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O Brasil é o sétimo país com o maior tempo de espera para se obter o visto de turista para viajar aos Estados Unidos, aponta levantamento realizado pela AG Immigration, escritório especializado em advocacia migratória sediado em Washington.
No mundo inteiro, apenas 6 países têm espera maior atualmente (Colômbia, Haiti, México, Nepal, Canadá e Emirados Árabes), segundo o ranking produzido com base em dados do Departamento de Estado americano.
A fila de espera bateu recorde em 4 das 5 cidades brasileiras onde o documento pode ser solicitado, e o maior tempo ocorre em São Paulo. São mais de 20 meses, pois quem fizer seu agendamento hoje na capital paulista só conseguirá data para daqui a 615 dias.
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Na sequência aparecem Porto Alegre (507 dias), Brasília (493), Rio de Janeiro (478) e Recife (449). A AG Immigration diz que apenas a capital carioca já teve fila mais demorada e que todas as outras filas são recorde.
A embaixada dos EUA no Brasil reconhece o problema e diz estar “trabalhando para aumentar a disponibilidade de agendamentos”. Afirma também que está contratando novos funcionários e que os que já trabalham na embaixada e nos consulados estão fazendo horas extras.
Mas pondera que o Brasil “foi o segundo país com maior processamento de vistos do mundo em 2022”. “Atualmente, entrevistamos em média mais de 6 mil pedidos de visto por dia e, em 2023, projetamos ultrapassar 1 milhão de vistos processados” (veja mais abaixo).
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Como pedir visto para os EUA
O primeiro passo para obter o documento é preencher um formulário on-line e pagar uma taxa de US$ 160. Mas atenção: esse preço vai subir na próxima semana, a partir do dia 17, e com isso o visto de turismo (B1/B2) passará de US$ 160 (menos de R$ 800) para US$ 185 (mais de R$ 900).
Em seguida, é preciso fazer o agendamento para a entrevista na embaixada em Brasília ou nos quatro consulados (localizados em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Recife e em Porto Alegre).
Vistos de turismo e de negócio respondem por mais de 90% de todos os pedidos no Brasil. Não é permitido trabalhar ou estudar no país com o visto de turismo (exceto cursos de baixa carga horária). No caso de vistos para estudo ou trabalho, o processo geralmente é mais rápido.
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O visto de turismo tem validade de dez anos, podendo ser usado para mais de uma viagem aos EUA (dentro do período de vigência). O tempo de permanência em cada viagem, no entanto, é definido pela equipe de imigração no desembarque nos EUA (esse tempo é geralmente inferior a seis meses).
Impacto da pandemia
A emissão de vistos ficou restrita entre maio de 2020 e novembro de 2021 devido à pandemia de Covid-19. Os atendimentos priorizaram pessoas em situação de emergência, como as que iam para funerais de familiares ou para tratamento médico, além dos vistos estudantis.
Desde que os pedidos voltaram a ser analisados de forma geral, a demanda tem sido crescente. A embaixada dos EUA no Brasil reconhece o problema e diz que o tempo de espera para solicitar o visto de turista pela primeira vez está “maior do que gostaríamos, ainda em função da demanda gerada pela pandemia”.
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“Estamos trabalhando para aumentar a disponibilidade de agendamentos. Contratamos novos funcionários, estamos fazendo horas extras e ampliamos o período para renovação de visto com isenção de entrevista de 12 para 48 meses”, afirma a embaixada americana em nota.
A embaixada diz esperar resultados positivos até as férias de julho, mas destaca a alta demanda local. “O Brasil foi o segundo país com maior processamento de vistos do mundo em 2022. Atualmente, entrevistamos em média mais de 6 mil pedidos de visto por dia e, em 2023, projetamos ultrapassar 1 milhão de vistos processados”.
“Recomendamos que as pessoas planejem suas viagens com antecedência e que cada solicitante verifique no nosso site se é elegível para renovação de visto sem necessidade de entrevista, o que é um processo bem mais rápido”, afirma a embaixada americana.
Recorde de vistos para brasileiros
O levantamento da AG Immigration aponta também crescimento recorde na emissão de vistos. Foram 106 mil em março no Brasil, o maior volume já registrado pelo escritório (contra 85 mil em abril, que foi o segundo maior volume da série histórica).
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Segundo o escritório escritório de advocacia migratória, a situação mostra o forte desejo dos brasileiros em viajar para os EUA, o que é um desafio para a embaixada americana (porque a demora prejudica o intercâmbio turístico), e o impacto já é sentido em destinos como a Flórida, que tem o Brasil como um dos três países que mais enviam viajantes.
Há cerca de seis meses, a US Travel Association (que representa mais de mil organizações e empresas da indústria de viagens dos EUA) lançou o portal USVisaDelays, para reunir histórias de viajantes estrangeiros e empresários americano sobre o custo pessoal dos tempos de espera.
Um dos relatos é da brasileira Flávia Pereira. “Estamos tentando obter um visto de turista. Iniciamos o processo em maio de 2022 e só conseguimos entrevista no consulado de São Paulo em março de 2024 porque somos quatro. Queremos levar nossos dois filhos para a Disneyworld”.
Críticas ao governo americano
Ao lançar o portal, a US Travel Association cobrou do governo americano que reconheça os impactos econômicos da situação e adote medidas para reduzir o tempo de espera. “Não podemos nos dar ao luxo de dissuadir viajantes e afastar atividades econômicas críticas”.
Em maio, o presidente da US Travel Association, Geoff Freeman, manifestou sua preocupação durante o IPW 2023, feira anual da indústria de viagens organizada pela entidade. “Os tempos de espera são inaceitáveis. Ninguém em sã consciência vai aguardar esse tempo para vir aos EUA quando há muitos outros mercados ao redor do mundo que estão competindo por esses viajantes”, afirmou à CNN.
(Com Agência Brasil)