Digital no médio e longo prazo.

“O Brasil foi um dos primeiros governos do mundo a implementar o projeto de uma forma tão estruturada, então o Banco Central está saindo à frente novamente e colocando o país na vanguarda da área de inovação financeira”,  disse Marian Canteiro, diretora executiva da ABFintechs.

Thiago Saldanha, CTO da Sinqia, disse que o Drex vai possibilitar transações mais rápidas, seguras e prática. No entanto, completou, “sua adoção só vai acontecer de forma natural e rápida se os bancos implementarem novas experiências e funcionalidades em cima dessa possibilidade”.

A primeira fase do piloto do Real Digital deve ser finalizada em maio de 2024, segundo o BC. No entanto, a moeda digital só poderá ser testada pela população na virada de 2024 para 2025, no final do mandato do atual presidente Roberto Campos Neto.

Inclusão da população

Vinícius Oliveira e Silva, head de P&D da Sinqia Digital, disse que o Drex irá incentivar a inclusão da população em serviços mais digitalizados, como ocorreu com o Pix, levando as pessoas para um ecossistema até então restrito aos entusiastas do mercado dos tokens.

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“Uma moeda fiduciária, em blockchain, com liquidez e ancorada pelo Banco Central, além de ser uma nova forma de ativo, fará com que um novo ecossistema de serviços e produtos seja criado”, falou. O Drex vai rodar no Hyperledger Besu, uma espécie de livro-contábil digital que registra as transações feitas pelos usuários.

Ele falou também que a moeda digital brasileira deve expandir o portfólio de serviços oferecidos e facilitar a negociação entre duas partes, como em uma venda de carro, em que a transferência entre o bem e o pagamento depende da intermediação de uma série de instituições.

“Pelo fato de ser uma “moeda” monitorável/rastreável e programável, esse tipo de operação, chamada Delivery versus payment (DVP, ou entrega versus pagamento), pode ser feita de forma atômica, eliminando o risco da falta de uma das partes, e também reduzindo os custos agregados pelos intermediários da transação”, disse.

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Claudio Just, CBDO da Transfero, também acredita que o Drex tem potencial para aumentar a inclusão financeira, agilizar transações e estabelecer regulamentações, principalmente em parceria com as stablecoins privadas. “Vemos a chegada do Real Digital como um avanço significativo para modernizar o sistema financeiro brasileiro”.

Transparência e menos corrupção

Ricardo Dantas, CEO da Foxbit, falou que o Drex, ao converter ativos e direitos em tokens digitais, não só promete transações mais seguras e transparentes, mas também “redefine a maneira como encaramos o valor e a propriedade na economia digital”.

A visão de Dantas é parecida com a de Yan Martins, CEO da Hathor Labs. Segundo o executivo, a aplicação da tecnologia blockchain para o Real Digital aumentaria a transparência e permitiria uma melhor rastreabilidade nas transações financeiras, reduzindo potenciais atividades ilícitas.

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Renato Nobile, CEO e gestor da Buena Vista Capital, também aposta que o Drex pode diminuir consideravelmente a corrupção, uma vez que a nova moeda digital brasileira é rastreada e imutável na blockchain, que teve seu primeiro caso de uso no Bitcoin.

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Tokenização e mercado financeiro

André Carneiro, CEO da BBChain, falou que um dos principais benefícios da nova tecnologia é a possibilidade de os players do mercado conseguirem criar smart contracts (contratos inteligentes) que permitem a troca entre o Drex e criptoativos.

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“Esses processos automatizados, via smart contracts, devem reduzir os custos e erros operacionais, além, é claro, dos intermináveis processos de conciliação e reconciliação, dado que as operações/transações são atômicas”.

Felipe Brasileiro, diretor operacional da LoopiPay, também aposta que o Drex vai melhorar as negociações no âmbito das instituições financeiras.

“A tokenização vai permitir mais negociação de ativos de baixa liquidez, além de gestão de colateral no mercado de capitais de forma mais eficiente e securitização automática de empréstimos, permitindo o pagamentos de dividendos ao portador do token”.

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Varejo e atacado

Para Brasileiro, o Drex também pode trazer inovações e maior eficiência em segmentos como o varejo, cujo maior desafio ainda é reforçar o caixa, e o atacado.

No varejo, disse ele, a nova moeda digital brasileira pode viabilizar pagamentos digitais de baixo valor e automatizados, ou transferência de direitos de posse/propriedade somente quando todos os requisitos são cumpridos.

No atacado, falou, a tokenização da economia vai permitir maior distribuição e confiança, reduzindo a quantidade de intermediários e contrapartes de uma negociação.