Criptomoedas por menos de R$ 1: veja 4 que ainda estão baratas e podem valorizar em 2023

Há pelo menos 21 tokens no mercado que custam menos do que R$ 1; veja quais são as apostas dos especialistas

Lucas Gabriel Marins

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Apesar de criptomoedas poderem ser compradas em frações, o preço cheio de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), as duas principais do mercado, assustam alguns investidores – afinal, é preciso desembolsar R$ 147 mil e R$ 9.258, respectivamente, para comprar uma unidade de cada uma delas pela cotação atual.

No mercado, porém, não faltam opções: a cada 24 horas, mil novas criptomoedas são lançadas no mercado, de modo que há pelos menos 21 tokens atualmente que custam menos do que R$ 1, segundo dados do agregador CoinMarketCap.

Um “mantra” do mercado cripto é analisar com cuidado um ativo digital e a equipe por trás dele para não alocar patrimônio em furadas. Separar o joio do trigo, entretanto, não é tarefa fácil: é preciso conhecer os projetos para entender quais têm boas chances de valorizar, e quais trazem o risco de serem as famosas shitcoins, termo que se refere a ativos digitais sem fundamento.

Abaixo, especialistas consultados pela reportagem apostam em moedas que podem ser consideradas boas promessas para os próximos meses — e que ainda custam menos que um cafezinho.

Chiliz (CHZ)

O CHZ é o token nativo da Chiliz, precursora dos fan tokens. Uma unidade inteira do ativo digital custa R$ 0,38. Juntamente com o aplicativo de recompensas e engajamento de torcedores da empresa, o Socios.com, o projeto cripto faz a gestão de vários tokens de times nacionais e internacionais, como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Barcelona, PSG, entre outros.

Embora o CHZ tenha passado por uma desvalorização de cerca de 30% neste primeiro semestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior, a rede manteve o desenvolvimento e apresentou ações que podem catalisar seu crescimento no futuro, segundo o diretor de análises e investimentos da Viden VC, João Kamradt.

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“Somente em 2023, a Chiliz lançou oficialmente a Chiliz Chain, uma blockchain compatível com Ethereum Virtual Machine (plataforma de desenvolvimento do Ethereum), que deve capturar o valor de todo o ecossistema de fan tokens anteriormente estruturado no Ethereum. Além disso, introduziu mecanismos nativos de staking (processo de renda passiva) e lançou o Chiliz Labs, um programa de incubação e aceleração de startups voltadas para seu ecossistema”, falou.

Radix (XRD)

Outra aposta de Kamradt é o XRD, do Radix, um protocolo focado em aplicativos descentralizadas (dApps, na sigla em inglês) que visa melhorar o setor de finanças descentralizadas (DeFi) .

Ao longo do primeiro primeiro semestre, o ativo digital, que custa R$ 0,30, deu um salto de 58%, mas ainda tem espaço para crescer, disse ele. “O XRD tem uma oferta limitada de 24 bilhões de unidades e que pode ter uma demanda crescente conforme o ecossistema se expande e atrai mais usuários e desenvolvedores.”

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Atualmente, lembrou Kamradt, a comunidade do projeto cripto está aguardando uma atualização prevista para ocorrer setembro de 2023, que também pode ajudar no preço. Essa mudança vai adicionar a capacidade de desenvolver e usar smart contracts (contratos inteligentes) baseados em uma linguagem de programação chamada Scrypto, além de trazer outras mudanças importantes, como novos modelos de transações e novas carteiras cripto DeFi.

Cortex (CTXC)

Outro token abaixo de R$ 1 é o Cortex (CTXC), que custa R$ 0,80. Em resumo, é um projeto cripto construído na rede Ethereum que anda lado a lado com a narrativa de inteligência artificial (IA).

O protocolo permite que os usuários comprem modelos de IA para incorporá-los em seus contratos inteligentes, o que pode ampliar as funcionalidades e possibilidades dos contratos inteligentes existentes na rede, disse Kamradt.

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“Em seu modelo de negócio, os desenvolvedores podem criar seus próprios algoritmos de IA com o Cortex e depois vendê-los em troca de tokens CTXC. À medida que o valor do token CTXC aumenta, mais desenvolvedores são incentivados a ingressar no Cortex e criar uma gama ainda mais diversificada de modelos de IA para dApps”.

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TrueFi (TRU)

A aposta de Fábio Matos, sócio da CoinLivre, um marketplace de ativos tokenizados, é na TRU, da TrueFi, uma plataforma DeFi que permite gerenciamento de capitais e empréstimos. Cada unidade de TRU vale R$ 0,20.  No primeiro semestre, o token acumula perdas de 48%, que podem ser revertidas nos próximos meses, aposta o especialista.

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“Eu acredito que esse protocolo tem grande assimetria e upside (potencial de alta), pois é um projeto de Real Word Asset (RWA, ou ativo do mundo real tokenizado), e o mercado e os analistas têm olhado muito para a tokenização de ativos do mundo real. A projeção do JPMorgan é que, em 5 anos, 10% do PIB mundial será tokenizado”, disse.

Matos falou que, em 2023, o mercado cripto tem poucas chances de “altas infinitas” por causa do cenário econômico dos Estados Unidos. “É um ano, portanto, com excelente oportunidade de ir comprando aos poucos, fazendo uma acumulação dos ativos com excelentes chances de multiplicar o valor aportado”.

Estratégia faz sentido?

Apesar da atratividade de criptomoedas baratas, por menos de R$ 1, nem todo mundo vê com bons olhos a estratégia de comprar criptos pelo preço baixo.

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O head de research Cripto da TC Pandhora, Paulo Boghosian, defende que o investidor precisa olhar para a capitalização de mercado de um ativo – o preço multiplicado pela sua oferta de moedas – na hora da compra, e não necessariamente para o preço em si.

“Um criptoativo que custa um centavo e tem uma oferta de um trilhão de moedas é muito mais caro do que um criptoativo que custa 10 dólares e possui uma oferta de mil moedas”.

O Bitcoin, por exemplo, tem uma capitalização de US$ 598 bilhões e sua oferta atual é de 19 milhões. Existem tokens, no entanto, que têm oferta infinita.

“Frequentemente surgem criptoativos com preços na casa dos centavos justamente para passar essa impressão de ser barato, principalmente dentre as memecoins“, explica.

Segundo Boghosian, esses criptoativos estão, intencionalmente ou não, se aproveitando de um viés cognitivo do ser humano chamado de unit bias. “Um investidor, ao ver um número baixo, tem a impressão de que se trata de um ativo barato”.