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Anunciado pela JBS (JBSS3) em julho, o plano de dupla listagem de ações da empresa, no Brasil e nos Estados Unidos, ainda gera dúvidas no mercado. Uma das questões envolve os índices que ajudam a nortear os investidores “passivos”, aqueles que, em lugar de acompanhar empresa por empresa, optam por investir no Ibovespa.
Com a dupla listagem, as ações da companhia serão negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) e na B3. Brazilian Depositary Receipts (BDRs) Nível II serão negociados na bolsa brasileira, lastreados nas ações Classe A listadas na NYSE, e os acionistas minoritários poderão cancelar os BDRs em qualquer momento para deter ações Classe A.
Com isso, a ação da JBS não fará mais parte do Ibovespa, o principal índice de referência da Bolsa brasileira. Volta e meia o CFO da empresa, Guilherme Cavalcanti, é questionado sobre como ficará a liquidez das ações a partir daí. A resposta é simples: de fato, a JBS sairá do Ibovespa, cuja participação tem reflexo em menos de 0,5% de seu capital; mas o caminho para que a empresa participe de índices americanos está pavimentado.
Os índices Russell US, por exemplo, elaborados por uma companhia controlada pelo Financial Times, são os primeiros que vêm à mente de Cavalcanti em conversa com o IM Business. Ele lembra que os fundos de investimentos que têm os Russell como “benchmark” somam cerca de US$ 10 trilhões, ao passo que o valor de mercado total das empresas que compõem o Ibovespa não chega a US$ 1 trilhão.
Há também os índices MSCI (Morgan Stanley Capital International), mas, pensando grande, a JBS quer mesmo é fazer parte do Standard & Poor’s 500, o principal da NYSE, que inclui as 500 maiores empresas de capital aberto dos EUA. Lá estão companhias como Microsoft, Apple, Google e Johnson & Johnson, e os fundos passivos que o seguem somam US$ 16 trilhões – o valor de mercado total das empresas que negociam suas ações na NYSE e na Nasdaq, por sinal, atinge US$ 50 trilhões.
Uma vez listada nos EUA, a JBS ainda teria que esperar entre seis e 12 meses para ser incluída do S&P 500, e, para tal, teria que alcançar uma “market cap” de US$ 13 bilhões. Atualmente a market cap (valor do total das ações em circulação de uma empresa, pela cotação da bolsa) da JBS chega a cerca de US$ 8,5 bilhões, mas Cavalcanti afirma que a meta pode ser alcançada sem maiores percalços.
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Ele lembra, por exemplo, que a Pilgrim’s Pride, empresa com ações da Nasdaq na qual a JBS tem participação de 82%, tem market cap da ordem de US$ 6 bilhões, o que sugere que o espaço para o crescimento do valor referente à companhia brasileira, que lidera as vendas de proteínas animais no mundo com faturamento anual de quase R$ 400 bilhões, está aberto. “Temos tamanho para isso. Mais da metade das nossas vendas são nos EUA”, afirma Cavalcanti.
O CFO também observa que o peso da gigante brasileira nos EUA já é sentido nos índices de mercado de dívidas Bloomberg Barclays. Ali estão dívidas que somam, no total, US$ 62 bilhões, e a JBS – a empresa brasileira listou sua dívida na SEC, a comissão de valores mobiliários americana –, em conjunto com a Pilgrim’s Pride, está em quinto lugar no ranking (participação de 5,7%), depois de ABInBev, PepsiCo, Coca-Cola e Kraft Heinz.
Se tudo der certo, diz Cavalcanti, a dupla listagem deverá ser concluída até o fim deste ano, e haverá ganhos nítidos de liquidez, dadas as diferenças abissais entre os mercados brasileiro e americano. A continuidade do processo depende, porém, da aprovação, em assembleia, da maioria dos acionistas minoritários da JBS. Os controladores não poderão votar.
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