Vale (VALE3): Morgan mantém compra em meio à queda das ações no ano, com valuation atrativo e tese de dividendos

Ações da mineradora são negociadas com desconto e também devem render mais dividendos na comparação com outras grandes do setor

Felipe Moreira

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Apesar de não acreditar que um rali de ações de mineração globais seja sustentável, devido ao fraco crescimento global, um dólar americano mais forte e um valuation justa, o Morgan Stanley mantém recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (American Depositary Receipts, ou recibo de ações) da mineradora Vale (VALE3), graças às políticas favoráveis ​​esperadas para o setor imobiliário da China.

O preço-alvo, por sua vez, acabou caindo de US$ 18 para US$ 17, mas ainda um potencial de valorização de 21,6% em relação ao fechamento da véspera. Cabe destacar que as ações VALE3, negociadas na B3, acumulam a quinta maior queda do Ibovespa no acumulado de 2023, com baixa de 23,04% até a sessão da véspera.

“Estamos mantendo taticamente nossa classificação overweight na Vale, pois vemos as ações se beneficiando do impulso positivo nos preços do minério de ferro, impulsionados pela flexibilização iminente da política habitacional e pelo estímulo à infraestrutura na China. Com um múltiplo de 7,5 vezes o lucro por ação esperado para 2024, a Vale é o nome mais barato entre os 4 grandes produtores de minério de ferro e oferece o maior dividend yield (valor do dividendo em relação ao preço da ação) esperado do grupo no próximo ano”, apontam os analistas.

Segundo relatório, a perspectiva de crescimento global continua desafiadora e terá impacto na demanda por commodities e nas ações de mineração.

Por outro lado, a equipe de research do banco acredita que a recuperação liderada pelos serviços na China ainda está em andamento, com iminente flexibilização das políticas habitacionais e de infraestrutura, o que sustentará uma retomada no crescimento após a desaceleração da atividade industrial no 2º trimestre de 2023.

O Morgan Stanley projeta um crescimento anualizado da China de 6% no 2º semestre de 2023, 5,7% ao ano em 2023 e 4,9% ao ano em 2024.

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Com relação à Vale, o time de análise do banco acredita que a resolução do acordo de compensação de Mariana e medidas adicionais para desbloquear o valor da unidade de metais básicos terão um efeito positivo.

Já em termos de avaliação, analistas destacam que as ações da Vale são negociadas com desconto em relação à média dos últimos 5 anos pré-Brumadinho de 10,7 vezes em relação ao lucro estimado para 2023, e analistas acreditam que as melhorias nos padrões de ESG desde 2019 justificam uma reavaliação múltipla.

Por fim, o Morgan Stanley projeta que a Vale distribuirá o excesso de caixa aos acionistas por meio de dividendos, apesar das previsões de preços mais baixos para o minério de ferro e dos pagamentos pelos acidentes de Brumadinho/Mariana.

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Já para as ações da CSN Mineração (CMIN3), a recomendação segue equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra), com o preço-alvo tendo uma leve elevação de R$ 5 para R$ 5,10, o que corresponde a um potencial de valorização de 16,4% frente o fechamento da véspera.

“Estamos neutros com a ação, apesar da alta em relação ao nosso preço-alvo, devido à incerteza quanto à entrega da expansão de capacidade planejada. A ação está sendo negociada em níveis atrativos, mas acreditamos que os possíveis atrasos de seu plano de crescimento de capacidade impedirão uma reavaliação de múltiplos”, apontam.