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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta segunda-feira (10), que o Brasil viveu uma “década trágica” de 2013 a 2022 e que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa trabalhar para estabilizar a economia e colocá-la em rota de crescimento.
“Nós não podemos continuar crescendo 1% ao ano em média, que é o que acontece no Brasil há uma década. Desde 2013 até 2022, foram 10 anos de baixíssimo crescimento”, disse.
“Foi uma década trágica na história brasileira. Foram anos que vão marcar nossa história e ensejar muitas teses, muito estudo de historiadores, sociólogos, cientistas políticos e economistas para saber o que de fato aconteceu. Espero que essa década tenha ficado para trás e que 2023 inaugure um novo ciclo”, prosseguiu.
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Em entrevista ao podcast O Assunto, do portal de notícias g1, o ministro afirmou, no entanto, que acredita que a “grande marca” do terceiro mandato de Lula à frente do Palácio do Planalto será a condução de um robusto plano socioambiental, focado em transição energética e suas potencialidades para a economia brasileira.
Na conversa, Haddad defendeu que o atual governo tem a perspectiva de inaugurar um “novo ciclo de desenvolvimento no país”, focado em suas vantagens competitivas e nos desafios sociais e ambientais impostos pela atual conjuntura.
O ministro contou que apresentou a Lula, na última sexta-feira (7), um Plano de Transição Ecológica. O programa foi gestado no Ministério da Fazenda, mas, segundo ele, já houve conversas iniciais com outras pastas, como o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, comandado por Marina Silva (Rede); do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, liderado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB); e do Ministério de Minas e Energia, capitaneado por Alexandre Silveira (PSD).
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“Nos bastidores do Ministério da Fazenda, tinha uma estrutura que estava trabalhando em silêncio para mapear todas as oportunidades que o Brasil tem com vantagens competitivas em relação ao mundo para modernizar a nossa infraestrutura produtiva. Isso vale para infraestrutura, para geração de energia limpa, para a atração de investimentos estrangeiros que querem produzir produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil”, afirmou.
Segundo Haddad, o plano, que ainda precisa ser validado por Lula, conta com mais de 100 ações a serem implementadas ao longo dos 4 anos de mandato. Entre as medidas consideradas estão a aprovação de legislação que regulamente o mercado de crédito de carbono, a própria implementação de um Imposto Seletivo (IS) ‒ previsto na reforma tributária para incidir sobre bens e serviços nocivos à saúde ou ao meio ambiente ‒ até a exploração de terras raras e a criação de uma infraestrutura legal que desburocratize investimentos verdes.
“É um mapeamento muito amplo das oportunidades”, explicou o ministro, que disse ter visto os “olhos do presidente brilharem” com o plano. “É um conjunto de oportunidades que pode alavancar muito a economia brasileira”, pontuou.
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Segundo o ministro, o plano contará sobretudo com investimentos privados e parcerias com o setor público. “E [o objetivo] é criar uma infraestrutura jurídica e um ambiente de negócios propício ao investimento verde”, frisou.
“Na minha opinião, se tudo se desdobrar como eu espero, a partir da reunião de sexta-feira, penso que a questão socioambiental vai ser a grande marca do governo. Obviamente que é uma decisão que cabe ao presidente tomar, mas senti da parte dele um entusiasmo muito grande”, afirmou.