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O primeiro semestre se encaminha para o final, sendo marcado até então por um cenário positivo para os ativos de risco brasileiros e com forte valorização do real. O dólar comercial caminha para fechar a primeira etapa do ano na casa dos R$ 4,80, com queda de cerca de 8% no período.
Analistas têm revisado suas previsões de olho nos próximos meses e no fim do ano, com mais visões de que a divisa americana não deve voltar aos R$ 5, ou que ao menos esse movimento não será sustentável. Isso mesmo com a queda dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil endereçada para o segundo semestre, que a princípio reduziria a atratividade do conhecido “carry trade”. O “carry trade” é uma estratégia que consiste na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo (iene japonês, por exemplo) e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha a diferença de taxas.
O Credit Suisse, porém, destacou que segue vendo o real como atrativo por seu alto carry trade (mesmo com a queda de juros, o diferencial entre as taxas seguirá alto) e contas externas saudáveis, reduzindo a projeção para o dólar para o terceiro trimestre de R$ 5 para R$ 4,70 (com um intervalo entre R$ 4,58 e R$ 5,15). Contudo, pelo fato da moeda ser vista como uma “compra consensual”, existe um risco de correção no curto prazo, com operadores embolsando lucros.
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O banco destaca que o real superou as expectativas no segundo trimestre, visto que houve uma redução das preocupações com o risco político, especialmente em torno de possíveis mudanças na meta de inflação, permitindo que os mercados se concentrassem no carry trade atraente e na balança de pagamentos sólida.
“Dito isso, mesmo em um cenário de corte de juros mais rápido, o colchão de carry trade permaneceria substancial e atraente, e eventuais ralis do dólar em relação ao real provavelmente serão de duração curta”, avalia.
Também nesta quinta, o Bank of America destacou as suas projeções para a moeda brasileira, mas para até o fim de 2023, com uma visão “neutra” para a moeda brasileira, projetando o dólar a R$ 4,90 até o fim de 2023.
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“O fluxo de notícias continua amplamente favorável. Depois de aprovado no Senado, o arcabouço fiscal retornará à Câmara dos Deputados para votação final. Acreditamos que provavelmente não haverá mudanças materiais na meta de inflação esta semana, e as discussões sobre a reforma tributária começam agora a ganhar espaço. Esperamos que o real permaneça resiliente, uma vez que desenvolvimentos macroeconômicos positivos podem compensar os cortes de juros no curto a médio prazo”, aponta a equipe de estratégia para América Latina do banco.
Em relação à meta de inflação, a ser decidida nesta quinta, as tensões entre governo e o Banco Central diminuíram substancialmente, aponta o banco americano.
“A nosso ver, o cenário mais provável agora é não ter mudanças relevantes na meta de inflação na reunião do Conselho Monetário Nacional, onde será fixada a meta de inflação para 2026. Condicionada a não haver mudanças à meta, esperamos alguma redução adicional nos prêmios de risco. Ao mesmo tempo, esta pode ser a última condição necessária para que o BC corte as taxas, o que equilibra os riscos”, complementa.
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A expectativa majoritária do mercado é de mudança do regime de metas do ano-calendário para contínua, mas com a manutenção do alvo a ser perseguido pelo Banco Central em 3,0%, o que tem se traduzido em redução das expectativas de IPCA de longo prazo.
Na frente de política monetária, a inflação tem ficado abaixo do esperado, o que reforça o case de cortes de juros já em agosto, na visão do BofA. Para os estrategistas do banco, este pode ser um fator para a queda do real por diminuir a atratividade do carry trade, mas no curto prazo alguns outros fatores que reduzam a incerteza pode ajudar a superar esses riscos.