Publicidade
Queda da inflação e estabilidade dos juros nos Estados Unidos compõem o cenário econômico para o segundo semestre de 2023 – e como isso deverá resultar no enfraquecimento do dólar frente a outras moedas internacionais, algumas oportunidades de investimentos internacionais menos óbvias devem surgir, dizem os analistas da corretora global OctaFX.
Em relatório, eles afirmam que os últimos dados de inflação ao consumidor indicam que o choque inflacionário vivenciado no início de 2021 diminuiu e a inflação dos EUA e global está em declínio no momento.
“Nos próximos seis meses, investidores devem considerar a queda na inflação e estabilidade nos juros, o que provavelmente enfraquecerá o dólar”, diz Kar Yong Ang, analista de mercado financeiro da OctaFX.
Mas não é um movimento para o início do semestre. Em julho e agosto ainda são esperadas duas elevações nos juros dos Estados Unidos, somando um aumento de 0,50 ponto percentual na faixa atual, de 5% a 5,25% ao ano. Nesta semana, Jerome Powell, presidente do Fed (banco central americano), também afirmou que não vê corte de juros no país em “nenhum período próximo”.
Porém, para Ang, a interrupção de aumentos neste mês sugere o início de um novo ciclo, com oportunidades de investimentos em ativos que se beneficiam desta mudança na política monetária americana.
Oportunidades lá fora: iene?
Uma das oportunidades de investimento em câmbio, na visão da OctaFX, está no iene japonês. Diferentemente do resto do mundo, o Japão manteve a política monetária expansionista nos últimos meses, ou seja, investimentos na economia e juros básicos baixos. A inflação no país atingiu os níveis mais altos em quarenta anos.
Continua depois da publicidade
O cenário que se desenha é de que essa inflação poderá aumentar nos próximos meses. Há um movimento no país que pressiona por aumentos significativos de salário por causa da inflação que corroeu o poder de compra dos consumidores.
Em maio, a inflação ao consumidor no Japão foi de 3,2%, abaixo do pico observado em janeiro, de 4,3%. Entretanto, o núcleo, que desconsidera energia, continua forte, com 4,3% de aumento na base anual. Essa inflação considerada subjacente continua ganhando força e é a mais alta desde 1981.
Com isso, a expectativa dos analistas é de que em algum momento o Banco do Japão terá que reverter sua política monetária e aumentar os juros, com impacto direto na valorização do iene.
Continua depois da publicidade
O ETF Invesco CurrencyShares Japanese Yen Trust (FXY), que acompanha a variação no preço do iene, é negociado na bolsa americana. Com os aumentos sucessivos nos juros dos EUA nos últimos meses, ele acumula 5,5% de perdas em um ano.
Chance de ganho no euro
Outra moeda que é vista como oportunidade é o euro. Enquanto os Estados Unidos estão em vias de estabilizar o seu aumento dos juros, na Europa não se tem um vislumbre de quando a estabilidade chegará.
No último dia 15, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a autoridade monetária não cogita interromper o aumento dos juros no curto prazo. Segundo ela, também não se sabe qual será a taxa final do fim do ciclo: “Saberemos quando chegarmos lá”, disse Lagarde em coletiva de imprensa.
Continua depois da publicidade
Mais aumentos tendem a favorecer o rali entre dólar e euro nos próximos meses, caso o Fed mantenha a decisão pela estabilidade dos juros nos Estados Unidos após dois novos aumentos.
Neste ano, ambas as moedas passam por ralis acirrados. Até 22 de junho, o euro tinha a vantagem, com uma valorização de 1,7% frente ao dólar. Para se expor à moeda, os analistas indicam comprar títulos dos países da zona do euro ou fundos com exposição ao euro.
Assim como o iene, o ETF Invesco CurrencyShares Euro Trust (FXE) acompanha a moeda europeia. Em um ano, o fundo registra uma valorização de 3,28%. Ele também pode ser negociado na Bolsa de Nova York.
Continua depois da publicidade
Títulos corporativos e governamentais
Os cenários esperados para iene e euro envolvem o aumento de juros nos respectivos países. Ang, da OctaFX, também destaca os títulos de renda fixa como uma oportunidade de rendimento enquanto os países ainda vivem ciclos de aumentos e de estabilidade em taxas altas.
Segundo ele, os melhores retornos estão em títulos de curto prazo, tanto em mercados desenvolvidos quanto em mercados emergentes. “As taxas atuais não estarão disponíveis nos próximos 2 a 4 anos. A oportunidade está na janela atual”, diz.
Na sexta-feira (23), os títulos do Tesouro Americano com as melhores taxas eram os de dois e três anos, com juros de 4,75% e 4,33% ao ano, respectivamente. No Reino Unido, os títulos de dois anos tinham taxa de 5,18%, enquanto na Espanha o retorno de dois anos era de 3,38%.
Já nos países emergentes, os títulos de três anos do México tinham taxas de 10,47%, na Colômbia, os títulos de dois anos pagavam 10,81% e no Chile os juros eram de 7,92% para o mesmo período.