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O “efeito Mubadala” continua. Após a disparada de 15,70% na sexta e de 20,86% na sessão da véspera, as ações da Zamp (ZAMP3), que opera as redes de fast food Burger King e Popeyes no Brasil, registraram mais uma alta na sessão.
Os ativos dispararam na sessão desta quarta-feira (23) 14,09%, a R$ 5,75, ainda que analistas sigam cautelosos com os ativos. Assim, em apenas quatro sessões (contando a leve queda de 0,71% na segunda), os ativos tiveram disparada de cerca de 58,40%.
Os papéis sobem forte com a notícia do investidor revelado que comprou uma fatia dos ativos da companhia.
No último pregão da semana passada, os ativos saltaram com a notícia do leilão para que um investidor comprasse participação de 4,9% da empresa, com a operação marcada para a terça-feira desta semana, às 11h (horário de Brasília). Com as demonstrações de interesse no papel, os ativos dispararam naquela sessão.
O investidor misterioso pretendia comprar cerca de 13,5 milhões de ações inicialmente a R$ 3,81, acima do preço de fechamento de quinta-feira (17 de agosto) de R$ 3,63.
Já na última terça, dia efetivo do leilão, os ativos subiram ainda mais, quase 21%, enquanto o Ibovespa subiu 1,5%.
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Depois do fechamento do mercado, foi revelado quem abocanhou a participação: a companhia informou em comunicado ao mercado que o Mubadala, fundo soberano do Emirados Árabes, aumentou sua participação acionária para 47.830.800 ações ordinárias de emissão da companhia, representativas de aproximadamente 17,4% do capital social total da empresa.
Também foi comunicado que a Vinci Capital reduziu a sua participação de 5,27% para 3,63% do total de ações da Zamp, passando a deter 9.986.836 ações ordinárias.
Em sua carta à administração, a Mubadala afirmou que pretende ser um investidor ativo na Zamp e colaborar no desenvolvimento e execução da estratégia da empresa, além de estar analisando a possibilidade de aumentar sua participação no futuro.
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Cabe lembrar que o Mubadala havia lançado uma oferta pública para adquirir 100% das ações da rede de fast-food por R$ 8,31 por ação no ano passado, mas a oferta acabou sendo retirada. Isso porque a detentora da marca global do BK, RBI, levantou preocupações sobre a continuidade dos acordos de franquia-mestre da Zamp para as marcas BK e Popeyes, uma vez que algumas afiliadas da Mubadala aparentemente estavam envolvidas em atividades concorrentes à RBI.
Ainda nesse contexto, um dos acionistas minoritários da ZAMP3, Mar Asset Management, solicitou uma assembleia de acionistas extraordinária. No encontro, os acionistas deliberarão sobre uma cláusula de pílula de veneno ou poison pill (cláusula que exige a realização de oferta pública de aquisição de ações por qualquer acionista que adquirir uma participação relevante na companhia). A ideia é evitar uma aquisição hostil e também mudanças materiais na estrutura acionária da empresa. A reunião está prevista para ocorrer em 31 de agosto.
Na visão do Bradesco BBI, a decisão de Mubadala de elevar a participação uma semana antes da assembleia de acionistas pode indicar que o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos quer ter palavra sobre uma possível introdução de “poison pill” no estatuto de Zamp.
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Neste ponto, avalia, ainda é muito cedo para afirmar se uma tentativa de aquisição hostil acontecerá e se tal movimento desencadearia uma oferta pública.
No entanto, apontam os analistas do banco, a Zamp deve ter uma disputa acirrada de acionistas nos próximos meses, já que a empresa não possui um grupo de controle com a maioria das ações.
O Goldman ainda destaca que, em termos de liquidez, após a conclusão da operação, “o “free-float” das ações da Zamp foi reduzido em 29,66 milhões de ações, para 51,9% do total de ações em circulação, o que se compara ao volume médio de negociação dos últimos três meses de cerca de 2 milhões de ações por dia.
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Distração?
A equipe de research do Goldman avalia que a movimentação ocorre em meio a uma mudança na estratégia corporativa da empresa, pois a administração concentra-se na recuperação da lucratividade e na geração de fluxo de caixa livre, desacelerando o crescimento de curto prazo. Os resultados do segundo trimestre foram considerados fracos e abaixo das expectativas, sem crescimento em vendas nas mesmas lojas (SSS) para o Burger King e uma severa contração anual na margem Ebitda pré-IFRS 16, apesar da melhora na margem bruta, conforme destacou o Itaú BBA.
Com várias incertezas ainda a serem esclarecidas em relação às MFAs (acordos de franqueados principais), controle e liquidez, o Goldman Sachs mantém avaliação neutra para as ações da Zamp e segue com preferência relativa pelas ações (negociadas nos EUA) da Arcos Dorados Holdings, responsável por milhares de lojas do McDonald’s em todo o mundo, com classificação de compra para a última.
Na mesma linha, o BBI tem recomendação neutra para a Zamp. O banco aponta que a empresa está passando por uma grande mudança de estratégia ao cortar custos/despesas enquanto luta para reanimar as vendas e proporcionar alavancagem operacional.
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“Vemos esse novo episódio na disputa pelo controle da Zamp como uma distração em meio a uma estratégia de recuperação e baixo desempenho versus seu principal concorrente direto”, destaca.