BCE não está pensando em pausa no aperto monetário, diz Lagarde

Presidente do Banco Central Europeu disse que processo de aperto não chegou ao fim e que ainda há um "caminho a ser coberto"

Estadão Conteúdo

Christine Lagarde, presidente do BCE
Christine Lagarde, presidente do BCE

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira (15) que a instituição não está considerando a possibilidade de uma pausa no ciclo de aperto monetário iniciado em meados do ano passado, a exemplo do que decidiu ontem o Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Em coletiva de imprensa após anunciar uma nova alta de juros, de 25 pontos-base, Lagarde disse que o BCE ainda não chegou ao fim de sua jornada é que há “caminho a ser coberto” no processo de aperto.

Segundo Lagarde, se o cenário atual se mantiver, as chances são grandes de que o BCE eleve juros mais uma vez na reunião de julho. “A menos que ocorram mudanças substanciais no quadro, continuaremos elevando juros”, disse.

Ela afirmou ainda que não quer discutir sobre a taxa final dos juros. “Quando chegarmos lá, saberemos”, afirmou, acrescentando que o BCE busca cumprir sua meta de inflação de 2%, e não chegar a uma taxa final específica.

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Lagarde comentou também que há atrasos na transmissão da política monetária, mas que seus efeitos são visíveis.

Consenso

Sobre a reunião desta quinta-feira, Lagarde disse que houve um consenso “muito, muito grande”. A presidente do BCE destacou que a decisão da instituição reflete as revisões em projeções econômicas para o crescimento e a inflação assim como a expectativa de transmissão da política monetária.

Na linha do comunicado do BCE, Lagarde avaliou que a inflação na zona do euro tem desacelerado, mas a projeção é de que permaneça “muito alta por muito tempo”, e reafirmou que a política monetária ficará restritiva pelo tempo que for necessário para que a inflação volte à meta oficial de 2%.

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Ela reiterou que as altas anteriores de juros ainda estão sendo gradualmente transmitidas para a economia.

Lagarde disse também que a economia do bloco se estagnou nos últimos meses e deve seguir fraca no curto prazo, mas deverá ganhar fôlego mais adiante. Destacou ainda que o mercado de trabalho da zona do euro está forte e que o setor de serviços continua firme, enquanto a indústria vem mostrando fraqueza.

Salários e inflação

A presidente do BCE afirmou ainda que, pelos parâmetros atuais, não é satisfatório que a inflação ainda esteja em 2,2% em 2025, como é projetado.

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Ela também comentou que o aumento dos custos de mão de obra ajudou a impulsionar as previsões de inflação para a zona do euro. Segundo ela, o custo unitário do trabalho foi responsável em grande parte pela revisão para cima do núcleo da inflação.

Lagarde disse que o BCE não está vendo efeitos secundários ou espiral de alta de preços provocada por salários. Ponderou também que “quanto mais cedo o BCE chegar à meta de inflação, melhor”, mas que é “preciso ser realista”. “Temos de ter postura mensurada, diante dos efeitos da política, mas com persistência”, acrescentou.

Segundo a presidente do BCE,  um impacto maior do que o previsto do aperto da política monetária também pode pesar no Produto Interno Bruto (PIB) da região. Por outro lado, Lagarde ponderou que o PIB poderá avançar mais do que o esperado se houver mais confiança na zona do euro.

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Sobre preços, Lagarde ressaltou que a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro teve nova desaceleração em maio, a 6,1%, com recuo disseminado dos custos.

Ela apontou também que a inflação de alimentos diminuiu, embora tenha permanecido em nível elevado, e que a inflação de serviços desacelerou pela primeira vez em vários meses. Lagarde repetiu ainda que aumentos salariais recentes em vários países do bloco são mais um risco de alta à inflação.