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“Mudanças Estruturais na Economia Global” foi o tema escolhido para o 46º simpósio anual de Jackson Hole, que acontece no Wyoming (EUA) entre os dias 24 e 26. O encontro é organizado pelo Federal Reserve de Kansas City e reúne banqueiros centrais ou seus representantes de todo o mundo, além de acadêmicos e outros pensadores econômicos influentes. Para o mercado, a expectativa é sempre pelo discurso inicial do presidente do Fed, Jerome Powell.
Segundo a assessoria de imprensa do Banco Central do Brasil, não há previsão de participação do presidente Roberto Campos Neto no encontro deste ano. Em 2021, ele participou remotamente e, em 2022, foi representado pela diretora de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos, Fernanda Guardado.
A fala de Powell pode dar pistas das próximas decisões do Fomc, num momento em que pairam dúvidas sobre o quão próxima está a interrupção do ciclo de altas de juros nos Estados Unidos. A ata da última reunião do comitê de política monetária deu bastante ênfase à resiliência da atividade econômica americana, mesmo em mio ao ciclo de aperto.
Os participantes chegaram a tirar do mapa uma menção frequente de recessão branda ainda neste ano no país. Também foi destacado que, tanto a inflação nominal como seu núcleo desaceleraram nas últimas leituras, mas que permanecem em patamar levado. Assim, analistas reforçaram suas apostas numa manutenção das taxas na reunião de setembro, mas chegaram ainda a um consenso sobre a decisão seguinte.
Segundo a plataforma CME Fed Watch, a probabilidade de manutenção é dos juros em novembro é de 62,6%, mas 34,5% da projeções apontam para uma alta de 25 pontos-base.
Sobre as falas anteriores de Powell em Jackson Hole, a de 2022 foi feita num momento bem mais desafiador que o atual. Em agosto do ano passado, a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de 12 meses estava em 8,3%, após ter atingido 9,1% em junho. Agora, o último dado de julho mostrou um CPI de 3,2%.
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No ano passado, Powell fez seu discurso quando o Fed estava acelerando suas altas de juros para 0,75 ponto percentual a cada reunião, ritmo que só caiu para 0,50 p.p. em dezembro. Portanto foi natural que o presidente do Banco Central americano tivesse na ocasião falado em tom mais duro, afirmando que o ciclo de altas iria continuar até que o trabalho estivesse concluído.
“Restaurar a estabilidade de preços levará algum tempo e requer o uso vigoroso de nossas ferramentas para equilibrar melhor a demanda e a oferta. A redução da inflação provavelmente exigirá um período sustentado de crescimento abaixo da tendência”, disse à época.
O discurso foi bem diferente do proferido em 2021, quando Powell também citou sua preocupação com a inflação decorrente da reabertura da economia pós restrições de combate à pandemia de covid-19, mas comentou que os efeito disso provavelmente seriam temporários.
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Como o tema deste ano destaca a economia global, a perda de força da China deve entrar nos radares das discussões. Economistas do Peterson Institute for International Economics tem alertado para o ritmo ainda lento de recuperação econômica do gigante asiático após fim da política de covid zero, com limitações extremas de circulação de pessoas. Isso naturalmente trará impactos à atividade global.
De qualquer forma, o encontro é de debates e de troca de informações, algo bastante útil numa época em que os bancos centrais da maior parte das grandes economia está trabalhando de forma mais coordenada para conter pressões inflacionárias.
Para quem se pergunta os motivos que levam a um encontro dessa importância acontecer num local inusitado como o Jackson Lake Lodge, um eco hotel está localizado entre as montanhas no coração do Parque Nacional Grand Teton, os historiadores lembram que o Fed de Kansas City mudou a localização no início dos anos 1980. Conta-se que, com isso, os diretores tentavam garantir a presença do ex-presidente do Fed Paul Volcker, que raramente recusava convites para locais onde era possível pescar durante os intervalos.