Comandante do Exército diz que força deve se pautar por legalidade e manter coesão

Reservadamente, uma fonte da instituição disse que a força está investigando as declarações do hacker Walter Delgatti Neto à CPMI do 8 de Janeiro

Reuters

Brasília (DF), 19/04/2023 - O comandante do Exército, General Tomás Paiva, durante cerimônia comemorativa do Dia do Exército, no Quartel-General do Exército, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 19/04/2023 - O comandante do Exército, General Tomás Paiva, durante cerimônia comemorativa do Dia do Exército, no Quartel-General do Exército, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou em uma diretriz encaminhada a seus comandados que a força terrestre é uma instituição do Estado e apartidária e deve se pautar pela legalidade e pela manutenção da coesão.

A posição do chefe do Exército ocorre após acusações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto à CPI mista do 8 de janeiro de que ele foi no ano passado ao Ministério da Defesa se reunir com militares para fazer um relatório que questionava as urnas eletrônicas.

O próprio Delgatti, que chegou a mencionar o envolvimento do então presidente Jair Bolsonaro na contestação às urnas, afirmou à comissão que o sistema eleitoral brasileiro é seguro.

“O Exército Brasileiro (EB) é uma Instituição de Estado, apartidária, coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão”, disse Paiva.

“Os quadros da força devem pautar suas ações pela legalidade e legitimidade, mantendo-se coesos e conscientes das servidões da profissão militar, cujas particularidades tornam os direitos e os deveres do cidadão fardado diferentes daqueles dos demais segmentos da sociedade”, destacou.

A manifestação do comandante foi divulgada na Ordem Fragmentária número 1 na sexta-feira, com a diretriz especial de apoio à gestão institucional 2023/2024.

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O Exército informou que não iria se manifestar oficialmente sobre a fala de Delgatti. Reservadamente, uma fonte da instituição disse que a força está investigando as declarações do hacker.

Tanto a CPI quanto o Supremo Tribunal Federal investigam o envolvimento de militares em ações para deslegitimar o processo eleitoral durante o governo Jair Bolsonaro e nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando vândalos apoiadores radicais do ex-presidente invadiram e depredaram o Palácio do Planalto e os prédios do STF e do Congresso Nacional.

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo instituto Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, apontou que a desconfiança nas Forças Armadas cresceu entre os que votaram em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial do ano passado.

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O levantamento mostrou um aumento de 13 pontos percentuais, de dezembro passado para este mês, entre os eleitores de Bolsonaro que dizem não confiar nos militares, chegando a 20%. Houve também uma queda daqueles que dizem “confiar muito” nas Forças Armadas, de 61% para 40% no período.

Entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva houve uma oscilação dentro da margem de erro. Segundo o levantamento, a maior parte, 43%, disse “confiar pouco” nos militares.

No público em geral, o percentual dos que afirmam “confiar muito” nos militares caiu 10 pontos, para 33%, ao passo que o índice dos que dizem “confiar pouco” aumentou 5 pontos, para 41% e os que não confiam foram de 18% para 23% de dezembro para agosto.

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O instituto Quaest ouviu 2.029 pessoas presencialmente entre os dias 10 e 14 de agosto. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.