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Embora o cenário mais construtivo tenha aumentado o otimismo com a renda variável brasileira, a renda fixa está atrativa e os riscos envolvendo preocupações fiscais e as perspectivas de crédito do país parecem ter se “dissipado”, ou ao menos “diminuído” com a tramitação do arcabouço fiscal e com a melhora da classificação de risco de crédito soberana. A avaliação é da equipe de renda fixa da XP.
Em apresentação feita a jornalistas nesta quarta-feira (5) sobre o relatório com as sugestões de alocações para os próximos meses, os especialistas da casa destacaram que o mercado de crédito privado passou a indicar menor aversão a risco de maneira gradual, com queda nos spreads em cerca de 30 pontos-base no último mês.
Apesar de ser possível encontrar um leve movimento de abertura nos spreads de alguns papéis ligados ao varejo, a head de renda fixa da XP, Camilla Dolle, disse que eventuais marcações mais desfavoráveis são movimentos mais “pontuais” do mercado e que não devem ter o mesmo impacto que o registrado no começo do ano com Americanas e Light.
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“O que vimos no começo do ano foi uma remarcação generalizada e que machucou muito os fundos high grade [menor retorno e menor risco]. Isso gerou uma bola de neve”, pontuou a especialista em renda fixa.
Segundo ela, empresas de varejo e de outros setores mais sensíveis a juros são impactadas em um cenário de Selic mais elevado. “Pode ser que tenha abertura de spread por causa de um setor ou de nome”, diz. Porém, ela destaca que a tendência é de uma volta gradual à normalidade dos spreads e uma melhora do mercado de crédito.
Mesmo assim, a casa prefere ter cautela e recomendar títulos de empresas com boa qualidade de crédito, preferencialmente de prazos não muito longos – até cerca de cinco anos.
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Títulos públicos e emissões bancárias – com atenção ao emissor e ao volume máximo de cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) também devem estar na carteira sugerida pela XP.
Já em termos de indexadores, os especialistas da corretora ponderaram que a preferência tem sido por prefixados, diante da melhora na percepção de risco e na expectativa de proximidade de corte na taxa básica de juros. O detalhe está nos prazos, ao privilegiar vencimentos até 2026.
A equipe de análise da XP reforçou que a predileção por prefixados é porque, nos últimos três períodos de estabilidade da Selic antecedentes a um ciclo de queda em 2011, 2015 e 2018, os investidores que fizeram aportes em títulos com retorno “travado” na hora da aplicação em algum desses anos, sem resgatar, tiveram rentabilidade maior que 150% do CDI após dois anos, em média. Os dados levam em conta a marcação a mercado dos papéis. .
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Pós-fixados também seguem uma boa opção. A sugestão vale tanto para títulos atrelados ao CDI ou à Selic quanto para papéis indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No caso dos títulos indexados à inflação, os especialistas observam que a preferência é por produtos de médio a longo prazos. Os profissionais lembram que a vantagem de tais produtos é eles são capazes de fornecer uma proteção contra a inflação, que deve permanecer acima da meta do Banco Central.
Renda fixa internacional
Já no quesito renda fixa internacional, os profissionais afirmaram que os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) seguem em alta, principalmente nos vencimentos mais curtos, de até dois anos.
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Nesse sentido, a equipe de análise da XP defende que isso tem impulsionado um aumento no número de oportunidades para investimentos em títulos públicos e privados sem necessidade de alongar demasiadamente os prazos.
Multimercados
Outro mercado que pode ser beneficiado no próximo semestre é o de multimercados. Segundo os especialistas, os gestores têm optado por aumentar o risco das carteiras e há uma predileção por algumas posições como: vendidos (apostando na desvalorização) do dólar frente ao real.
Diante do maior otimismo com os ativos locais, a XP também observou que várias casas reduziram ou zeraram as posições vendidas (que se beneficiam da queda) da Bolsa brasileira – por meio de uma alocação neutra ou levemente comprada (apostando na alta).
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“A recente melhora de desempenho na Bolsa brasileira e de ativos de risco locais foi mais bem capturada pela parcela de fundos sistemáticos e quantitativos, além de long short da carteira”, destacaram os especialistas. Nesse sentido, a corretora diz que gosta de ambos os produtos como diversificação das carteiras, mas que segue privilegiando gestores com estratégia mais macro.
Já na parte internacional, as posições mais comuns estão em alocações tomadas (que se beneficiam da alta) dos juros americanos com prazo de dois anos, ao mesmo tempo em que há uma exposição aplicada (que se beneficia da queda) dos juros americanos de dez anos. Em comum, há ainda uma exposição vendida em Bolsa americana e uma posição comprada em ouro.